Com este título, um pouco estapafúrdio, pretendo analisar as eleições autárquicas e os resultados da cidade de Lisboa, onde, ao contrário do que esperava, não fui eleito para a sua Assembleia Municipal. Sempre fui um carapau esperançoso.
I – Resultados nacionais
Antes de mais, uma pequena visão dos resultados a nível nacional. Há mais votantes nestas eleições, cerca de 142 mil, do que nas de 2005, apesar da abstenção agora ser maior. Os cadernos eleitorais estão inflacionados.
O PS sobe cerca de 150 mil votos entre 2005 e 2009. E sobe em 15 dias seis mil votos. Teve a 27 de Setembro, nas legislativas, cerca de 2 077 mil votos, e, a 11 de Outubro, cerca de 2083 mil. Ou seja, um resultado muito parecido, o que, apesar da diversidade de eleições, permite pensar que o PS não cresceu de umas para as outras eleições, nem nada no essencial se modificou em 15 dias.
O PSD, aliado ou não ao CDS, teve cerca de 2 139 mil votos nas presentes eleições. Em 2005 teve cerca de 2148 mil, mais 9 mil votos. Não sabemos, porque não me dei a esse trabalho, se as alianças com o CDS são coincidentes nas duas eleições. Mas de um modo impressivo diria que os resultados são muito semelhantes. Não encontro também justificação para o PS dizer que teve mais votos que o PSD, pois é manifestamente impossível saber o que é voto do PSD e do CDS.
Quanto à comparação em relação ao PSD, aliado ou não ao CDS, entre as legislativas e as autárquicas podemos fazer o seguinte exercício. Se somássemos os votos do PSD com os do CDS, nas legislativas, teríamos cerca de 2 246 mil votos, se retirássemos os cerca de 170 mil que o CDS sozinho teve nas autárquicas, teríamos cerca de 2076 mil votos, que é um valor inferior em cerca de 60 mil votos ao que PSD, aliado ou não ao CDS, teve nas presentes autárquicas, isto admitindo que o CDS manteve a mesma votação das legislativas para as autárquicas. Mas ficará sempre por saber se este crescimento se deve ao CDS ou ao PSD, eu por mim inclino-me para este último, dada a sua força autárquica.
Se formos a “esmiuçar” bem, há um crescimento do PS, pequeno em relação há 15 dias, bem maior em relação às anteriores autárquicas. O PSD, aliado ou não ao CDS, tem um crescimento em relação às legislativas, mas desceu muito ligeiramente em relação às autárquicas de 2005.
Que se passa com os outros partidos. O PCP-PEV desce cerca de 41 mil votos entre autárquicas, mas sobe 93 mil votos das legislativas para as autárquicas. Este é um dos grandes dramas do PCP que tem sempre uma votação muito mais expressiva nas autárquicas do que nas legislativas, o que levava o saudoso Luís Sá a falar da dificuldade que era em cada eleição manter um valor alto nas autárquicas, quando nas legislativas se baixava tanto.
O Bloco sobe entre eleições autárquicas 6 mil votos, o que é manifestamente pouco, e desce em relação às legislativas 391 mil votos, o que é uma barbaridade, só explicável pela falta de enraizamento do Bloco na vida local.
O CDS sozinho sobe, entre autárquicas, cerca de 11 mil votos.
Os grupos de cidadãos, maneira eufemística de englobar no mesmo saco delinquentes reconhecidos e acusados, com desavindos por boas ou má razões com os partidos que antes representavam, ou num ou noutro caso de genuína eleição de autarcas independentes, tiveram mais de cerca de 60 mil votos.
Se considerarmos os brancos e nulos, que diminuem significativamente (cerca de 67 mil votos), e algum crescimento de pequenos partidos, já temos o deve o haver destas eleições razoavelmente equilibrado.
Assim, poder-se ia afirmar comparando estas autárquicas com as de 2005 que o partido que mais cresce é o PS, o que se constata pelo aumento do número de Câmaras que detém, que quem perde mais em votos é a CDU e que apesar do PSD, coligado ou não com o CDS, perder câmaras, no cômputo geral não diminui muito em votos.
O Bloco mascara a derrota que teve, reconhecida pelo próprio Louçã, com o aumento de um número total de votos.
Concluindo, nem a vitória do PS é muito expressiva, nem a derrota dos outros é muito significativa. O poder local está, por assim dizer, muito equilibrado e pior de que tudo muito bipolarizado. Isso mesmo se verifica naquelas Câmaras em que ganha a CDU, porque aí a polarização é entre a CDU e o PS, porque o PSD quase que desaparece.
Em próximo post falarei da cidade de Lisboa e tentarei justificar este título.
Os resultados eleitorais podem ser consultados aqui.
I – Resultados nacionais
Antes de mais, uma pequena visão dos resultados a nível nacional. Há mais votantes nestas eleições, cerca de 142 mil, do que nas de 2005, apesar da abstenção agora ser maior. Os cadernos eleitorais estão inflacionados.
O PS sobe cerca de 150 mil votos entre 2005 e 2009. E sobe em 15 dias seis mil votos. Teve a 27 de Setembro, nas legislativas, cerca de 2 077 mil votos, e, a 11 de Outubro, cerca de 2083 mil. Ou seja, um resultado muito parecido, o que, apesar da diversidade de eleições, permite pensar que o PS não cresceu de umas para as outras eleições, nem nada no essencial se modificou em 15 dias.
O PSD, aliado ou não ao CDS, teve cerca de 2 139 mil votos nas presentes eleições. Em 2005 teve cerca de 2148 mil, mais 9 mil votos. Não sabemos, porque não me dei a esse trabalho, se as alianças com o CDS são coincidentes nas duas eleições. Mas de um modo impressivo diria que os resultados são muito semelhantes. Não encontro também justificação para o PS dizer que teve mais votos que o PSD, pois é manifestamente impossível saber o que é voto do PSD e do CDS.
Quanto à comparação em relação ao PSD, aliado ou não ao CDS, entre as legislativas e as autárquicas podemos fazer o seguinte exercício. Se somássemos os votos do PSD com os do CDS, nas legislativas, teríamos cerca de 2 246 mil votos, se retirássemos os cerca de 170 mil que o CDS sozinho teve nas autárquicas, teríamos cerca de 2076 mil votos, que é um valor inferior em cerca de 60 mil votos ao que PSD, aliado ou não ao CDS, teve nas presentes autárquicas, isto admitindo que o CDS manteve a mesma votação das legislativas para as autárquicas. Mas ficará sempre por saber se este crescimento se deve ao CDS ou ao PSD, eu por mim inclino-me para este último, dada a sua força autárquica.
Se formos a “esmiuçar” bem, há um crescimento do PS, pequeno em relação há 15 dias, bem maior em relação às anteriores autárquicas. O PSD, aliado ou não ao CDS, tem um crescimento em relação às legislativas, mas desceu muito ligeiramente em relação às autárquicas de 2005.
Que se passa com os outros partidos. O PCP-PEV desce cerca de 41 mil votos entre autárquicas, mas sobe 93 mil votos das legislativas para as autárquicas. Este é um dos grandes dramas do PCP que tem sempre uma votação muito mais expressiva nas autárquicas do que nas legislativas, o que levava o saudoso Luís Sá a falar da dificuldade que era em cada eleição manter um valor alto nas autárquicas, quando nas legislativas se baixava tanto.
O Bloco sobe entre eleições autárquicas 6 mil votos, o que é manifestamente pouco, e desce em relação às legislativas 391 mil votos, o que é uma barbaridade, só explicável pela falta de enraizamento do Bloco na vida local.
O CDS sozinho sobe, entre autárquicas, cerca de 11 mil votos.
Os grupos de cidadãos, maneira eufemística de englobar no mesmo saco delinquentes reconhecidos e acusados, com desavindos por boas ou má razões com os partidos que antes representavam, ou num ou noutro caso de genuína eleição de autarcas independentes, tiveram mais de cerca de 60 mil votos.
Se considerarmos os brancos e nulos, que diminuem significativamente (cerca de 67 mil votos), e algum crescimento de pequenos partidos, já temos o deve o haver destas eleições razoavelmente equilibrado.
Assim, poder-se ia afirmar comparando estas autárquicas com as de 2005 que o partido que mais cresce é o PS, o que se constata pelo aumento do número de Câmaras que detém, que quem perde mais em votos é a CDU e que apesar do PSD, coligado ou não com o CDS, perder câmaras, no cômputo geral não diminui muito em votos.
O Bloco mascara a derrota que teve, reconhecida pelo próprio Louçã, com o aumento de um número total de votos.
Concluindo, nem a vitória do PS é muito expressiva, nem a derrota dos outros é muito significativa. O poder local está, por assim dizer, muito equilibrado e pior de que tudo muito bipolarizado. Isso mesmo se verifica naquelas Câmaras em que ganha a CDU, porque aí a polarização é entre a CDU e o PS, porque o PSD quase que desaparece.
Em próximo post falarei da cidade de Lisboa e tentarei justificar este título.
Os resultados eleitorais podem ser consultados aqui.
1 comentário:
- Votos úteis, que bem mais cedo que tarde se transformaram em inúteis.
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