30/12/2008

Empréstimos aos Funcionários Públicos


Quando menos se esperava, Sócrates tirou da cartola esta medida e pôs-se a divulgá-la por tudo o que era sítio. A indignação foi geral. Não houve cão nem gato que não comentasse, que não dissesse que também queria, que não insultasse os funcionários públicos, que tinham uma regalia que mais ninguém tinha.
Parecia de propósito, aquilo que para o Governo de Sócrates era uma grande medida transformou-se numa decisão errada, que a generalidade dos comentários considerou injusta.
Como sucede nestas coisas que mete funcionários públicos, os comentadores, como trabalhadores independentes que são, e os bloggers, que têm sempre opinião formada sobre tudo, desconhecem a realidade, que de facto foi deliberadamente ocultada pelo Governo para tentar dar o ar de grande generosidade.
Vejamos o que se passava até há data. De um modo geral quase todos os Ministérios tinham obras sociais. Alguns, como o das Finanças, tinham uma instituição chamada Cofre. Qualquer desses serviços sempre emprestou dinheiro a funcionários em situações difíceis e, no caso do Cofre de Previdência do Ministério das Finanças e da Caixa de Previdência do Ministério da Educação até emprestavam dinheiro, a juros muitos baixos, para a compra de casa. É evidente, que nos dois casos citados, tinha-se que ser sócio, mas por uma importância pequena, que no caso da Educação funcionava como seguro de vida, tinha-se acesso a essas vantagens.
Ora o Governo, que sistematicamente tem vindo a destruir as obras sociais dos diferentes Ministérios, retirando-lhes subsídios, regalias ou até pura e simplesmente extinguindo-as, resolveu centralizar num único departamento aquilo que há muitos anos cada Ministério vinha fazendo. Decidiu, como com tudo o que faz e não faz, propagandear esta iniciativa e, em vez de dizer que tinha centralizado os serviços, passou a alardear que, a partir de agora, como se fosse uma novidade, os funcionários públicos podiam receber empréstimos.
A acrescentar a isto, é bom que se saiba que a maioria das grandes empresas deste país sempre tiveram serviços sociais que muitas vezes emprestavam dinheiro aos seus funcionários e que, mesmo nas pequenas empresas é normal, o trabalhador pedir adiantado uma parte do seu salário para acorrer a pequenos problemas.
Por tudo isto, tão demagógico é o Governo ao alardear uma coisa que já fazia, como os comentadores e bloggers ao afirmarem que os funcionários públicos são uns privilegiados.
Haja tento nesses comentários.

Posições dos Partidos e dos Sindicatos sobre o empréstimo

Este comentário é parecido com o que o PSD fez, simplesmente o que aquele partido disse é o que toda as pessoas bem informadas dizem sobre isto. Só os comentadores do Eixo do Mal e alguns bloggers mais assanhados contra a Função Pública é que desconheciam esta realidade. Num vídeo da RTP com esta notícia, temos o CDS a alinhar pela crítica de que só alguns portugueses é que beneficiam desta medida; o PCP a dizer que se deve aumentar os funcionários públicos e não dar-lhes empréstimos, o que sendo verdade, só mostra que foi mal informado pela Frente Comum, e o Bloco a desvalorizar a medida. Resta esse Secretário de Estado de opereta, que em tempos quis trucidar os trabalhadores da função pública, a afirmar que ficou “chocado” com as opiniões da oposição. Só o PSD, pela voz de Paulo Rangel, e provavelmente com a informação do Sindicato dos Quadros Técnicos (STE), que tinha já tomado posição semelhante num canal de televisão, soube do que estava a falar. No entanto, em notícias transmitidas pela TSF os Sindicatos da UGT (FESAP e STE) tomaram a mesma posição que o PCP.

29/12/2008

Um herói do nosso tempo


É hoje comum as críticas, as graçolas, ao passado revolucionário de alguns dos políticos actuais. O passado pró-chinês de Durão Barroso volta não volta regressa à ribalta. Mas, não é só o dele, são, para meu deleite, o desse xaroposo João Carlos Espada ou do actual director do Público, a personificação da bem pensância nacional.
Vem isto a propósito de, no outro dia, ter aparecido na SIC Notícias o Carvalho da Silva e João Vieira Lopes, este último em nome da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, de que é Vice-presidente, a pronunciarem-se sobre o chumbo pelo Tribunal Constitucional de um artigo do novo Código de Trabalho aprovado pela maioria PS no Parlamento. Já se sabe, Carvalho da Silva concordando com o chumbo e considerando que havia outros artigos igualmente inconstitucionais e João Vieira Lopes atacando a decisão do tribunal.
Tem sido vulgar João Vieira Lopes aparecer na televisão. Já esteve num Expresso da Meia-noite e aparece muitas vezes como porta-voz daquela associação do patronato. No entanto, não se pode dizer que seja uma figura pública conhecida e muito menos o seu passado. Refiro-me a ele unicamente porque o conheci e fui vítima, mesmo que indirecta, da sua militância política “esquerdista”.
Há tempos tinha lido um livro um pouco perturbador, por ser a confissão pública de um denunciante e da sua posterior colaboração com a PIDE, onde Vieira Lopes é amplamente citado. O livro chama-se Conquistadores de Almas e é de Pinto de Sá. Aí João Vieira Lopes aparece como responsável por uma das míriades de organizações marxistas-leninistas (M-L) que existiram nos finais dos anos 60, princípios de 70. A dele seria, segundo a informação prestada por aquele autor, o CCRM-L – Comités Comunistas Revolucionários Marxistas-Leninistas (ver aqui e também aqui, onde são citados os seus principais dirigentes, que incluía o actual ministro Mariano Gago).
Esta é de raspão a descrição da personagem pública. Mas que conheço eu do seu passado?
Como já aqui tenho referido, fui durante muitos anos dirigente do Cine-Clube Universitário de Lisboa (CCUL). Era vulgar, por causa da sua sede ser próximo do Instituto Superior Técnico e o cinema onde se realizavam as sessões ser na mesma área, que muitos dos seus colaboradores e dirigentes fossem alunos daquele Instituto. Como sempre sucedia, uma fornada de jovens alunos do Técnico apareceu nos finais dos anos 60 a oferecer-se para colaborar. João Vieira Lopes foi um deles, segundo alguns dados que recolhi pertenceu mesmo à Direcção de 1968-69. Por essa altura, já no fim da minha “longa” carreira universitária, tinha deixado de participar activamente no Cine-clube. Naquele ano lectivo, o último, entrei para a Direcção da Associação de Estudantes de Ciências. Este episódio já aqui foi relatado.
Como na preparação da lista candidata a Ciências fosse necessário fazer algumas reuniões, houve uma que inesperadamente não pôde ser feita na Associação, decidi por isso, como tinha a chave do Cine-clube, reunir lá. No dia seguinte contei isto ao Vieira Lopes. A resposta, própria de um pequeno tiranete, foi que assim me iriam tirar a chave. Ou seja, a lista era “associativa”, como então se chamava às listas progressistas, não havia qualquer perigo para a segurança do Cine-clube, mas sua excelência achava que devia exibir o seu poder.
Este episódio é um “fait-divers”, sem qualquer importância. O mais significativo é o que vem a seguir.
Provavelmente por volta de 1970 ou 71, num local que eu hoje não consigo precisar, houve uma reunião de dirigentes e colaboradores do Cine-clube em que eu estive presente. Não me lembro o que se ia discutir. Sei que a determinada altura Vieira Lopes, com ar sério, começa a falar de uma infiltração social-fascista no Cine-clube. Fiquei estarrecido. Não se estava a referir a mim, era evidente, eu era suficientemente mais velho do que os presentes para ter a pouca vergonha de me considerar um social-fascista infiltrado. Também não se referia a nenhum infiltrado da PIDE, como o termo fascista poderia deixar entender. Mas sim a dois colaboradores, também vindos do Técnico, que tinham, segundo me recordo, colaborado activamente num ciclo de cinema documental sobre a América Latina, com textos claramente de esquerda, e que para Vieira Lopes, e provavelmente a maioria dos presentes, deviam ser suspeitos de pertencer ou professar ideias próximas do PCP. Um deles, de facto, encontrei-o, depois do 25 de Abril, numa realização do PCP.
Para mim aquilo era um insulto, não podia contemporizar com afirmações daquele tipo. Protestei, como não encontrei eco, fui-me embora, nunca mais voltei ao CCUL.
Tempos depois telefonaram-me, pensei que era para me pedirem desculpa. Nada disso, era pura e simplesmente a pedirem-me a devolução de alguns livros que tinha requisitado à biblioteca. Assim se acabou uma relação de anos com o Cine-clube.
Vim a encontrar mais tarde o Vieira Lopes no assalto e destruição da Embaixada de Espanha, na rua do Salitre. Acontecimento que teve lugar nos tempos do PREC, a 27 de Setembro de 1975. Naquele dia já se antevia que a extrema-esquerda organizasse manifestações, pois tinham sido executados na véspera pelo regime de Franco cinco militantes bascos das FRAP e da ETA. Por isso, nessa noite, passei pela Avenida da Liberdade a caminho de casa, para ver o que se passava. Assisti à barafunda, ao incêndio da Embaixada e ao Vieira Lopes a comandar um bando de jovens que se preparavam para seguir para a outra dependência da Embaixada, existente na Praça de Espanha.

Aqui temos o percurso de um “revolucionário”, um herói do nosso tempo, que depois de estar “sempre, sempre ao lado dos trabalhadores” se passou, com armas e bagagens, para o lado do patronato.

"The Black Hole" ou "A ganância tem o seu preço"

Enviaram-me este pequeno vídeo, Black Hole no original, com a designação moralista "A ganância tem o seu preço". Por o achar engraçado, quero partilhá-lo com os meus leitores

22/12/2008

“O regresso a Marx” de Pacheco Pereira


Pacheco Pereira (PP), que é entre os ideólogos da nossa direita aquele que provavelmente leu Marx e consegue, sem dizer disparates, alinhar duas ideias sobre o pensamento marxista, meteu-se no último Sábado, no Público* , contras aqueles que advogam um regresso a Marx. Arranjou uma série de moinhos de vento contra quem investir e resolveu, de uma penada, dizer mal dos comentadores apressados - as “modas mediáticas” - que falam de Marx, com a ignorância com que de um modo geral falam de tudo, da “esquerda independente” que advoga esse regresso e, por tabela, do próprio pensamento marxista.
De facto, se há hoje muitos comentadores que acham que já estaríamos a caminho do socialismo, porque o capitalismo está em crise e os Estados advogam uma maior intervenção na economia dos seus países, há igualmente aqueles que consideram que nos pressuposto ideológicos dessa intervenção estaríamos a seguir as propostas de Marx. Ou seja, como o Estado intervém, como o sistema capitalista está em crise e como há ricos e pobres em luta eis que Marx teria razão e seria necessário regressar a ele. Contra estes moinhos de vento é fácil a PP traçar armas.
Por outro lado, ele tenta criar alguma confusão ao atacar igualmente aquilo que ele chama a “esquerda independente” e as “modas mediáticas”: “Se ao menos o "regresso a Marx" se traduzisse numa leitura de Marx, um dos autores fundamentais da nossa contemporaneidade, ainda valia a pena. Não é isso que se passa, mas a deterioração acentuada do pensamento da chamada "esquerda independente" e das modas mediáticas”.
Não sei o é que PP entende por “esquerda independente”, se é a de Manuel Alegre, a do Bloco de Esquerda, a dos organizadores do Congresso Marx, de todos aquele que não se revêem no “marxismo-leninismo” do PCP.
Mas falemos de coisas sérias. Gostaria de responder a Pacheco Pereira com este interessante período, contido num artigo de Flávio Aguiar, saído no site brasileiro Agência Carta Maior: “os banqueiros do mundo estão lendo Marx, tentando discernir o que aconteceu. As esquerdas estão relendo Keynes, tentando discernir o que fazer.” Ora é isto que de certo modo os nossos articulistas não percebem e que serve a Pacheco Pereira para misturar no mesmo caldeirão todos aqueles que propõem, disparatadamente ou não, um regresso a Marx.
Vamos por partes. Tudo o que PP diz sobre a intervenção e o papel do Estado, não é de facto um regresso a Marx, mas sim a Keynes. Tal como o articulista diz no artigo citado a esquerda neste momento tem que reler Keynes porque andou muito à pressa a libertar-se do “estado social”. A Terceira Via trabalhista foi isso mesmo.
Mas onde PP se engana redondamente é quando afirma, aqui achincalhando e desvirtuando o pensamento de Marx: “Na crítica ao capitalismo moderno que Marx fez no Capital e em outros textos, na sua convicção "científica" da inevitabilidade da "autodestruição" do capitalismo, formulada em "leis" a que Marx e Engels atribuíam o mesmo estatuto das leis de Newton, nenhuma se aplica à actual situação de crise económica e financeira, nem as análises, nem as soluções.” Ora é isto que os autores marxistas contestam e se os banqueiros se vêm agora obrigados a ler Marx é porque poderão encontrar nele explicações para a crise que o sistema financeiro e produtivo capitalista atravessam. Já circularam na net diversos textos de autores marxistas que, à luz de Marx, explicavam esta crise. Posso dar um exemplo, mas há vários.
É evidente que há aqui uma questão importante e é essa que, de certo modo, despertou o renovado interesse das esquerdas em Marx e o manifesto ódio das direitas a esse renascimento. Com o desaparecimento do “socialismo real” não foi só o “marxismo-leninismo” que entrou em colapso, a direita na sua ofensiva contra aqueles que ainda pensavam que o comunismo seria uma saída, depois de devidamente expurgado as excrescências estalinistas, passou a atacar também Marx como um dos responsáveis pelo Goulag soviético. Parecia pois que o marxismo estaria enterrado para sempre nos escombros do Muro de Berlim e eis que ele renasce das cinzas, capaz, mais uma vez de dar um contributo para a explicação do mundo actual e para a sua transformação. Isto, não podem elas suportar.

*O link é para o Abrupto, o blog de Pacheco Pereira, já que não é possível aceder aos textos do Público sem pagar. Pacheco Pereira resolve no seu post publicar uma fotografia da estátua de Marx que está no seu túmulo no cemitério de Highgate, em Londres, acrescentando, por pura maldade, uma bicada contra as flores amarelecidas que teriam sido postas “por uma delegação do PC dos Estados Unidos, aquele que tinha mais membros do FBI do que militantes genuínos”. Não havia necessidade disto.
A fotografia que está no post é a do Abrupto

18/12/2008

Ainda as trafulhices do Púbico – IIIº e ¿último? episódio


Ontem o Público trazia uma carta de Carlos Carvalhas onde este desmentia um antetítulo daquele jornal relativamente a uma notícia publicada na véspera.
O desmentido é aqui reproduzido, já que é difícil ter acesso on-line à versão impressa do Público:
Pela segunda vez consecutiva, e sempre sem qualquer base ou fundamento, o Público volta a referir em antetítulo a uma notícia sobre o adiamento de um colóquio que "o PCP impediu a presença de Carlos Carvalhas".Esta insistência é tanto mais incompreensível quanto é certo que, ainda na sua edição de ontem, o Público referia declarações do meu camarada Jerónimo de Sousa sobre este assunto, explicitando claramente que se tinha tratado de uma minha decisão.Neste sentido, para plena reposição da verdade e para repelir a implícita insinuação do Público de que o Gabinete de Imprensa do PCP, eu próprio e Jerónimo de Sousa teríamos faltado à verdade, aqui reafirmo que a anulação da minha participação no referido colóquio se deveu às razões explicitadas em comunicado do Gabinete de Imprensa do PCP e foi da minha exclusiva iniciativa, vontade e responsabilidade.”

Tenho vindo a relatar neste blog esta telenovela que tem sido alimentada diariamente pelo Público, nesse sentido dispenso-me de fazer uma nova discrição de todo este episódio.
O quero realçar, com a publicação deste desmentido de Carlos Carvalhas, é que mais uma vez o ex-secretário-geral do PCP a única preocupação que manifesta em relação à triste desinformação do Público é de que não é um pau-mandado do PCP e que as decisões são tomadas por “minha iniciativa, vontade e responsabilidade”. Ou seja, Carlos Carvalhas nunca desmentiu que não tenha sido convidado para a sessão da Aula Magna, nem nunca clarificou que a iniciativa para que foi convidado foi a do Hotel Zurique, que por acaso foi adiada. Deixou no ar, com a ajuda do seu amigo Victor Dias, do blog o Tempo das Cerejas, que havia uma cumplicidade entre os jornalistas trapalhões do Público e os organizadores da iniciativa do Hotel Zurique. A única coisa que o preocupa é que não digam que anda a mando do PCP.
A verdade é que quando alguém se quer desvincular de uma iniciativa para qual foi convidado e aceita, é avisar os organizadores, o que fez, de que não vai e desmentir o jornal que tinha especulado sobre a relação entre a iniciativa para que tinha sido convidado e o encontro da Aula Magna. Não precisa de pedir ao Gabinete de Imprensa do PCP que se apresse a garantir a sua não participação no debate para que se tinha comprometido. Daí que os jornalistas possam ter especulado sobre quem tinha impedido quem de participar no referido evento. O que já não era legítimo e muito menos verdadeiro era dizer que o Carvalhas se tinha recusado a participar numa iniciativa para a qual não tinha sido convidado.
No fundo, em todo este episódio nem o Carvalhas se saiu bem, nem o Público que, consciente ou inconscientemente, e neste caso por pura incompetência, andou uma série de dias a alimentar uma mentira.

PS.: Por mais que tentasse nunca consegui ler a versão completa do comunicado do Gabinete de Imprensa do PCP a desmentir a participação do Carvalhas no debate do Hotel Zurique. O que veio a público era claramente insuficiente e não manifestava da parte do visado um completo esclarecimento. É evidente, que isto não absolve o Público, mas deixa é muitas dúvidas sobre quais eram as verdadeiras intenções de Carlos Carvalhas ao não comparecer àquela iniciativa.

15/12/2008

Fórum das Esquerdas: nova reconfiguração das esquerdas ou simples debate entre cidadãos interessados


Tal como fiz em relação a outros eventos que ultimamente têm vindo a acontecer nesta cidade e todos eles relacionados com a esquerda, também achei oportuno fazer um pequeno relato desta iniciativa que teve lugar na Cidade Universitária, aqui no entanto mais empenhado e provavelmente menos imparcial.

O nome Fórum das Esquerdas, assim chamado penso que pelos próprios ou pelos media, não constava da convocatória que apelava à participação em debates temáticos e numa sessão de encerramento na Aula Magna, com a participação de diferentes oradores, incluindo Manuel Alegre. Todas estas acções estavam agrupadas sob o nome genérico de Democracia e Serviços Públicos. Este aspecto é aqui referido porque o nome Fórum das Esquerdas fez caminho e vai ser por esta designação por que vai ficar conhecido e não por aquela com que foi inicialmente baptizado.
Isto tem alguma importância, porque transforma uma sessão onde um grupo de cidadãos interessado pela coisa pública debatem Serviços Públicos, num fórum onde um conjunto de homens de esquerda e claramente filiados em diferentes organizações políticas debatem aquele tema, com vista a uma saída política de esquerda para o país. Neste aspecto este fórum parece-me ser bastante importante, porque agrupa debaixo do mesmo tecto gente que vem do Bloco de Esquerda, que já é em si uma força bastante heterogénea, socialistas ditos de esquerda, que se revêem em Manuel Alegre, e comunistas renovadores e outros que, já tendo deixado o PCP, procuram uma nova força onde se ancorar.
Um fenómeno semelhante ao que se traduziu, noutras circunstâncias e com outros objectivos, mas sem o BE, na expressiva votação de Manuel Alegre para a Presidência da República, e que levou a Direcção do Bloco e o deputado do PS a iniciarem contactos, a que se juntou outra gente de esquerda desejosa de forçar a unidade, dando voz a um bloco social que não se revê nas políticas neo-liberais do PS de Sócrates.
Projectos deste tipo não são novos, e já foram defendidos, mais que não seja encapotadamente, pelo PCP quando apostou bastante no PRD de Ramalho Eanes e depois, na eleição para Presidente da República, em Salgado Zenha. Podemos dizer que nesse tempo a operação foi bem mais perigosa, já que Ramalho Eanes e o seu partido não teriam a consistência política de esquerda que esta facção do Manuel Alegre representa.
Isto é aqui referido, dado que o PCP tem reagido a estes encontros como virgem ofendida, como se nunca tivesse pecado, na procura de unidade com outras forças que, no caso anteriormente referido, eram bem mais instáveis e controversas, como depois se veio a verificar, do que esta esquerda do PS.
Isto não significa que eu achasse que o PCP não devia ser convidado, mesmo se fosse para demonstrar, a quem ainda tivesse dúvidas que, na situação actual, é impossível qualquer movimento de unidade com este PCP.
É evidente que o problema do PCP e das suas reacções é bem mais complexo do que a simples acto de convidá-lo ou não e das opiniões do Jerónimo de Sousa em cima dos acontecimento, mas isso será matéria para outro post.

Assisti de manhã ao painel sobre economia. João Rodrigues, um dos autores do blog Ladrão de Bicicletas, e renovador, abriu o debate com uma bela intervenção sobre os serviços públicos.
Assim, fez uma distinção entre aquelas empresas que estão viradas para a produção de bem transaccionáveis e as que adquiriram bens que eram considerados de interesse público e que foram parar às suas mãos como resultado da sua privatização. As primeiras seriam empresas que produzem produtos que de um modo geral são exportáveis, favorecendo por isso o nosso comércio externo e o nosso desenvolvimento e as outras, que fariam parte daquilo que ele chama um capitalismo predador, dedicam-se unicamente a explorar os bens públicos, que o Estado privatizou. É o caso das empresas que exploram as auto-estradas, a energia, as telecomunicações, os transportes, a construção civil, etc. que não desenvolvem riqueza, exploram normalmente o sector em regime de monopólio e garantem uma renda regular. São, segundo ele, grupos privados que vivem à custa do Estado, praticam uma forma de rentismo (de renda).
João Rodrigues acabou afirmando que aquilo que distingue a esquerda da direita, não é que esta queira menos Estado, mas que este lhe facilite a entrega dos bens públicos, teríamos assim, segundo o autor, um Estado predador. Em oposição teríamos um Estado estratega que controlasse e dirigisse os serviços públicos e facilitasse o desenvolvimento das empresas que produzem bens transaccionáveis.
Depois tivemos Alexandre Azevedo Pinto que fez uma intervenção sobre a pobreza em Portugal, apresentando dados bastante alarmantes, e o modo como podíamos sair dela através da inovação social.
A seguir interveio José Reis que, na linha da de João Rodrigues, desenvolveu igualmente a ideia de que aquilo que a direita quer é um Estado regulador com punhos de renda, só para suprir aquilo que o mercado não fazia. Mas que neste momento falhou. A má qualidade dos serviços que são geridos pelos privados é disso um exemplo. O capital abriga-se nos sectores protegidos, nos bens não transaccionáveis. Os capitalistas empreendedores que, como o Belmiro, produziam aglomerados de madeira, passaram a entrar nas actividades protegidas, como sejam os centros comerciais ou as telecomunicações.
Jorge Bateira traçou um panorama arrasador sobre as novas propostas para a Administração Pública. Desmantelou-se a função pública herdada do passado pela criação daquilo que se chama a Nova Administração Pública, que, por exemplo, nos Estados Unidos foi um fracasso. Acabaram-se com regras e regulamentos, que se consideraram desnecessários, importaram-se técnicas de gestão do sector privado.
Em Inglaterra, o novo trabalhismo, introduziu a nova administração pública que foi igualmente um fracasso, com os serviços prestados a serem muito piores. Defendeu que se deve sair do binómio serviços públicos esclerosados versus nova administração pública e sim criamos um serviço público que ouça os funcionários e discuta com eles os problemas.
Por último, tivemos a intervenção de André Freire que insistiu na diferença entre esquerda e direita e o papel que cada uma atribui ao Estado. Está de acordo com as diferenças estabelecidas por João Rodrigues. Destacou, como exemplo, aquilo que o Compromisso Portugal propõe que é o acesso do capital privado à saúde, à educação, às universidades, etc.
Tracei este breve panorama do debate sobre Economia por me parecer importante. Como sempre, em iniciativas deste tipo, com diferentes painéis, é difícil saber quais os que foram mais motivadores, dado que é pouco produtivo andarmos a saltitar de painel em painel.
À tarde assisti ao painel referente ao Trabalho. Cheguei já tarde, não trazia nem papel nem caneta para tomar notas, como tinha feito de manhã. As intervenções, que estiveram a cabo de Elísio Estanque, Jorge Leite e Mariana Aiveca, foram quase exclusivamente sobre o novo Código do Trabalho. Jorge Leite chegou mesmo a classificá-lo como um retrocesso civilizacional. Depois do que ouvimos ficamos perfeitamente esclarecidos sobre os objectivos do Código e de quem o propôs, o PS de Sócrates.
Carvalho da Silva, utilizando o seu papel de moderador deste painel, interveio igualmente na denúncia do Código de Trabalho e realçou um dado importante que é o desprezo do primeiro-ministro pelos sindicatos, considerando-os organizações “do passado”, que já não teriam razão de ser. O dirigente da INTERSINDICAL considerou que pensando assim era impossível qualquer diálogo produtivo com o primeiro-ministro.
Às cinco horas da tarde estava prevista iniciar-se a sessão na Aula Magna. Esta não encheu, mas estava razoavelmente composta por participantes bastantes entusiastas, que pontuaram todas as intervenções com grandes salva de palmas.
Falou em primeiro lugar a célebre Presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Infanta D. Maria (Coimbra), que se encontra em primeiro lugar no ranking das escolas públicas. A sua intervenção foi toda ela dirigida para a luta dos professores e para a denúncia das malfeitorias praticadas pelo actual Ministério da Educação. Seguiu-se a de Ana Drago, com um discurso um pouco poético sobre a situação política actual. Por último, a intervenção de Manuel Alegre, acutilante e pondo a questão da necessidade de unir as esquerdas e de "a reconfiguração da esquerda implicar a capacidade e a vontade de construir uma perspectiva alternativa de poder." Citou o exemplo das políticas de Roosevelt, com o New Deal, ou da Frente Popular em França, com o Governo de Léon Blum. Manifestou a sua solidariedade aos militantes socialistas que são vítimas e que lutam contra as políticas desastrosas e neo-liberais do actual Governo de Sócrates, e considerou que a nova "reconfiguração da esquerda não se fará sem os eleitores, simpatizantes e militantes do Partido Socialista". Reforçou a ideia de que a esquerda não é unicamente um contra-poder, não é “só a coragem de resistir e persistir, de que muitos de nós temos experiência, mas a coragem de virar a página e construir uma nova esperança e uma nova alternativa”. Considerou que ninguém “é proprietário da esquerda, ninguém tem o monopólio da verdade, ninguém é dono do futuro”. Discurso a prenhe de consequências, que estabelece uma clara ruptura com as políticas do PS de Sócrates e que faz a ponte para possíveis desenvolvimentos desta atitude.
Feito este relato, as conclusões que se podem tirar deste encontro é que ele poderá favorecer, assim tenha desenvolvimentos positivos, a unidade à esquerda e de provocar dentro do PS uma ruptura com as políticas que têm vindo a ser seguidas por Sócrates, lesivas do interesse das populações.
É evidente que nada disto está consolidado, que não são favas contadas e que pode também suceder que este espaço de diálogo não passe disso mesmo, ou seja, que se resuma unicamente à troca de opiniões de um conjunto de cidadãos preocupados com a coisa pública. A ver vamos.

O Público continua com as trafulhices


À notícia que dei neste blog sobre a realização de um debate Crise, oportunidade de viragem. Para onde queremos ir?, que teria lugar hoje, no Hotel Zurique, acrescentei este pequeno PS.: afinal não é só o Carvalhas que tem medo destes encontros, também o Jorge Sampaio se assustou, talvez com a Aula Magna. Este debate foi anulado por falta de comparência de um dos principais intervenientes.
Posteriormente, tive oportunidade de ler hoje no Público a notícia que tinha por título Jerónimo só vai a bodas (da esquerda) se for convidado. Para lá de outras afirmações, temos esta a meio do corpo da notícia: “O ex-líder do PCP Carlos Carvalhas recebeu um convite, mas optou por não comparecer no debate. Instado a comentar, Jerónimo disse tratar-se de "uma decisão do próprio". "Os contornos da iniciativa não eram aqueles que pareciam na medida em que havia a ideia de alguma articulação e combinação com esta iniciativa, mas o meu camarada Carlos Carvalhas assumiu a posição que assumiu de uma forma livre", afirmou.
Mais uma vez o Público, e aqui percebe-se que conscientemente, serve de veículo à provocação e à mentira e há jornalista que se prestam a isto. Uma vergonha para a classe e para o seu director.
Em post anterior já tinha falado de As trafulhices do Público a propósito de uma notícia completamente inventada que dava como tendo sido convidado para o Fórum das Esquerdas o Carlos Carvalhas, quando afinal foi unicamente convidado para o debate acima referido. Posteriormente o próprio Público veio a desmentir a notícia que tinha saído na véspera.
Mas agora insiste em perguntar ao Jerónimo de Sousa, numa notícia que se referia explicitamente ao Fórum das Esquerdas e ao não convite ao PCP em participar nele, porque é que o ex-líder do PCP tinha sido convidado e não compareceu ao debate. Jerónimo pela voz do Público parece não querer esclarecer muito bem e só se preocupa em dizer que a decisão era do próprio e que este não era um pau-mandado do PCP.
Triste jornalismo que aldraba e inventa deliberadamente para confundir quem de boa-fé acredita no que escrevem. Já hoje tive um amigo meu, leitor do Público, a falar do convite ao Carvalhas para a sessão da Aula Magna.
E não se pode exterminá-los!
PS.: reparei posteriormente que a notícia do Público vinha assinada Lusa. Pelos vistos os reactores daquela Agência, tendo lido apressadamente as notícias anteriores do mesmo jornal, continuam a insistir numa mentira. No entanto, os responsáveis pela publicação da notícia tinham obrigação de a corrigir ou de não a publicar como estava redigida A responsabilidade continua pois a ser de quem a transcreve e de quem dirige o jornal.

14/12/2008

Como às vezes um blogger político se transforma em biólogo profissional


Não existe uma barreira intransponível entre a nossa vida pública e a vida privada, ou seja, a nossa profissão. Não se pode durante o dia aturar um chefe prepotente, indiferente ou incapaz e depois à noite, como vingança, dizermos no nosso blog mal do Governo ou do patronato, ou então sermos um professor respeitável e sério e à noite transvertermo-nos em irónicos e galhofeiros comentadores da política nacional. Tem que haver uma relação entre aquilo que fazemos como profissionais e o que escrevemos como cidadãos.
Por este motivo achei que vos devia dar conta do que andei a fazer durante estes dias e porque motivo estive tanto tempo ausente da blogosfera.
Apesar de estar reformado, ainda de vez enquanto faço trabalhos de consultoria, e agora encomendaram-me um que achei engraçado partilhar convosco.
O trabalho referia-se a uma compilação bibliográfica sobre os perigos que resultam para os cursos de água nacionais da invasão de uma espécie, que na linguagem biológica, se classifica como exótica, pois que não é característica da nossa fauna e por esse motivo pode ser causadora de graves prejuízos não só para os ecossistemas dulçaquícolas, como igualmente para as actividades económicas que se desenvolvem nas albufeiras ou nos cursos de água. Espécies invasoras e exóticas dos nossos cursos de água são também o lagostim-vermelho ou o jacinto-de-água
A espécie em questão tem o nome vulgar de mexilhão-zebra, não mede mais de 3 cm, e deve o seu nome a ser parecida com o mexilhão marinho, que todos nós conhecemos e que muitas vezes comemos, apesar de ser mais pequena, e à cor das suas valvas (concha), que apresentam uma alternância entre tiras escuras e claras, que as tornam parecidas com a coloração da zebra. Esta espécie, cujo a fotografia junto, é um molusco bivalve, mas que do ponto de vista filogenético – antepassados comuns – nada tem a ver com o mexilhão, nem é comestível. O seu nome científico é Dreissena polymorpha.
Esta espécie é original do Mar Cáspio, Negro e de Aral, e dos rios que desaguam naqueles mares. Para os que só pensam em política pode-se associá-la ao perigo russo ou, mesmo, ao perigo comunista. Simplesmente a sua expansão para Europa ocidental começou no início do século XIX, com a construção de canais em toda a Europa resultantes do desenvolvimento do comércio. A sua chegada, no entanto, aos Estados Unidos deu-se só em 1988, tendo-se expandido em poucos anos da zona dos Grandes Lagos, na fronteira com o Canadá, até ao Golfo do México.
A sua chegada à Península Ibérica deu-se em 2001, e os primeiros exemplares foram encontrados no rio Ebro. Hoje está instalada numa série de albufeiras daquele rio, no rio Júcar, mais ao Sul, e no Norte, na zona Cantábrica. Ainda não chegou a Portugal, mas pensa-se que nestas circunstâncias não demorará muito tempo até aparecer nos nossos cursos de água.
A sua acção resulta fundamentalmente de se reproduzir em grande quantidade e, depois de passar por uma fase de vida livre, fixa-se no substrato, tal como os mexilhões, por uns filamentos que segrega, a que se chama o bisso. Forma grandes tapetes, que cobrem extensas áreas. Todas as indústrias que recorrem às águas doces das albufeiras, normalmente para arrefecimento dos seus condensadores, mas também para abastecimento de água potável às populações, ou para a produção de energia eléctrica, a função mais usual das albufeiras, vêem as suas tubagens em geral serem invadidas por esta espécie, o que, como se compreende, provoca elevados prejuízos económicos.
As medidas preventivas e de controlo da praga são várias, que normalmente implicam um forte ordenamento e condicionamento das albufeiras, como sejam as limitações à navegação, veículo importante de propagação dos ovos e das larvas desta espécie, interdição de pesca com barcos e mesmo de pescadores, já que estes recorrem muitas vezes a este mexilhão como isco. Fortes campanhas de informação das populações ribeirinhas e não só. Limpeza e desinfecção dos barcos que utilizam as albufeiras. Já no final da linha, introdução de métodos de eliminação dos próprios mexilhões, de que a cloragem das águas é um dos principais, apesar dos perigos que podem resultar para os ecossistemas a permanência de cloro residual nas águas devolvidas às albufeiras.
Acho que já vos dei um rápido panorama sobre esta espécie e os perigos que acarreta. Já agora, se a encontrarem em alguma albufeira ou num curso de água avisem as entidades pública e se quiserem trocar algumas informações comigo terei muito gosto.

13/12/2008

Crise, oportunidade de viragem. Para onde queremos ir?


Vai realizar-se a 15 de Dezembro, às 21h, no Hotel Zurique, um debate subordinado ao tema Crise, oportunidade de viragem. Para onde queremos ir?, com a participação de António José Seguro, Florival Lança, Jorge Sampaio e Ricardo Pais Mamede. Seguir-se-á um debate animado por Ulisses Garrido.
O Hotel Zurique fica situado na R. Ivone Silva (traseiras do Hospital Curry Cabral— estacionamento, metro: Campo Pequeno e CP: Entrecampos) .
PS.: afinal não é só o Carvalhas que tem medo destes encontros, também o Jorge Sampaio se assustou, talvez com a Aula Magna. Este debate foi anulado por falta de comparência de um dos principais intervenientes.

06/12/2008

Massacres na Bolívia II


Em post publicado a 17 de Setembro fiz referência ao massacre de 30 camponeses que tinha sido praticado na Bolívia. Fazia igualmente referência ao comunicado final da reunião da União das Nações Sul-Americanas (UNASUL), que tinha tido lugar no Chile, chamando a atenção para o seu ponto cinco, onde se dizia: “Nesse contexto, expressa sua mais firme condenação ao massacre que se viveu no departamento de Pando, e respalda o chamado realizado pelo governo boliviano para que uma comissão da UNASUL possa se constituir nesse país irmão para realizar uma investigação imparcial que permita estabelecer e esclarecer a brevidade dessa lamentável acção, e formular recomendações de tal maneira que o mesmo não termine impune”(tradução do espanhol para o português do Brasil).
Nesse mesmo post denunciava o relato perfeitamente parcial e encobridor da realidade levado a efeito pelo enviado especial do Público, Nuno Amaral, e em PS. chamava a atenção para as notícias do Expresso, mais próximas da verdade dos factos.
Já se sabe que ninguém pegou neste assunto, nem as boas as almas que na net estão sempre prontas a denunciar os atropelos aos direitos humanos.
Passado todo este tempo descubro em o Vermelho o relatório final da Comissão Especial da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), que tinha sido encarregue na reunião daquele grupo de países de investigar o massacre referido. O relatório ou o resumo dele está no site referido, naquela linguagem muito típica dos brasileiros, mas a principal conclusão que se pode retirar, e que é sintetizada pelo Vermelho, é que “o massacre em Pando, em 11 de Setembro, foi organizado por uma rede de comando do governo departamental. Os crimes devem ser tratados como delitos comuns e ser processados na justiça ordinária”.
Ou seja, ao contrário do que durante dias as televisões e o repórter do Público nos andaram a vender, os trinta mortos não resultaram de confrontos entre as autoridades e as populações, mas são o resultado de um massacre perpetrado pela rede de comando do governo departamental. Na sequência desta acção o Governador de Pando foi preso pelo Governo de Evo Morales com grandes protestos da oposição e dos órgãos de comunicação sempre prontos a ver atropelos à democracia, quando o poder legítimo é exercido pela esquerda.
Este é um caso exemplar de esquecimento e desatenção da esquerda europeia, mesmo daquela mais atenta às realidades sul-americanas.

05/12/2008

Democracia e serviços públicos


Fórum “Democracia e serviços públicos”, 14 de Dezembro

Painéis de debate (11.00 e 14.30)- Faculdade de letras
11.00 Economia
Moderador: José Maria Castro Caldas
Oradores: João Rodrigues, André Freire, Alexandre Azevedo Pinto, Jorge Bateira

Educação
Moderador: Paulo Sucena
Oradores: Cecília Honório, Nuno David, José Reis, Jorge Martins

14.30 Cidades
Moderador: Helena Roseta
Oradores: Manuel Correia Fernandes, Pedro Soares, Pedro Bingre, Fernando Nunes da Silva

Trabalho
Moderador: Manuel Carvalho da Silva
Oradores: Jorge Leite, Elísio Estanque, Mariana Aiveca

Saúde
Coordenador: António Nunes Diogo
Oradores: Cipriano Justo, João Semedo, Mário Jorge, Manuel Correia da Cunha

Sessão final (17.00) - Aula Magna
Oradores: Manuel Alegre, Ana Drago, Maria do Rosário Gama