Vai realizar-se em Lisboa uma cimeira da NATO nos dias 19 e 20 próximos. Não vou discutir aqui, será fácil perceber a minha opinião, a razão da existência da NATO e o porquê desta cimeira em território nacional, quero só abordar as medidas tomadas e o controlo estrito da informação que tem sido realizado.
Em primeiro lugar as medidas que vão ser tomadas parecem colocar o país, e particularmente Lisboa, em Estado de Sítio. Não me sentia assim desde o 25 de Novembro, quando a partir de certas horas era proibido circular em Lisboa.
Mas não é só isso. Hoje foi noticiado que tinham sido detidos na nossa fronteira um espanhol e uma portuguesa, por transportarem armas brancas e comunicados anarquistas. Quanto às armas, pela descrição feita, pareceram-me canivetes de limpar as unhas, quanto aos comunicados, de repente pareceu-me voltar aos tempos dos comunicados da PIDE, que afirmavam que uns tantos indivíduos tinham sido apanhados na posse de propaganda subversiva. Verdadeiramente, não há nenhum jornalista que confronte o oficial da GNR que fazia estas declarações, se neste pais está proibida a propaganda anarquista – é mais fácil confrontar o primeiro-ministro com perguntas parvas do que um oficial da GNR –. Não podemos tolerar situações deste género. O regime democrático garante a liberdade de expressão. Os meios de informação, especialmente as televisões, transformaram este atentado às nossas liberdades numa situação banal, que merece repressão por parte das autoridades.
O segundo ponto, tem sido, além da constante exibição dos treinos das polícias, a espantosa subserviência dos jornalistas, pelos menos da RTP, ao irem interrogar os lojista da Baixa e da Avenida da Liberdade se não têm medo das manifestações, nem que lhes partam as montras. Nenhum jornalista sério foi capaz de dizer que há uma manifestação que foi comunicada à polícia, e que portanto se pode realizar, marcada para o dia 20, que decorre entre o Marquês de Pombal e o Rossio. Mais, nenhum jornalista, pelo menos da RTP, foi interrogar os promotores desta manifestação, perguntando-lhe as razões da mesma e se eles não têm um serviço de ordem que assegure o bom desenrolar da mesma. Não houve, que eu tenha conhecimento qualquer contraditório em relação à NATO e à realização da cimeira em Lisboa. Mais, tem-se insistido até à exaustão na possibilidade de desacatos e de haver manifestantes anti-globalização e anti-NATO que provoquem distúrbios.
Tal como eu já tinha alertado José Manuel Anes, que na juventude era uma marxista convicto, e que actualmente, além de pertencer a essa associação secreta chamada maçonaria, é presidente da direcção do Observatório de Segurança Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), veio mais uma vez dizer uns dislates para a televisão e não só (ver aqui e aqui), e o pior é que lhe deram tempo de antena. Garantiu que já estavam no nosso país militantes anarquistas prontos a fazerem distúrbios. Há quem me garante que o “rapaz” é simpático, eu quando era jovem também o achava, hoje não passa de um mero provocador, pronto a colaborar com o terror instalado.
Quero ver se ainda se vai realizar algum programa na televisão de debate entre quem é pró-NATO e anti-NATO – que belo tema para o Prós e Contras, de 2º feira. Pelo que se está a ver, todo o mundo sensato é a favor da NATO, o resto são uns desordeiros prontos a atentar contra ordem estabelecida, que até transportam comunicados anarquista. Estamos pois perante a maior operação de desinformação que tenho assistido. A isto o Sr. Pacheco Pereira nada diz.
PS. (às 16h15): já hoje, no noticiário das 11h00, da SIC Notícias, uma locutora depois do GNR ter dito que duas pessoas tinham sido detidas por posse de arma branca, perguntou de seguida se também pelos comunicados anti-polícia. Aqui o GNR resolveu desconversar e dizer que serão detidos todos aqueles que viessem com objectivos de provocar distúrbios – não sei como os distinguem. Portanto, os panfletos anarquistas já se transformaram em anti-polícia: coisa que verdadeiramente eu não sei o que seja. Deve ser de algum sindicato de GNR que não gosta dos seus comandantes. Mas o que é mais espantoso é que esta pergunta, que eu pensei que resultasse da alta congeminação da jornalista, estava também incluída numa notícia da TSF. Portanto, vem provavelmente via Agência Lusa. Ou seja, o Governo ou a sua Central de Contra-Informação, achando ridículo que se prendesse alguém por transportar comunicados anarquistas, transformou-os em anti-polícia. Temos portanto jornalistas que puseram a sua independência informativa ao serviço da contra-informação governamental e da NATO.
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