06/12/2008

Massacres na Bolívia II


Em post publicado a 17 de Setembro fiz referência ao massacre de 30 camponeses que tinha sido praticado na Bolívia. Fazia igualmente referência ao comunicado final da reunião da União das Nações Sul-Americanas (UNASUL), que tinha tido lugar no Chile, chamando a atenção para o seu ponto cinco, onde se dizia: “Nesse contexto, expressa sua mais firme condenação ao massacre que se viveu no departamento de Pando, e respalda o chamado realizado pelo governo boliviano para que uma comissão da UNASUL possa se constituir nesse país irmão para realizar uma investigação imparcial que permita estabelecer e esclarecer a brevidade dessa lamentável acção, e formular recomendações de tal maneira que o mesmo não termine impune”(tradução do espanhol para o português do Brasil).
Nesse mesmo post denunciava o relato perfeitamente parcial e encobridor da realidade levado a efeito pelo enviado especial do Público, Nuno Amaral, e em PS. chamava a atenção para as notícias do Expresso, mais próximas da verdade dos factos.
Já se sabe que ninguém pegou neste assunto, nem as boas as almas que na net estão sempre prontas a denunciar os atropelos aos direitos humanos.
Passado todo este tempo descubro em o Vermelho o relatório final da Comissão Especial da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), que tinha sido encarregue na reunião daquele grupo de países de investigar o massacre referido. O relatório ou o resumo dele está no site referido, naquela linguagem muito típica dos brasileiros, mas a principal conclusão que se pode retirar, e que é sintetizada pelo Vermelho, é que “o massacre em Pando, em 11 de Setembro, foi organizado por uma rede de comando do governo departamental. Os crimes devem ser tratados como delitos comuns e ser processados na justiça ordinária”.
Ou seja, ao contrário do que durante dias as televisões e o repórter do Público nos andaram a vender, os trinta mortos não resultaram de confrontos entre as autoridades e as populações, mas são o resultado de um massacre perpetrado pela rede de comando do governo departamental. Na sequência desta acção o Governador de Pando foi preso pelo Governo de Evo Morales com grandes protestos da oposição e dos órgãos de comunicação sempre prontos a ver atropelos à democracia, quando o poder legítimo é exercido pela esquerda.
Este é um caso exemplar de esquecimento e desatenção da esquerda europeia, mesmo daquela mais atenta às realidades sul-americanas.

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