Ouvi esta noite mais uma vez o programa Prós e Contras. Juro, todas segundas-feiras, que desta vez é que não aturo a Fátima Campos Ferreira. Simplesmente, não resisti. Era sobre a justiça e os intervenientes travaram, ao contrário do costume, uma verdadeiro debate, quase roçando o insulto. Bastava lá ter ido o Bastonário da Ordem dos Advogados, o Marinho Pinto, para as coisas resvalarem logo para a má-criação.
Fui daqueles que achei que a esquerda tinha ganho as eleições na Ordem com a chegada daquele Bastonário. Recordo-me ainda dos antigos. Tivemos o Rogério Alves, advogado mediático, dirigente sportinguista – o que não sendo bom nem mau, permite uma grande promiscuidade entre a bola e a advocacia – e comentador de tudo e de nada. Anteriormente, o José Miguel Júdice, ex-fascista, como já há tempos demonstrei, e que hoje é um dos donos de um escritório de sucesso da capital e amigo pela direita do José Sócrates. Quando Marinho Pinto ganhou as eleições, disse o pior possível do novo bastonário, chegando mesmo a vaticinar que este seria candidato pela esquerda, à esquerda do PS, a Presidente da República. Estranhamente, pouco tempo depois o Bastonário foi convidado para ser um dos oradores de uma comemoração unitária, sem PCP, do 25 de Abril (ver aqui). Parecia mesmo que os organizadores tinham acreditado no que José Miguel Júdice tinha dito.
De repente, começo a ouvi-lo pronunciar-se no caso Freeport. Entrou a matar com a Manuela Moura Guedes, para grande gáudio da esquerda. E agora, mais uma vez, aí o temos a pronunciar-se sobre o caso das escutas ao Primeiro-Ministro, sempre naqueles termos tonitruantes que, parecendo que vão deitar muros abaixo ou defender os injustiçados, acabam sempre por servir o primeiro-ministro e lançar grande lamaçal para todos os casos de justiça em que este está envolvido. Esta noite, a propósito das escutas, não foi excepção.
Dir-se-ia que o homem não gosta dos magistrados, seja do ministério público seja dos juízes, e que, por isso, a guerra que desencadeia é contra eles. Poderá ser popular entre os da sua classe que diariamente se têm que defrontar com decisões dos magistrados provavelmente nem sempre simpáticas, nem justas, até em alguns casos arrogantes. Mas que esta campanha contra a magistratura serve às mil maravilhas os objectivos do Governo, principalmente quando há ministros que, de modo descabelado, a acusam de fazer espionagem política ou quando o Mário Soares, naquelas afirmações de idiota útil que lhe são características, vem acusar a Justiça de ser a verdadeira Face Oculta.
Por isso, sempre que vejo aquele homem falar, com ar desassombrado, pergunto-me sempre a que patrão está a servir e acabo sempre por concluir que é a favor de José Sócrates.
Ainda hoje no Prós e Contras depois de espadeirar contra os juízes que não tinham sido saneados no 25 de Abril – que grande desassombro! – e de dizer que houve uns que primeiro cavalgaram a Igreja, depois o Exército, e como estas duas instituições se demarcaram, cavalgam agora a magistratura. Quem seriam esses? Penso que era a direita, os fascistas, eu sei lá?
Já se sabe, que teve uma resposta à altura de um desembargador. Mas onde Marinho Pinto queria chegar era ao magistrado de Aveiro que tinha ousado de pensar e escrever que o Sr. Primeiro-Ministro tinha alegadamente atentado contra o Estado de Direito. Foi ao âmago da questão, ao pôr em causa o bom-nome daquele magistrado estava verdadeiramente a fazer o frete ao Primeiro-ministro e ao Governo. É o seu pau-mandado.
Fui daqueles que achei que a esquerda tinha ganho as eleições na Ordem com a chegada daquele Bastonário. Recordo-me ainda dos antigos. Tivemos o Rogério Alves, advogado mediático, dirigente sportinguista – o que não sendo bom nem mau, permite uma grande promiscuidade entre a bola e a advocacia – e comentador de tudo e de nada. Anteriormente, o José Miguel Júdice, ex-fascista, como já há tempos demonstrei, e que hoje é um dos donos de um escritório de sucesso da capital e amigo pela direita do José Sócrates. Quando Marinho Pinto ganhou as eleições, disse o pior possível do novo bastonário, chegando mesmo a vaticinar que este seria candidato pela esquerda, à esquerda do PS, a Presidente da República. Estranhamente, pouco tempo depois o Bastonário foi convidado para ser um dos oradores de uma comemoração unitária, sem PCP, do 25 de Abril (ver aqui). Parecia mesmo que os organizadores tinham acreditado no que José Miguel Júdice tinha dito.
De repente, começo a ouvi-lo pronunciar-se no caso Freeport. Entrou a matar com a Manuela Moura Guedes, para grande gáudio da esquerda. E agora, mais uma vez, aí o temos a pronunciar-se sobre o caso das escutas ao Primeiro-Ministro, sempre naqueles termos tonitruantes que, parecendo que vão deitar muros abaixo ou defender os injustiçados, acabam sempre por servir o primeiro-ministro e lançar grande lamaçal para todos os casos de justiça em que este está envolvido. Esta noite, a propósito das escutas, não foi excepção.
Dir-se-ia que o homem não gosta dos magistrados, seja do ministério público seja dos juízes, e que, por isso, a guerra que desencadeia é contra eles. Poderá ser popular entre os da sua classe que diariamente se têm que defrontar com decisões dos magistrados provavelmente nem sempre simpáticas, nem justas, até em alguns casos arrogantes. Mas que esta campanha contra a magistratura serve às mil maravilhas os objectivos do Governo, principalmente quando há ministros que, de modo descabelado, a acusam de fazer espionagem política ou quando o Mário Soares, naquelas afirmações de idiota útil que lhe são características, vem acusar a Justiça de ser a verdadeira Face Oculta.
Por isso, sempre que vejo aquele homem falar, com ar desassombrado, pergunto-me sempre a que patrão está a servir e acabo sempre por concluir que é a favor de José Sócrates.
Ainda hoje no Prós e Contras depois de espadeirar contra os juízes que não tinham sido saneados no 25 de Abril – que grande desassombro! – e de dizer que houve uns que primeiro cavalgaram a Igreja, depois o Exército, e como estas duas instituições se demarcaram, cavalgam agora a magistratura. Quem seriam esses? Penso que era a direita, os fascistas, eu sei lá?
Já se sabe, que teve uma resposta à altura de um desembargador. Mas onde Marinho Pinto queria chegar era ao magistrado de Aveiro que tinha ousado de pensar e escrever que o Sr. Primeiro-Ministro tinha alegadamente atentado contra o Estado de Direito. Foi ao âmago da questão, ao pôr em causa o bom-nome daquele magistrado estava verdadeiramente a fazer o frete ao Primeiro-ministro e ao Governo. É o seu pau-mandado.
3 comentários:
Não,não é pacifico que Marinho Pinto esteja a cavalgar o poder socrático. O que acontece é que num país de "meias tintas" quem corta a direito ,nao se coibe de dizer o que pensa ,reaje à sonolência generalizada e denuncia com todas as letras,desconstrói os formalismos a que nos habituaram as eminências do Direito,fatalmente não joga na "simpatia"...
-Já se torna mais pacifico e simpático, considerá-lo como o Sancho Pança, do poder socrátino.
É possível que o anónimo tenha razão, simplesmente todas as aparições de Marinho Pinto em casos relacionados com José Sócrates são sempre para o defender. Portanto, ou é pau-mandado, o que pode ser injusto, ou tem um comportamento demagógico que nada incita à reflexão e à apreciação serena destes casos. Reconheço que é uma figura complexa, mas o modo como se pronuncia não é de molde a garantir a minha confiança na sua imparcialidade.
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