Já quase tudo foi dito sobre o novo Governo. É visível mais a continuidade do que a mudança, acima de tudo porque se mantém o núcleo duro do Governo anterior.
Só gostaria de fazer alguns breves comentários a certas escolhas. Um deles é sobre a Ministra do Trabalho e da Segurança Social. É vulgar a social-democracia ir buscar para pastas do trabalho sindicalistas, mas isso verifica-se em países onde existe uma central única, controlada pelos próprios partidos trabalhistas ou sociais-democratas. Num país como o nosso, em que a criação da UGT foi artificial e enquadrada pelos partidos do centrão e em que a principal central, a CGTP, se recusou a assinar o novo Código do Trabalho, parece-me de mau gosto ir escolher para Ministra uma sindicalista da outra central, que concordou com aquele Código. Manuel Alegre já veio falar numa viragem à esquerda por força daquela nomeação, não me quero antecipar, mas parece-me precipitado tirar conclusões desse género.
Quanto ao Ministro da Defesa só por ironia se foi escolher alguém que gosta de malhar. Aqui estou com Pacheco Pereira, na Quadratura do Círculo, quando critica a nomeação de tal personagem, dizendo que ela tem pouco a ver com os militares e o seu mundo.
Também me parece que a indicação de Alberto Martins, o amigo de Alegre, para a pasta da Justiça não trará nada de bom, visto o senhor ter pouco traquejo na área. Ou tem alguém por detrás que lhe bichana as deixas ou só uma visão política e de diálogo não basta. Tem que ter alguma bagagem técnica.
O resto do Governo é o que já se sabe. Alguns são novos e ainda não mostraram nada, outros são antigos e já provaram tudo. O que fizeram não foi à esquerda, como alguns desejavam.
Resta-me falar da Ministra do Ambiente, que conheço muito bem. Considero-me seu amigo e tenho-lhe estima. Entrámos, eu, ela, o marido e mais alguns técnicos para a extinta Direcção de Serviços do Controlo da Poluição, da Direcção-Geral dos Recursos e Aproveitamentos Hidráulicos (DGRAH), nos longínquos anos de 1976/77. Quando no primeiro Governo de Cavaco, em 1985, Carlos Pimenta, como Secretário de Estado do Ambiente, exigiu que as águas interiores deste país controladas pela DGRAH, do Ministério das Obras Públicas, passassem a ser geridas pelo ambiente, aquela Direcção de Serviços passou na sua maior parte para a então recém criada Direcção-Geral da Qualidade do Ambiente. A maioria dos seus técnicos também e Dulce Pássaro assume na nova Direcção-Geral a chefia de uma divisão. Começa aí a sua carreira de chefia, tendo passado por todos os escalões intermédios, até chegar hoje a Ministra.
Verdade se diga, no entanto, que ela vem da área do PSD, que com o tempo e com a chegada de Sócrates ao Ministério se foi adaptando e ganhando fidelidades ao novo Ministro. Silva Pereira, sem ter feito a mesma tarimba de Lurdes Pássaro, é outro exemplo. Indicado por gente do PSD, do Ministério do Ambiente, para o Gabinete de Sócrates, ganha tal ascendência, que é hoje o indispensável número dois deste, deixando para trás Rui Gonçalves, o companheiro de Sócrates no PS e também, há época, seu Secretário de Estado.
Daqui dirijo à nova Ministra as maiores felicidades, pensando, no entanto, que ser ministra e política não é a mesma coisa que ser uma boa directora-geral técnica.
Só gostaria de fazer alguns breves comentários a certas escolhas. Um deles é sobre a Ministra do Trabalho e da Segurança Social. É vulgar a social-democracia ir buscar para pastas do trabalho sindicalistas, mas isso verifica-se em países onde existe uma central única, controlada pelos próprios partidos trabalhistas ou sociais-democratas. Num país como o nosso, em que a criação da UGT foi artificial e enquadrada pelos partidos do centrão e em que a principal central, a CGTP, se recusou a assinar o novo Código do Trabalho, parece-me de mau gosto ir escolher para Ministra uma sindicalista da outra central, que concordou com aquele Código. Manuel Alegre já veio falar numa viragem à esquerda por força daquela nomeação, não me quero antecipar, mas parece-me precipitado tirar conclusões desse género.
Quanto ao Ministro da Defesa só por ironia se foi escolher alguém que gosta de malhar. Aqui estou com Pacheco Pereira, na Quadratura do Círculo, quando critica a nomeação de tal personagem, dizendo que ela tem pouco a ver com os militares e o seu mundo.
Também me parece que a indicação de Alberto Martins, o amigo de Alegre, para a pasta da Justiça não trará nada de bom, visto o senhor ter pouco traquejo na área. Ou tem alguém por detrás que lhe bichana as deixas ou só uma visão política e de diálogo não basta. Tem que ter alguma bagagem técnica.
O resto do Governo é o que já se sabe. Alguns são novos e ainda não mostraram nada, outros são antigos e já provaram tudo. O que fizeram não foi à esquerda, como alguns desejavam.
Resta-me falar da Ministra do Ambiente, que conheço muito bem. Considero-me seu amigo e tenho-lhe estima. Entrámos, eu, ela, o marido e mais alguns técnicos para a extinta Direcção de Serviços do Controlo da Poluição, da Direcção-Geral dos Recursos e Aproveitamentos Hidráulicos (DGRAH), nos longínquos anos de 1976/77. Quando no primeiro Governo de Cavaco, em 1985, Carlos Pimenta, como Secretário de Estado do Ambiente, exigiu que as águas interiores deste país controladas pela DGRAH, do Ministério das Obras Públicas, passassem a ser geridas pelo ambiente, aquela Direcção de Serviços passou na sua maior parte para a então recém criada Direcção-Geral da Qualidade do Ambiente. A maioria dos seus técnicos também e Dulce Pássaro assume na nova Direcção-Geral a chefia de uma divisão. Começa aí a sua carreira de chefia, tendo passado por todos os escalões intermédios, até chegar hoje a Ministra.
Verdade se diga, no entanto, que ela vem da área do PSD, que com o tempo e com a chegada de Sócrates ao Ministério se foi adaptando e ganhando fidelidades ao novo Ministro. Silva Pereira, sem ter feito a mesma tarimba de Lurdes Pássaro, é outro exemplo. Indicado por gente do PSD, do Ministério do Ambiente, para o Gabinete de Sócrates, ganha tal ascendência, que é hoje o indispensável número dois deste, deixando para trás Rui Gonçalves, o companheiro de Sócrates no PS e também, há época, seu Secretário de Estado.
Daqui dirijo à nova Ministra as maiores felicidades, pensando, no entanto, que ser ministra e política não é a mesma coisa que ser uma boa directora-geral técnica.
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