16/07/2009

Segundas reflexões melancólicas sobre a política à portuguesa


Em dois dias, grandes desenvolvimentos se verificaram no nosso panorama político.
Helena Roseta e o seu movimento de cidadãos fizeram um acordo com António Costa para ser ela a número dois nas listas do PS à Câmara de Lisboa e conseguir ainda incluir, em área elegível, o Prof. Nunes da Silva, especialista em transportes.
Helena Roseta tinha dito, quando o Sá Fernandes e o Bloco de Esquerda fizeram um acordo com o Costa, "agora já se sabe para que serve o Zé", acabaram os dois na mesma lista. O Nunes da Silva no célebre debate no Prós e Contras sobre os contentores de Alcântara, atacou o Zé forte e feio, dizendo que antes era o Zé agora era o Sr. Vereador, pelos vistos parece que vão também aparecer na mesma lista.
São estes factos que descredibilizam a política, permitindo que os eleitores não acreditem nos seus eleitos.
E não se diga que se fez este sacrifício pela unidade de esquerda, ou pela possibilidade de cumprir o seu programa, quando ainda há bem pouco tempo essa possibilidade era recusada.
Simplesmente, nas primeiras sondagens, Helena Roseta aparecia atrás do Costa, mas à frente do Bloco e do PCP. Estava muito bem lançada para obter os mesmos dois vereadores que tinha alcançado nas eleições de 2007. Já nas últimas aparecia em último lugar, com possibilidades dela própria não ser eleita. Depois teríamos uma longa campanha de Verão, em que só se falaria de legislativas e o movimento dela não apareceria na televisão. Tinha 15 dias, entre 27 de Setembro e 11 de Outubro, para se fazer lembrada aos cidadãos de Lisboa. Assim, o melhor é fazer uma aliança e dizer que os outros, os da esquerda radical, é que não quiseram.

Ontem manifestei uma particular paixão por um artigo de Manuel Alegre sobre o PS de Sócrates. Acreditei pela resposta de António Vitorino que afinal eles estavam mesmo zangados e que o Manuel Alegre, ao contrário de muitos outros, não alinhava na versão português suave de apoiar Sócrates para não deixar a direita tomar o poder.
Hoje li nos media que Manuel Alegre estaria até disposto a ir colar cartazes para que o PS vencesse e a direita não cumprisse seu ideal: uma maioria e um presidente.
Afinal aquilo que eu antevi em Março que poderia acontecer: “acabar tudo com Manuel Alegre e Sócrates nos comícios eleitorais a darem vivas ao PS”, pode-se transformar, numa versão mais esforçada, com o Secretário-geral mais o Manuel Alegre a colarem cartazes no Largo do Rato, para impedirem a chegada de Manuela Ferreira Leite ao poder.
Estamos pois numa época de grande instabilidade e aquilo que foi verdade há uns tempos poderá rapidamente transformar-se no seu contrário. É preciso ter uma linha bem definida para não soçobrar às primeiras incongruências.

8 comentários:

F. Penim Redondo disse...

Caro Jorge,

temos que concluir que não acertas uma.

Operário a manjar-los de fininho disse...

-Um drama do caraças... Lisboa e o Santana de braço dado com o Paulinho das feiras e submarinos - A direita que desgraça!... etc & tal ...que vergonha traição se não andarem com o stº António ás Costas...e o Sócrates ao colo....
-O resto do país não conta?! para a esquerda caviar mais PS,"d" travestido de esquerda/modernaça a Manel alegre/farsola. O resto do país pode muito bem ser entregue ao Rui Rio ao Meneses e outros que tais que o PS,d não se importa Lisboa é Portugal o resto e feitio o que importa é dar um recado ao país para as legislativas e o pagode leve novamente ao colo o PS,d mais a sua politica de direita =>É regar e pôr ao Luar.
-A ver se o pagode, vai no embrulho.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Só não erra quem não mete as mãos na massa, quem está de palanque a apreciar o trabalho dos outros. Esses sim é que nunca erram.

Operário no recinto da Festa disse...

Bem me parece que anda muita gente a querer meter as mãos nas ma$$a do Zé Povo.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

É evidente que o meu comentário sobre as mãos na massa se referem ao do Fernando. penso que era claro.

Operário a construir a Festa disse...

-Claro que sim caro doutor eu entendi bem. Estava a referir outras mãos mais finas e delicadas.

Pedro disse...

Vá lá, não seja sectarista, onde é que está esse espírito de convergência?

Jorge Nascimento Fernandes disse...

O título que dei a este post tem em vista não só distanciar-me do seu conteúdo como também demonstrar que é com alguma mágoa que o escrevi. Penso, por isso, é um pouco difícil chamar-me sectário a propósito deste post. Mas cada um é livre de dar a sua opinião.