30/01/2011

Sectarismos, ódios e paranóias - I

No post anterior sobre o resultado das eleições para a Presidência da República fiz referência, por duas vezes, ao nome de Vítor Dias, do blog O Tempo das Cerejas. A primeira foi inócua, já que eu concordava com a relação que ele estabelecia, apesar dos contextos serem bastante diferentes, entre a votação de Pinheiro de Azevedo, em 1976, e a de Fernando Nobre agora. São assuntos passados, que só velhos como nós é que se recordam.

A segunda é relativa a uma pequena polémica que travei aqui com ele, a propósito da sua repetida afirmação de que votar nos opositores a Cavaco A, B ou C, na primeira volta, era aritmeticamente a mesma coisa, a que eu respondia que politicamente votar em A ou B não era a mesma coisa, já que não era indiferente quem ia à segunda volta, se a houvesse. Se a escolha fosse em Nobre, era para o PCP um bocado difícil apelar na segunda volta ao voto nele, depois de o seu jornal “o ter classificado como fascista.” Mas a seguir acrescentava: “coisa que diga-se de passagem, não sendo completamente verdade, tem algum fundo, vejam-se  as palavras de Nobre no debate com Francisco Lopes”. Este “vejam-se” remetia para um post anterior, onde fazia uma análise dos debates e, a propósito do realizado entre Francisco Lopes e Fernando Nobre, dizia que este tinha feito afirmações que roçavam “perigosamente o fascismo”.

Que me responde Vítor Dias nos comentários ao meu post, que eu tinha-me que pôr de acordo com Francisco Louçã porque enquanto que este dizia que “Nobre fez uma campanha com traços populistas – o jornal do PCP chama-lhes “fascistas”, o que é certamente inaceitável –“, para mim, que não tinha engravidado (penso que seja esta a expressão, pois o que escreve VD foi "engracidou") de ouvido, o jornal do PCP classifica-o “como fascista”, no singular. E termina VD “espero que considere que chamar «fascistas» a TRAÇOS DE POPULISMO NÃO é A MESMA COISA QUE CHAMAR FASCISTA AO CANDIDATO.
Como se percebe, para quem leu o meu texto, eu não citava o Francisco Louçã, mais remetia para um texto meu anterior até ás eleições, enquanto que o de Louçã é posterior, e apesar de não transcrever ipsis verbis o que dizia o jornal do PCP, até concordava com ele, pois achava que, no debate com Francisco Lopes, as afirmações de Nobre roçavam “perigosamente o fascismo”.
Percebe-se deste primeiro comentário que não só VD não lê com cuidado os textos que critica, como os apoiantes de Alegre teriam que seguir as palavras de Louçã, tal como ele, VD, bebe de certeza os comunicados do Comité Central.

O segundo comentário ainda é mais sectário. Porque, não tendo percebido nada do que escrevi, continua a dizer que eu fazia uma referência crítica ao Avante. Percebe-se perfeitamente que no meu post não havia qualquer referência crítica ao Avante, havia sim uma referência crítica às contas aritméticas de VD que podiam não bater certo com as contas políticas.
E depois num gesto de puro sectarismo, ódio e paranóia, vem referir a propósito de nada que Francisco Louçã trafulhou (verbo que não existe segundo o Portal de Língua Portuguesa) duas vezes. Quando atribuía autoria de uma crónica assinada ao jornal do PCP. Rábula muito antiga de VD, que sempre quis separar as crónicas assinadas no Avante, das posições do seu director, como se elas não reflectissem o mesmo pensamento. Se o seu blog, nos textos de opinião, reflecte sempre as posições do seu Partido, não havia de acontecer isso no jornal Avante.
Depois numa apreçada manipulação transforma os “traços populistas”, que segundo Louçã “seriam, para o jornal do PCP “fascistas”, em fascista, cometendo assim o mesmo erro que me atribui a mim logo no seu primeiro comentário. De facto o que dizia o articulista é que o pensamento político de Nobre era fasciscante e não fascista, mas em qualquer dos casos, como VD sublinhou no seu primeiro comentário, era o pensamento político e não o candidato que era fascista.

Já se sabe que isto não teria importância nenhuma se VD se limitasse simplesmente a comentar as minhas afirmações, quando o que pretendia era por um lado dizer que eu contradizia Louçã. Como se no Bloco, ao contrário do que sucede no PCP, não haja liberdade pública de se discordar de Louçã, ou seja de quem for, e ao mesmo tempo chamar trafulha a Francisco Louçã, numa clara manifestação de sectarismo, ódio e paranóia.

Em próximo post irei comentar as posições do PCP sobre o Bloco, de que VD é, neste momento, um simples peão de brega.

5 comentários:

Anónimo disse...

Jorge Nascimento Fernandes:

Eu sei que isso joga a desfavor do meu discernimento e inteligência mas confesso que percebi tanto deste seu post como se ele fosse escrito em mandarim.

Para descanso da sua rigidez ortográfica, confesso ainda quue foi propositadamente que inventei a palavra «trafulhou» e até a acho bastante engraçada.

Sim e mantenho que Louçã «trafulhou» quando converteu
o «fascistas» aplicados a traços de pensamento de Nobre constante de um crónica assinada no Avante! em «fascista» aplicado ao candidato.

E voltou a «trafulhar» quando atribuiu uma perda de votos ao candidato do PCP como se os partidos ou candidatos tivessem de ser imunes ao aumento da abstenção.

Por fim, todos os leitores de «o tempo das cerejas», consultando até as horas dos «posts», sabe que, de facto, nunca escrevo sem antes ler um comunicado do PCP sobre a matéria.

E o SIS sabe muito bem que antes de comentar o resultado das presidenciais eu telefonei para a SPG a obter luz verde para o meu post.

Ah e gostei muito do «peão de brega», nem calcula como me ofendeu,a mim que sou de Vila Franca de Xira e amigo do José Júlio e do Mário Coelho.

Anónimo disse...

O Trix-Nitrix é uma trafulhice pegada.

Todo ele é sectarismo, ódio e paranóia !


João Pedro

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Vítor Dias finge não perceber para não dar o braço a torcer da leitura apressada que fez do meu post.
Segundo, quanto mais escreve mais se espalha. No seu primeiro comentário dizia criticando-me, e transcrevendo Louçã, que “chamar «fascistas» a TRAÇOS DE POPULISMO NÃO é A MESMA COISA QUE CHAMAR FASCISTA AO CANDIDATO.”Agora afirma que Louçã “trafulhou” “quando converteu o «fascistas» aplicados a traços de pensamento de Nobre constante de um crónica assinada no Avante! em «fascista» aplicado ao candidato”. O que está certo é o seu primeiro comentário ou o segundo.
Se o seu ódio ao Bloco e a Louçã não fosse tão grande, até era capaz de escrever coisas acertadas, como faz muitas vezes. Mas esse seu sectarismo cega-o de tal maneira que já nem sabe o que escreve.
Por agora fico-me por aqui.

Armando Cerqueira disse...

Caro Jorge: não percebo por que se dá ao trabalho de polemizar com Vítor Dias. Ele é de um vazio de ideias, de um bolôr mental, de um sectarismo bacoco tão gritante que a única atitude correcta seria deixá-lo falar sozinho. Nos anos 1960-70 o PCP tinha intelectuais inteligentes, que pensavam, que nos ensinavam alguma coisa. Mas com a derrota do projecto comunista (implosão da URSS) o PCP entrou infelizmente em decadência. Digo-o sinceramente com pena: são quase cadáveres intelectualmente. É o caso de Vítor Dias, lamento.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Caro Armando Cerqueira
Desculpe só agora lhe responder.
Já outros amigos me têm dito que eu não devo polemizar ou responder ao Vítor Dias. Até outros, confesso, que me têm dito que eu fui muito agressivo para com ele. Sucede que por razões iniciais, provavelmente ao acaso, escolhi o seu blog, daquela área política, para consultar quase diariamente e por isso vou lendo as suas opiniões, como o faço com outros que incluí na mesma categoria. Sucede que há coisa com que não concordo e portanto me dá vontade de retorquir aqui no meu blog. Ora o Vítor Dias tem uma qualidade, vai sempre à luta. Bem posso eu comentar posts de outros blogs que raramente obtenho resposta, do Victor Dia há sempre qualquer comentário. Por vezes bastante irritantes e deturpadores. Mas é o que tenho.
Provavelmente haverá também uma razão psicanalítica, é o combate entre mim o meu passado de militante do PCP. Mas aqui entro por caminhos já muito pessoais.
Já agora, se tiver oportunidade de ler este meu comentário, informo-o que espero encontrar a minha prima Lea no próximo Sábado, nos anos do seu pai e meu tio, que faz 96 anos e continua a ser o Director da Seara Nova. Irei falar de si com ela, de modo a me lembrar como é que nos conhecemos.
Um abraço