Foi com esta acusação forte que António Costa se referiu ao Bloco de Esquerda no Congresso do Partido Socialista. Estava dado o mote, o Bloco seria naquele Congresso o bombo de festa, e não fui só eu que notei, todos os comentadores se referiram a isso.
Mas, acrescentemos alguns pormenores. No noticiário da noite de Sábado da SIC, Ricardo Costa, irmão de António Costa, dá conta deste assunto da seguinte maneira: “comecemos por recordar aquela que é sem dúvida a polémica política do momento, a picardia violenta entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista”. Estranha forma de relatar uma “picardia”, empregando o sua expressão, que tinha sido começada, sem aviso prévio, por António Costa, do PS, no discurso que tinha pronunciado de manhã no Congresso e não pelo BE. A resposta dada à hora de almoço por António Louçã, na comemoração do décimo aniversário do seu partido, esteve à altura: “tanta raiva, e tanto insulto grotesco, porque eu pergunto ao país, quem são os parasitas? …”, já se imagina quem eles são. À noite António Costa reage (não tenho link para estas declarações) em entrevista a uma TV: “caiu a máscara ao BE, afinal revelou-se como ele é”. Não se percebe depois dos mimos da manhã de António Costa qual deveria ser a resposta do Bloco, diria que estava de acordo e que para a próxima iria portar-se melhor. Como não foi esta, afirma-se que lhe caiu a máscara. Quem me parece que ficou completamente desmascarado foi António Costa, que se portou como José Lello, porque depois do que disse, nunca mais pode vir para a Câmara de Lisboa reclamar pela unidade de esquerda.
O mais espantoso na intervenção de António Costa foi as razões que ele invocou para a ruptura do acordo com o BE. Segundo o Presidente da Câmara, o acordo com o Bloco de Esquerda foi escrupulosamente cumprido por ele, coisa que “eles”, BE, “nem sequer contestam”, mas estes ao verem reforçadas as competências de José Sá Fernandes, eleito como independente nas suas listas, “como são alérgicos a assumir qualquer responsabilidade governativa”, resolveram romper o acordo. Completa mentirola. Primeiro, o BE nunca rompeu o acordo com o PS, mais, este assunto até foi objecto de votação na assembleia concelhia, e a posição de romper o acordo não foi aprovada. Segundo, a ruptura verificou-se com o seu vereador independente, que deixou de ter o apoio daquele partido por razões completamente diferentes. Pelas posições assumidas por Sá Fernandes numa série de dossiers, principalmente em relação aos contentores de Alcântara. Assim, pela voz de António Costa fica o Bloco a saber que este e o PS, consideram que o acordo deixou de valer, e que uma ruptura entre o Bloco e o seu vereador é interpretada por aquele como uma ruptura entre o BE e o PS.
Algumas consequências o BE tem que tirar deste caso. Acordos desta natureza têm que ser assumidos com menos ligeireza e ser mais bem estruturados, de modo a que não seja assacada ao Bloco as responsabilidades da ruptura de acordos com um partido, que como ficamos agora a saber, é pouco sério nestas trapalhadas.
Não foram só estas as referências ao Bloco, também o “inefável” José Lello, se pronunciou sobre aquele partido. Com a subtileza de um elefante, lá foi defendendo que o Bloco fazia purgas ao estilo estalinista ou trotskista (tem que se decidir por um deles). Ainda pensei que fosse a Joana Amaral Dias, mas não, era o José Sá Fernandes que, não sendo militante do Bloco, era assim purgado por este. Triste sina de quem tem militantes com esta subtileza.
Os comentários gerais a estes factos eram de que tinha sido um erro o PS neste Congresso ter erigido o BE como o seu principal inimigo. Hoje, Marcelo Rebelo de Sousa, no seu comentário semanal na RTP I, afirma que o ataque do PS nada tem a ver com o medo de perder eleitores para aquele partido (eu não estaria tão confiante como Marcelo) mas sim para apelar ao centro para que votem no PS e lhe dêem a maioria absoluta, porque senão terão o Bloco, que frequentemente foi acusado de partido radical e extremista, a dificultar a acção do Governo. Ou seja, a velha táctica anti-comunista, que tanto êxito teve nos tempos do PREC, ou o PS ou a extrema-esquerda.
Em próximos post irei falar mais deste Congresso.
Mas, acrescentemos alguns pormenores. No noticiário da noite de Sábado da SIC, Ricardo Costa, irmão de António Costa, dá conta deste assunto da seguinte maneira: “comecemos por recordar aquela que é sem dúvida a polémica política do momento, a picardia violenta entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista”. Estranha forma de relatar uma “picardia”, empregando o sua expressão, que tinha sido começada, sem aviso prévio, por António Costa, do PS, no discurso que tinha pronunciado de manhã no Congresso e não pelo BE. A resposta dada à hora de almoço por António Louçã, na comemoração do décimo aniversário do seu partido, esteve à altura: “tanta raiva, e tanto insulto grotesco, porque eu pergunto ao país, quem são os parasitas? …”, já se imagina quem eles são. À noite António Costa reage (não tenho link para estas declarações) em entrevista a uma TV: “caiu a máscara ao BE, afinal revelou-se como ele é”. Não se percebe depois dos mimos da manhã de António Costa qual deveria ser a resposta do Bloco, diria que estava de acordo e que para a próxima iria portar-se melhor. Como não foi esta, afirma-se que lhe caiu a máscara. Quem me parece que ficou completamente desmascarado foi António Costa, que se portou como José Lello, porque depois do que disse, nunca mais pode vir para a Câmara de Lisboa reclamar pela unidade de esquerda.
O mais espantoso na intervenção de António Costa foi as razões que ele invocou para a ruptura do acordo com o BE. Segundo o Presidente da Câmara, o acordo com o Bloco de Esquerda foi escrupulosamente cumprido por ele, coisa que “eles”, BE, “nem sequer contestam”, mas estes ao verem reforçadas as competências de José Sá Fernandes, eleito como independente nas suas listas, “como são alérgicos a assumir qualquer responsabilidade governativa”, resolveram romper o acordo. Completa mentirola. Primeiro, o BE nunca rompeu o acordo com o PS, mais, este assunto até foi objecto de votação na assembleia concelhia, e a posição de romper o acordo não foi aprovada. Segundo, a ruptura verificou-se com o seu vereador independente, que deixou de ter o apoio daquele partido por razões completamente diferentes. Pelas posições assumidas por Sá Fernandes numa série de dossiers, principalmente em relação aos contentores de Alcântara. Assim, pela voz de António Costa fica o Bloco a saber que este e o PS, consideram que o acordo deixou de valer, e que uma ruptura entre o Bloco e o seu vereador é interpretada por aquele como uma ruptura entre o BE e o PS.
Algumas consequências o BE tem que tirar deste caso. Acordos desta natureza têm que ser assumidos com menos ligeireza e ser mais bem estruturados, de modo a que não seja assacada ao Bloco as responsabilidades da ruptura de acordos com um partido, que como ficamos agora a saber, é pouco sério nestas trapalhadas.
Não foram só estas as referências ao Bloco, também o “inefável” José Lello, se pronunciou sobre aquele partido. Com a subtileza de um elefante, lá foi defendendo que o Bloco fazia purgas ao estilo estalinista ou trotskista (tem que se decidir por um deles). Ainda pensei que fosse a Joana Amaral Dias, mas não, era o José Sá Fernandes que, não sendo militante do Bloco, era assim purgado por este. Triste sina de quem tem militantes com esta subtileza.
Os comentários gerais a estes factos eram de que tinha sido um erro o PS neste Congresso ter erigido o BE como o seu principal inimigo. Hoje, Marcelo Rebelo de Sousa, no seu comentário semanal na RTP I, afirma que o ataque do PS nada tem a ver com o medo de perder eleitores para aquele partido (eu não estaria tão confiante como Marcelo) mas sim para apelar ao centro para que votem no PS e lhe dêem a maioria absoluta, porque senão terão o Bloco, que frequentemente foi acusado de partido radical e extremista, a dificultar a acção do Governo. Ou seja, a velha táctica anti-comunista, que tanto êxito teve nos tempos do PREC, ou o PS ou a extrema-esquerda.
Em próximos post irei falar mais deste Congresso.
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