06/10/2009

Como se manipula a opinião pública


António Vitorino (AV) o comentador da RTP, que o PS arranjou para contrapor ao Professor Marcelo, fala de tudo e de nada, e a sua opinião é sempre aquela que traduz a posição oficial do PS, mas que aquele partido quer fazer passar como independente e verdadeira.
Assim, neste Dia da República, António Vitorino lá nos vendeu a sua opinião sobre as eleições para a Câmara de Lisboa. Temos assim que aquelas eleições são as mais polarizadas, em contraponto às do Porto, porque há uma coligação à direita que concorre contra o PS, que por sua vez se juntou com o Movimento dos Cidadãos, e porque as duas personalidades concorrentes são muito fortes. Ora tirando as personalidades muito fortes, mas que no Porto não serão menos, a situação em Lisboa é quase igual à do Porto. Uma coligação à direita entre PSD e CDS nas duas cidades, que em Lisboa juntou algum folclore local - o Partido da Terra e os monárquicos - contra o PS, que nesta cidade se coligou ao PS desavindo das últimas eleições intercalares, e depois igualmente as candidaturas do Bloco e da CDU.
Porque é que em Lisboa há tanta polarização? Porque a seguir o AV fala da exigência do voto útil no PS para derrotar a coligação de direita. E onde vai buscar AV esse voto, ao Bloco e à CDU.
Mas o mais espantoso é o que é dito a seguir. Como têm reagido aqueles dois partidos ao apelo ao voto útil? AV responde que a CDU reage com algum low profile e o Bloco erigindo o PS como o seu inimigo principal, pensando que pode perder algum terreno na cidade de Lisboa. E finaliza sobre as eleições em Lisboa antevendo o que sucederá se António Costa ganhar. A CDU será uma força cooperante e o Bloco de Esquerda será uma força de oposição até porque afastou o seu candidato. Esqueceu-se de dizer que o seu candidato até integra as listas de António Costa.
Dito isto, que poderá ser visto aqui, analisemos este discurso. Como já vimos as forças em presença são as mesmas que no Porto. Porque é que no Porto não há o apelo ao voto útil das forças à esquerda do PS? Porque este já dá como perdida a Câmara do Porto. Enquanto que em Lisboa isso não sucede e António Costa quer ganhar com maioria absoluta. Por isso, o apelo ao voto útil e esta subtil distinção entre a CDU, rapazes bem comportados, e o Bloco que transforma o PS em seu inimigo principal e se tornará numa força de oposição à possível maioria do PS.
Já se sabe onde leva este raciocínio. O Bloco mais uma vez transformado em inimigo principal, porque é aquele que pode roubar mais votos ao PS, por isso há que subtilmente virar as baterias contra ele.
Assim vai o comentário político em Portugal.

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