13/03/2009

O literalista


Finalmente acusaram-me de alguma coisa. Tal como eu pedia, em resposta a um dos meus comentadores, já tenho um epíteto atribuído, literalista. Foi a maneira educada de me dizerem que era pouco esperto e pouco subtil. Lá terão as suas razões. Simplesmente, nas minhas imprecações contra as muralhas da cidade, que eu me recorde, nunca os meus opositores foram classificados em função dos seus dotes intelectuais, apesar de haver grandes diferenças. Penso que a luta política não passa por aqui e por isso coíbo-me de fazer esse tipo de críticas.
Quanto, à referência aos Coros do Exército Vermelho é outra maneira, esta menos subtil, de me considerar um nostálgico da União Soviética. Para certos bloggers, aqueles que ainda se reclamam de certa influência da Revolução de Outubro, que não classificam a aventura comunista como um totalitarismo, tão horrível como o nazi-fascismo, que não consideram o mundo contemporâneo como uma luta exclusiva entre aqueles que defendem os direitos humanos e os que não os protegem. Para aqueles que consideram que o imbróglio muçulmano é bastante mais complexo do que uma luta entre a civilização ocidental e os fundamentalistas islâmicos, só resta a terrível tortura de ficar para o resto da história a ouvir os Coros do Exército Vermelho ou então, na pior das hipóteses, a verem aqueles filmes soviéticos (ver imagem) em memória de Estaline e dos seus feitos. Não aceitamos estas dicotomias, nem a simplificação da realidade, há mais mundo para além daquele que as boas almas querem que haja.
Não fomos nós que exigimos que o Bloco de Esquerda rompa com toda e qualquer ligação com os comunistas e com todo o seu passado estalinista/maoista ou trotskista. Nós convivemos bem com o pluralismo que há naquele partido. Provavelmente daí a diferença entre ser literalista e não ser.
E por aqui me fico, não deixando de ler, por vezes com gosto, o meu taxonomista, porque ele é o exemplo e o paradigma, no seio da esquerda, de uma certa corrente que a desvirtua e a torna refém da agenda da direita, mas entendo que neste momento já nada temos a acrescentar aos epítetos com que nos fomos mimoseando.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não há problemas com certas nostalgias. Mal daqueles que não têm esse património--Os Coros do Exército Vermelho ,as canções do Puebla nos primórdios da Revolução Cubana; as canções revolucuionárias da resistência ao fascismo na Guerra Civil de España... Força Jorge Nascimento !

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Obrigado Luís Blanch.
O meu post não ia bem nesse sentido. Mas também não é de desprezar aquilo que dizes. A memória histórica da luta também se faz destas referências. E o mal está, como afirmas, no abandono, para aqueles que o têm,de todo o referencial do passado e nós podemo-nos orgulhar dele.
Um abraço