12/02/2011

Glórias do jornalismo português

Durante toda esta semana e no final da anterior um dos temas dominantes foi a possibilidade do PCP apresentar uma moção de censura ou votar uma apresentada pela direita.

Tudo isto começou com uma entrevista  de Jerónimo de Sousa a Maria Flor Pedroso, no dia 4 de manhã, sexta-feira, na Antena 1, depois tivemos já na segunda-feira seguinte, no Frente a Frente, da SIC Notícias, Benardino Soares a falar do mesmo assunto e, que eu tivesse reparado, António Filipe fez o mesmo na RTPN, terminando com Jerónimo de Sousa, a dar justificações ou directamente aos jornalistas ou numa intervenção numa reunião. Isto para não referir que não houve cão nem gato da comunicação social que não tivesse opinado sobre este assunto. Ou seja, até ao Bloco dizer que apresentava a sua moção de censura, esta quinta-feira, o tema da moção de censura do PCP foi objecto de variadas referências mediáticas.

Pode-se dizer que a comunicação social deturpou tudo o que o PCP disse, mas que o seu secretário-geral e alguns dos seus destacados dirigentes falaram no assunto é uma verdade indesmentível.

Pacheco Pereira, ontem, na Quadratura do Círculo, que provavelmente merecerá um post à parte, dizia para criticar o Bloco e defender o PCP, como é seu costume, que só tinha havido uma referência soft de Jerónimo de Sousa sobre o assunto. Mentira, como todos bem sabem e viram, houve igualmente as intervenções referidas.

Depois disto o que se esperava que o jornal do Partido Comunista, o Avante!, fizesse? Que desse a notícia da entrevista de Jerónimo, dos comentários dos seus deputados ou dos esclarecimentos posteriores de Jerónimo.

Durante a semana estive quase para fazer um post sobre o assunto, no entanto, apesar de ter ouvido a entrevista do Jerónimo, achei que seria melhor esperar pela saída do jornal do seu Partido, até na esperança de poder copiar ipsis verbis o que Jerónimo tinha dito a Flor Pedroso, em vez de estar a ouvir e a transcrever o que ouvia na rádio.

Pois rien de rien, nada, nicles. O Avante! era completamente omisso sobre este assunto, nem a entrevista de Jerónimo foi transcrita. Nem mesmo naquela rubrica que eu considero a Noite da Má Língua do Avante!, o Actual, há qualquer referência ao assunto, excepto uma pequena frase a dizer que o PSD não apresentava nenhuma moção de censura. Não sei onde foram descobrir isso, é tão verdade como o Público garantir que o PSD iria votar a moção do PCP.

Não seria natural que o jornal do Partido reflectisse o que os seus dirigentes dizem? Deixo no ar esta interrogação, quem quiser que tire as conclusões.

2 comentários:

Anónimo disse...

GLÓRIAS DA BLOGOSFERA NACIONAL

Pois é, prezados leitores, corria o ano da graça de 2011, ou seja o 37º ano de publicação do Avante! legal, e Jorge Nascimento Fernandes, manifestamente por causa de moções de censura, descobre esse facto estranhíssimo de o Avante! não ter transcrito uma entrevista de Jerónimo de Sousa à Antena UM.

Acontece porém que o Avante !, ao longo dos seus tais 37-anos-37-, de vida legal, em regra, nunca transcreveu entrevistas dos seus dirigentes, incluindo dos seus secretários-gerais, à rádio, a outros jornais e a televisões.

E certamente não foi só por causa da trabalheira danada que dá transcrever entrevistas designadamente às rádios e televisões mas sim por causa da noção da diferença entre um jornal (ainda que órgão central do PCP) e um mero boletim.

Se, por absurdo tivesse adoptado essa prática esdrúxula, talvez tivessemos JNF a clamar contra o lado fastidioso em termos jornalísticos da coisa ou a insinuar algum detestável «culto da personalidade» dos dirigentes.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Como já vem sendo costume você só lê o que lhe interessa, esquecendo completamente tudo resto. Como se percebe pelo meu texto, eu não me refiro só à entrevista do Jerónimo de Sousa, mas às intervenções que ao longo da semana foram produzidas por destacados membros do PCP. Ou seja, você é incapaz de reconhecer que o jornal do seu partido não faz a mais pequena referência ao assunto. Isto é que é de estranhar. Depois as suas considerações finais são de quem tem uma imaginação delirante, porque nunca me viu fazer crítica desse tipo ao Avante. Se tivesse pudor era melhor estar calado.