14/10/2011

As eleições na Madeira

Ainda que um pouco atrasado e sem dar continuidade à segunda parte do post sobre a Guerra Civil Espanhola, gostaria de comentar os resultados eleitorais da Madeira.

Era previsível que Alberto João levasse um tombo. Alguns acalentavam a esperança de que ele perdesse a maioria absoluta. De facto, isso não sucedeu, mas ficou abaixo dos 50%, perdeu quase 19 mil votos e desceu cerca de 16% em relação às eleições 2007. Se isso tiver consequências para ele e uma alteração na situação na Madeira, ainda bem. Mas temo, que passado este falatório eleitoral, regresse tudo à normalidade jardinista.

Falava-se da possibilidade do CDS ultrapassar o PS, mas que ultrapassasse em mais de 9 mil votos e em 6%, só num pesadelo de António José Seguro. Penso que a Madeira é ao único local do país, e refiro-me a municípios e regiões autónomas, em que o CDS é alternativa ao partido no poder. Em muitos locais do Alentejo quem fica em segundo lugar é a CDU. Não me consta que isso suceda com o CDS noutros sítios.

Depois resta a esquerda, à esquerda do PS. A CDU perde mais de 2 mil votos e 1,5% do eleitorado em relação às eleições anteriores, o Bloco de Esquerda, para minha infelicidade, desaparece do mapa. È o último partido, abaixo dos partidos fantasmas, que todos eles conseguem eleger um deputado, exceptuando o José Manuel Coelho, que nestas eleições concorria pelo PTP (Partido Trabalhista Português) (alguém conhece esta entidade política?), que não só consegue ter mais votos do que a CDU, como consegue eleger a filha, que estava em terceiro lugar na lista, porque mais nenhuma mulher tinha aceitado aquele posto.

Estes dados, que já todos conheciam, são verdades insofismáveis que já tinham sido comentadas até à exaustão.

Parece-me, no entanto, que o que há que realçar destas eleições foi o quase apagamento da esquerda, considerando o PS, um partido de centro-esquerda, também incluído. PS+CDU+BE tiveram no seu conjunto menos votos que o CDS. Isto é que é espantoso.

Cada um destes partidos terá uma explicação conjuntural para o que se passou. Eu por mim retiro a conclusão de que a esquerda não está a convencer o eleitorado de que pode ser uma alternativa para a crise. É evidente que a situação do PS é muito ambígua, ele não só não é alternativa, como é apontado como o responsável pela crise. Mas, como vimos no resultado das eleições nacionais, a esquerda à esquerda do PS não aparece também como alternativa. E é esta a desgraça nacional. Estou convencido que ninguém aceita ser espoliado do seu vencimento, mas passar da fase de aceitação passiva das desgraças que lhe estão a suceder à fase de revolta e de procura de outras soluções ainda está muito longe do pensamento comum. Há uns que apontam lá para Janeiro, quando os cortes começarem a valer. Eu, como não sou mecanicista, acredito que só quando ganharmos a consciência política das “massas espoliadas” e apresentarmos soluções em que elas acreditem é que é possível fazê-las passar da aceitação passiva à revolta organizada.

E é isto que tenho a dizer sobre as eleições na Madeira.

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