30/03/2009

O apagão


A leitura do post de Joana Lopes, Peditórios para que não dou incentivou-me a escrever outro sobre o mesmo assunto, apesar de já ter pensado em fazê-lo.
A iniciativa de apagar as luzes durante um hora em diversas cidades do mundo como forma de alertar as pessoas para os excessivos gastos de energia é daquelas decisões cheias de boas intenções mas que, de um modo geral, não passam de desejos piedosos, que não têm qualquer eficácia, quando não servem exclusivamente para provocar uma irritação especial nas pessoas. Veja-se o dia sem carros, que depois de um começo fulgurante foi desaparecendo pifiamente, porque não havia nenhuma autarquia que estivesse interessada em proibir durante um dia que as pessoas se deslocassem no seu carro.
Joana Lopes no seu post cita um artigo de Nuno Brederode Santos, onde este é ainda mais contundente, pois que a esta iniciativa estão associadas algumas empresas de energia, ou seja, aquelas que lucram com o seu consumo.
Mas aquilo que me trás aqui ainda é mais grave. Os nossos meios de informação começaram durante o dia a falar que às 20h30 ia haver um apagão. Algum deles chegou mesmo a dizer que aquele se verificaria durante o desafio Portugal-Suécia, quando todos os portugueses estariam em frente à televisão a ver o jogo. Não era o meu caso.
Pelas notícias vindas a público quase que se deduzia que a EDP iria apagar as luzes da cidade durante uma hora. Ficaríamos todos às escuras. Eu não liguei, achei que era manifestamente impossível haver um apagão geral. A minha mulher, que teve que sair um pouco antes da hora marcada para ir tratar dos pais, que moram perto de mim, foi-me avisando para que eu estar atento ao telemóvel, não fossem as luzes da rua apagarem-se e, como o local é um pouco ermo, ficar às escuras e ter que pedir ajuda.
Mas o mais grave é que foi encontrar os pais, com quase 90 anos, de velinha acesa à espera que o apagão chegasse.
Depois veio a saber-se que o apagão consistia apenas em alguns monumentos significativos deixarem por uma hora de estar iluminados. A televisão, que não transmitia o futebol, mostrou em directo esse momento. E assim lá cumprimos mais uma gloriosa jornada em defesa do ambiente.

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