07/10/2009

Lisboa, um novo dado


Esta manhã, como por acaso, Carvalho da Silva encontra-se com António Costa junto da Brasileira do Chiado e diz-lhe “Já que nos encontramos, quero desejar-lhe uma boa ponta final de campanha e dizer-lhe que os lisboetas e Lisboa precisam da sua vitória e, também, que o Senhor tenha capacidade para ouvir e convergir à esquerda, porque é preciso que Lisboa seja governada à esquerda”´(ver aqui). A transcrição das declarações de Carvalho da Silva foi feita a partir de uma nota enviada pelo próprio às redacções dos jornais, em que dava conta da mensagem que tinha remetido à CDU, dando todo o apoio a esta coligação. Depreende-se que seria para o resto do país.
Patuscamente li num blog, de alguém que me pareceu favorável à CDU, que considerava a notícia do Público, que dizia que Carvalho da Silva apoiava António Costa, como uma manipulação jornalística. Os militantes do PCP, ensinados a não acreditarem no que diz a imprensa “burguesa”, não percebem que por vezes ela fala verdade e que a realidade é mais pesada do que aquela que eles imaginam.

Carvalho da Silva tem manifestado há algum tempo uma certa independência, diria mesmo uma agenda própria, em relação ao PCP. A conversa da sua substituição à frente da Central não era invenção dos jornalistas. Simplesmente, como era difícil substitui-lo e por momentos aquele pareceu acatar as directrizes do PCP, continuou como Secretário-Geral. No entanto, muitos acalentavam a esperança de ter Carvalho da Silva como um líder para poder apresentar, na altura própria, como candidato a Presidente da República ou para a criação de uma nova formação política. Para Carvalho da Silva os tempos não estavam ainda maduros e tudo isso ficou em águas de bacalhau.
Hoje, depois deste encontro casual, parece-me que alguma coisa irá mudar. O PCP não é de se ficar e Carvalho da Silva ainda não tem o estatuto de José Saramago, que pode fazer tudo o queira que o Partido lhe perdoará sempre. Provavelmente, como na altura se falava, Carvalho da Silva será substituído a meio do mandato e deste modo já vai preparando a cama para outras ambições.
Dirão que estou a especular, a inventar, chamar-me-ão comentador de pacotilha, mas nunca vi um militante do PCP, com as responsabilidades de Carvalho da Silva, apoiar outro candidato que não seja o do Partido. Gostava que aqueles que andam sempre a falar da especulação da “imprensa burguesa” que ao menos tivessem a hombridade de vir justificar ou analisar o significado destas declarações de Carvalho da Silva.
Direi que são uma facada nas costas de Ruben de Carvalho e que só dão razão àqueles que andavam a apelar a uma convergência de esquerda para a Câmara de Lisboa e que agora, com algumas diferenças, lá continuam com o mesmo tipo de apelos para um Compromisso à esquerda.
Ulisses Garrido, na fotografia do Sol, lá espreitava por detrás de Carvalho da Silva quando este se encontra com António Costa. Ele é, por notícias da imprensa, um dos principais impulsionadores do último apelo a um Compromisso.

Tal como se pede ao Presidente da República contenção e bom senso, coisa que parece que se lhe varreu por completo, acho que o Secretário-Geral da CGTP também deve ter alguma contenção nos apoios que dá, atendendo que a Central é de todos e não de uma facção.

5 comentários:

Anónimo disse...

Sr. Professor tem aqui um blog muito limpinho, mas limitado.
Patusco

Operário na defesa do Mov Sindical Unitário disse...

-As palavras não são inocentes. -Claro que não !
- Mas deixam de ter conteúdo quando quem as profere as renega ou tira significado.
É assim ou não Sr doutor.
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("A transcrição das declarações de Carvalho da Silva foi feita a partir de uma nota enviada pelo próprio às redacções dos jornais, em que dava conta da mensagem que tinha remetido à CDU, dando todo o apoio a esta coligação.")

(a)"Depreende-se que seria para o resto do país."
(a) Isto é o sr. a desejar.
Até porque diz que ("uma nota enviada pelo próprio")
Uma nota depreende-se, que escrita por ponho e letra pelo próprio ("dando todo o apoio a esta coligação.")-Ora, quem da todo o apoio- quer dizer que todo é mesmo todo e não parte como o srº doutor deseja .
Saberá o sr. doutor em biologia uma célula haplóide é substancialmente diferente de outra diplóides
Por tanto não vale passar rasteiras ou tomar a nuvem por Juno. Como tem vindo a ser o seu desejo.
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-Ora o sr Carvalho da Silva, representa uma org. Sindical Unitária, que não sendo de ninguém, é de todos os trabalhadores. Pode muito bem ter falado em nome daqueles que infelizmente se revêm na candidatura do sr. António Costa. Homem que fazendo-se passar por uma pessoa de esquerda, utilizando um capital que não é seu mas do seu progenitor faz o papel que melhor interessa ao PS,D é assim como um Manuel Alegre sem poesia mas que canta muito bem para ouvidos pouco exigentes. -É a esquerda da Quadratura do Ciclo. O melhor representante dos interesse dos grandes grupos económicos e da politica de direita Socrátina.
-Por tal sabendo o sr. Carvalho da Silva que o sr. António Costa tal (como outros claro)tem possibilidades de chegar à presidência da câmara de Lisboa dá ênfase a necessidade de Lisboa "e não só claro" ser efectivamente governada à esquerda.
-Quanto ou resto o tempo dirá como e se.

-Viva a CDU, Viva o Partido Comunista Português

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Resposta a dois comentadores pouco simpáticos

Quanto ao Patusco dou-lhe toda a razão. Devido a causas que só a mim me dizem respeito, tenho me dedicado ultimamente só a temas políticos, de tal modo que já não falo de outra coisa. Mas para lhe ser franco não vi nenhum outro post do seu blog para poder fazer qualquer outro comentário a propósito do seu.

Quanto ao operário, apesar de não ser meu hábito responder-lhe. Dir-lhe-ei que como de costume a sua prosa não se percebe. Escreva antecipadamente no Word e depois de devidamente corrigida copia-a para os comentários, pode ser que se perceba melhor. Mas se alguém dá apoio ao António Costa e depois diz que está com a CDU, depreende-se que em Lisboa apoia o candidato do PS e no resto do país os candidatos da CDU. Isto é o lógico, só não quer ver quem se recusa a encarar a realidade de frente ou a mascará-la, que me parece que vai ser a prática do PCP em relação a este caso. A ver vamos.

operário sem Word e fraquinho em gramática disse...

-Nem eu estou aqui para que o sr. doutor me responda, isso para mim é secundário.
-Tou é mais interessado em meter um pauzinho na engrenagem.
-Quanto à minha prosa ser difícil de entender.- Tem razão Sr. Doutor, eu sempre tive problemas com as letras em especial quando chega o dia de as liquidar.
-Mas o que interessa, é que a mensagem chegou e pelos vistos foi intendida no essencial.
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-Sobe o dá -Eu ouvi na TFS as palavras do MCS, e não ouvi o dá nem o dou-lhe.
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-Quanto à realidade!
-Que realidade?
- Aquela que os fazedores de opinião vendem ou a realidade de facto...
-Quem encara a realidade chega muito depressa a conclusão que o sr. António Costa não é a resposta para os problemas reais; esses sim reais dos lisboetas.
Agora pode ser a resposta para quem necessite de uma bicicleta dum triciclo dum emprego ou dum bom tacho lá isso é.
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- A ver vamos. Se todo é todo, ou se todo, é apenas e só uma parte do tal Todo.
-Até porque há houve já quem disse-se O Todo é mais que a Soma das Partes.

operário no estudo dos adjectivos disse...

" À Comissão Coordenadora Nacional da CDU

Lisboa, 7 de Outubro de 2009
Estimados Camaradas e Amigos,

Quero informar-vos, formalmente, que esta manhã me cruzei com o Dr. António Costa no Chiado, a quem disse: “Já que nos encontramos, quero desejar-lhe uma boa ponta final de campanha e dizer-lhe que os lisboetas e Lisboa precisam da sua vitória e, também, que o Senhor tenha capacidade para ouvir e convergir à esquerda, porque é preciso que Lisboa seja governada à esquerda”.

Transmito-vos, entretanto, que tal posição tem em conta as condições concretas e os objectivos políticos presentes na disputa eleitoral em Lisboa, e não põe em causa o meu apoio, claro e inequívoco, à Coligação Democrática Unitária (CDU) e aos seus objectivos gerais no conjunto das suas candidaturas, porque entendo que o País precisa do reforço da CDU.

Um abraço,
Manuel Carvalho da Silva"

-As palavras ditas da boca para fora pode leva-las o vento.
-Mas quando escritas têm marca de fogo.