Depois de me ter envolvido em violentas polémicas (ver aqui, aqui e aqui) em defesa das Conversas do Trindade e da Aula Magna (ver desta última a descrição aqui), em que participaram Manuel Alegre, o Bloco e outros movimentos de esquerda, com alguma relevância no primeiro encontro para a Renovação Comunista, escrevi um texto muito crítico sobre aquilo a que eu chamava a novela Manuel Alegre. Assim, a 14 de Março deste ano escrevi: “Sem saber como é que tudo isto irá acabar, parece-me, e espero que me engane, que findará numa coligação eleitoral um pouco original entre Alegre e o PS, em que este garante uns lugares na Assembleia e até, provavelmente, no Governo, como neste momento já tem a Ministra da Saúde, Ana Jorge, e acaba tudo com Manuel Alegre e Sócrates nos comícios eleitorais a darem vivas ao PS. Espero que este pesadelo não se concretize e que haja um pouco mais de dignidade na política.Estamos todos cá para ver, é o meu desejo.”
De facto estive cá para ver e ainda bem, mas o pesadelo que eu anunciava em Março, depois de muitas peripécias, que eu relatei aqui, aqui e aqui, confirma-se, não nos moldes por mim descritos, mas sob a forma de um Comício em Coimbra, em que Manuel Alegre participa ao lado de José Sócrates e de Ana Jorge. O que irá dizer e se se dará vivas ao PS de Sócrates não sei, mas a sua presença ao lado do Secretário-geral, depois de tudo o que disse e que fez, é quanto a mim lamentável. Mas esta é a crítica moral, a apreciação política vai seguir.
Faço particular referência aos artigos que escrevi ao longo de mais de um ano sobre Manuel Alegre e a sua relação um pouco atrabiliária com a outra esquerda, dado que fui seguindo com alguma atenção o seu percurso e as esperanças que em certo momento nele se depositaram. Mas, para que todos aqueles que criticaram aquelas Conversas não se fiquem a rir e a pensar que eu sou um vendedor de ilusões e que caio sempre nas que vou semeando, contra a opinião sempre avisada dos que prevêem tudo, direi que daquelas Conversas resultou, sem sombra de dúvida, um encontro entre esquerdas que não se conheciam e que não tinham o hábito de dialogar em conjunto e a possibilidade, que não foi pequena, de olhar para o Bloco, não como um partido extremista, herdeiro dos velhos “esquerdistas” dos anos 60, mas como um partido novo, que pretende para Portugal uma nova esquerda, que se apresente ao eleitorado sem os complexos e o peso do passado, contra o cinzentismo e as derivas neo-libeais da actual social-democracia portuguesa. Nesse aspecto as Conversas foram positivas.
Resta o problema central da possível candidatura de Manuel Alegre a Presidente da República. Hoje, depois de tudo o que aconteceu parece-me a mim que aquele está cada vez mais desejoso de ser o candidato da esquerda e que por isso, para além das pontes que mantém com o Bloco, quer deixar a porta aberta para que o seu partido também o apoie. Só nesse sentido se percebe estas constantes hesitações, em que umas vezes está contra outras a favor, numa carreira errática que provavelmente deixará os seus mais fiéis apoiantes em desespero, mas que permite manter uma porta aberta com o PS de Sócrates. Sem querer justificar nada, acho que só isto explicará politicamente estas suas atitudes.
E quanto ao PCP, o seu principal crítico à esquerda, na hora da verdade, quando lá chegarmos, engolirá todos os sapos e irá votar na candidatura presidencial de Manuel Alegre.
De facto estive cá para ver e ainda bem, mas o pesadelo que eu anunciava em Março, depois de muitas peripécias, que eu relatei aqui, aqui e aqui, confirma-se, não nos moldes por mim descritos, mas sob a forma de um Comício em Coimbra, em que Manuel Alegre participa ao lado de José Sócrates e de Ana Jorge. O que irá dizer e se se dará vivas ao PS de Sócrates não sei, mas a sua presença ao lado do Secretário-geral, depois de tudo o que disse e que fez, é quanto a mim lamentável. Mas esta é a crítica moral, a apreciação política vai seguir.
Faço particular referência aos artigos que escrevi ao longo de mais de um ano sobre Manuel Alegre e a sua relação um pouco atrabiliária com a outra esquerda, dado que fui seguindo com alguma atenção o seu percurso e as esperanças que em certo momento nele se depositaram. Mas, para que todos aqueles que criticaram aquelas Conversas não se fiquem a rir e a pensar que eu sou um vendedor de ilusões e que caio sempre nas que vou semeando, contra a opinião sempre avisada dos que prevêem tudo, direi que daquelas Conversas resultou, sem sombra de dúvida, um encontro entre esquerdas que não se conheciam e que não tinham o hábito de dialogar em conjunto e a possibilidade, que não foi pequena, de olhar para o Bloco, não como um partido extremista, herdeiro dos velhos “esquerdistas” dos anos 60, mas como um partido novo, que pretende para Portugal uma nova esquerda, que se apresente ao eleitorado sem os complexos e o peso do passado, contra o cinzentismo e as derivas neo-libeais da actual social-democracia portuguesa. Nesse aspecto as Conversas foram positivas.
Resta o problema central da possível candidatura de Manuel Alegre a Presidente da República. Hoje, depois de tudo o que aconteceu parece-me a mim que aquele está cada vez mais desejoso de ser o candidato da esquerda e que por isso, para além das pontes que mantém com o Bloco, quer deixar a porta aberta para que o seu partido também o apoie. Só nesse sentido se percebe estas constantes hesitações, em que umas vezes está contra outras a favor, numa carreira errática que provavelmente deixará os seus mais fiéis apoiantes em desespero, mas que permite manter uma porta aberta com o PS de Sócrates. Sem querer justificar nada, acho que só isto explicará politicamente estas suas atitudes.
E quanto ao PCP, o seu principal crítico à esquerda, na hora da verdade, quando lá chegarmos, engolirá todos os sapos e irá votar na candidatura presidencial de Manuel Alegre.
3 comentários:
-está redondamente enganado setôr- O PCP não vota em candidaturas de seja de quem for o PCP vota na sua própria candidatura a candidatura COMUNISTA Só nesta é que os comunistas votam.
-Noutros casos, os comunistas votam, não neste ou naquele, mas sim na democracia e na liberdade.
-Porque para os comunistas a defesa da liberdade e da democracia é uma das suas principais prioridades.
-Quando o meu camarada Álvaro Cunhal, criou essa metáfora foi acima de tudo para reforçar este principio- os comunistas têm de ser capazes de grandes sacrifícios para que o Povo português viva em Liberdade e a Democracia .
Viva o Glorioso Partido Comunista Português.
Operário,
Como é que se chamavam aqueles gajos lá na Grécia, que davam a volta aquilo que toda a gente estava a ver como era? Sofistas, não era?
-não sei pá. Pergunta ao setôr que ele é que é doutor em biologia e percebe disso à brava além experiência nessas coisas já que deu voltas e cambalhotas.
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