12/02/2011

O começo de uma revolução

Escrevi a 9 de Fevereiro um texto um pouco descrente do que poderia vir a acontecer no Egipto. Não via uma saída para o impasse em que as coisas estavam, pelo menos naquele fim-de-semana.

Hoje, depois da queda do ditador e da alegria dos milhões de egípcios, reconheço que as coisas evoluíram mais depressa do que eu antevia. No entanto, mais uma vez vejo gente a embandeirar em arco com aquilo que é só um começo. Não estamos ainda na revolução, mas sim a comemorar a queda do ditador. Foi isso que fizemos logo no 25 de Abril e depois no 1º de M aio. E no entanto, tínhamos de avanço sobre os egípcios, os PIDES presos e um exército dividido e com a baixa oficialidade pouco disposta a entregar de mão beijada o poder aos generais. Fomos saudados por toda a Europa. Hoje todo o mundo dá os parabéns ao Egipto, no entanto o poder está entregue a generais que durante anos foram o sustentáculo de regime e com ele se reproduziram e enriqueceram. Para lá da alegria que tudo isto me causa, como sou macaco com o rabo demasiado pelado, desconfio que a situação ainda esteja muito longe de estar resolvida, mesmo com o apoio de milhões, a revolução pode ser facilmente empalmada pelas antigas castas dirigentes.

Saudemos o começo da revolução e esperemos pelo seu triunfo.

PS.: rapaziada apressada já começou a fazer comparações históricas e a elaborar teorias. Não se precipitem, a história dá muitas voltas e nada é como a gente pensa.

2 comentários:

Luis disse...

"Para lá da alegria que tudo isto me causa, como sou macaco com o rabo demasiado pelado, desconfio que a situação ainda esteja muito longe de estar resolvida, mesmo com o apoio de milhões, a revolução pode ser facilmente empalmada pelas antigas castas dirigentes."

Exactamente como por cá aconteceu.

Zé do Boné disse...

´Para concordar com o Luís em absoluto só lhe faltou pôr acrescentar os infiltrados-etc $ tal