13/02/2011

A Esquerda depois da moção de censura

Ontem no Eixo do Mal, da SIC Notícias (não nos vou fazer outro relato do que lá se passou) Clara Ferreira Alves afirmava que o Bloco era afinal um partido colectivista, e outras coisas que tais, e não tinha correspondido às expectativas que se depositavam nele.
Para ela, para António Costa, e para outros tantos o Bloco de Esquerda deveria ser o apoia à esquerda do PS e a partir de agora não havia qualquer possibilidade de alguma vez se constituir um governo de coligação entre aquelas duas forças políticas.
Como já vos relatei no post anterior – um bocado aborrecido, diga-se de passagem – o Bloco, passou a ser o inimigo principal da ordem estabelecida. Para além da campanha da direita, aliada ao PS, de dizer que afinal este partido não serve para nada, aparece também a denúncia de que ele anda a enganar as pessoas. Tal como no tempo da PIDE se dizia que os democratas eram criptocomunistas (comunistas escondidos), agora o Bloco também passa por um partido democrcrítico de esquerda, mas afinal é comunista, trotskista, radical de esquerda e até colectivista.

José Neves já denunciou aqui esta nova argumentação e aqui também já falou da moção de censura que aquele partido vai apresentar, em termos que eu subscreveria.
Mas o mais espantoso foi este post elaborado por Tiago Mota Saraiva, que eu penso que é militante comunista, que muito lucidamente afirma que esta esquerda para certa gente deixou de ser “nova” e “sexy” e passou a “trotskista” e “radical” e Louçã deixou de ser “inteligente” para acumular “tiques revolucionários”. E mais do que isso faz uma crítica justa à posição assumida pela Renovação Comunista e por André Freire, terminando o post: “Toda esta concessão é embelezada pela ideia que a maioria silenciosa dos votantes no BE, gente séria e ponderada, deseja que este partido se constitua como um alicerce do PS e do Governo – exactamente como tantos outros partidos europeus fizeram com, aliás, extraordinários sucessos políticos e eleitorais…

De facto é isto que muita gente desejava que fosse o papel do Bloco de Esquerda, um partido engraçadinho, que retiraria votos ao PCP e serviria, nas alturas de aperto, para votar com o PS, as medidas de direita. Era este também o papel que o PCP gostaria que o Bloco representasse, para facilmente o classificar como social-democrata e como esse “grande” comunista Miguel Urbano Rodrigues lhe chama “esses pequeno burgueses enraivecidos”.
Neste aspecto não queria terminar sem sublinhar a boa prestação de Bernardino Soares no Expresso da Meia-noite, da SIC Notícias, desvalorizando as pequenas tricas que se querem criar entre o Bloco e o PCP.

PS.: Já que falamos de troskistas, aqui vai a fotografia do jovem revolucionário.
PS. (16/02/11): Não sei se a Clara Pinto Correia diria a mesma coisa, mas por amor á verdade corrijamos o nome para Clara Ferreira Alves.

3 comentários:

André Barata disse...

Jorge , estou inteiramente de acordo!

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Obrigado. Aparece sempre
Um abraço
Jorge

Armando Cerqueira disse...

Graças a Deus: antes colectivista que muleta de um partido de direita envergonhada, que é o caso do PS, partido burguês e capitalista, umas vezes reformista, outras liberal, desde os tempos da direcção do inefável Dr Soares. Não sou simpatizante do BE nem de outro partido. Para mim o BE não tem programa, não tem modelo de sociedade alternativo, não tem alternativa coerente para este statu quo. Mas prefiro-o assim, do que ao gosto da burguesia. Um abraço Jorge, do
Armando Cerqueira