Há tempos, antes de ter publicado esse grande sucesso que foi o meu post sobre o Manta Beach Club, tinha escrito um outro sobre um fenómeno que percorria os media portugueses e que se estava a avolumar no Público, que era o aparecimento de um conjunto de comentadores de direita, alguns mesmo profundamente reaccionários, que eram contratados em função da boçalidade dos seus comentários.
Palavras não eram ditas e no programa da SIC Notícias, o Eixo do Mal, o comentador residente José Júdice foi substituído por um outro chamado Pedro Marques Lopes, com ar de pegador de toros (ver fotografia ao lado), e que me pareceu demasiado jovem para ter vivido no tempo do fascismo.
José Júdice tinha comentários de direita, era anti-comunista, mas tinha a experiência de ter passado, antes do 25 de Abril, pela Pró-associação dos Liceus, e de pelo menos não fazer afirmações que roçassem o reaccionarismo mais boçal.
Quando abri a televisão no Sábado já o programa ia adiantado. Até certa altura, tudo parecia normal, quando de repente se fala na Festa do Avante e Pedro Marques Lopes, com um fúria típica de fascista, começa primeiro por dizer que se a Festa hoje parecia normal e era notícia nos principais órgãos de informação, devíamo-nos lembrar que já tinha apoiado as ditaduras mais sinistras do Planeta, chamando “colaboracionistas” (termo nada inocente) aos responsáveis que na Festa que promoviam aqueles regimes. Falou igualmente da propaganda que lá se fazia “desse ícone pop” chamado Che Guevara, tratado com grande desprezo, e em muitas outras coisas, enquanto lhe deram tempo de antena. Daniel de Oliveira lá foi defendendo a honra dos comunistas, considerando que a Festa do Avante tinha sido, em determinado momento, a maior manifestação de cultura popular existente no país, com que o outro gozou, considerando que era igual aos festivais do Sudoeste e do Super Rock, Super Bock. Lembrou o Daniel o papel desempenhado pelo PCP na resistência ao fascismo, a que outro retorquiu considerando que aquele partido queria implantar uma nova ditadura.
Estamos pois perante um reaccionário convicto, que a produção – As Produções Fictícias – foi buscar por essa mesma razão e que permite que um programa que alguém considerou estar desequilibrado para a esquerda, vá contar com dois comentadores de direita, Luís Pedro Nunes e o novo residente, uma PS envergonhada, Clara Ferreira Alves, e Daniel de Oliveira, do Bloco de Esquerda
Dirão alguns que isto se encontra equilibrado, pois eu acho que não. Primeiro falta alguém próximo do PCP, já que pelos vistos vai ser o bombo da festa nos próximos tempos, e depois tinha havido, até ao momento, a decência de o pessoal de direita ter um comportamento civilizado, onde a boçalidade dos novos tempos não prevalecia.
Mas não foi esse o critério seguido. Este novo espécime foi caçado na blogosfera. Parece que escreve para o Acidental, que eu não frequento, mas igualmente para o blog da revista Atlântico, que há tempos tinha uma capa com o Che Guevara com o bigodinho de Hitler. Elucidativo, não é.
É difícil adaptar-me a esta nova vaga que percorre com grande desenvoltura os media dominantes em que a boçalidade reaccionária está novamente a vir ao de cima e, mais do que isso, pagam-lhe para ser assim. Acho difícil ser de esquerda e conviver com esta gente.
Palavras não eram ditas e no programa da SIC Notícias, o Eixo do Mal, o comentador residente José Júdice foi substituído por um outro chamado Pedro Marques Lopes, com ar de pegador de toros (ver fotografia ao lado), e que me pareceu demasiado jovem para ter vivido no tempo do fascismo.
José Júdice tinha comentários de direita, era anti-comunista, mas tinha a experiência de ter passado, antes do 25 de Abril, pela Pró-associação dos Liceus, e de pelo menos não fazer afirmações que roçassem o reaccionarismo mais boçal.
Quando abri a televisão no Sábado já o programa ia adiantado. Até certa altura, tudo parecia normal, quando de repente se fala na Festa do Avante e Pedro Marques Lopes, com um fúria típica de fascista, começa primeiro por dizer que se a Festa hoje parecia normal e era notícia nos principais órgãos de informação, devíamo-nos lembrar que já tinha apoiado as ditaduras mais sinistras do Planeta, chamando “colaboracionistas” (termo nada inocente) aos responsáveis que na Festa que promoviam aqueles regimes. Falou igualmente da propaganda que lá se fazia “desse ícone pop” chamado Che Guevara, tratado com grande desprezo, e em muitas outras coisas, enquanto lhe deram tempo de antena. Daniel de Oliveira lá foi defendendo a honra dos comunistas, considerando que a Festa do Avante tinha sido, em determinado momento, a maior manifestação de cultura popular existente no país, com que o outro gozou, considerando que era igual aos festivais do Sudoeste e do Super Rock, Super Bock. Lembrou o Daniel o papel desempenhado pelo PCP na resistência ao fascismo, a que outro retorquiu considerando que aquele partido queria implantar uma nova ditadura.
Estamos pois perante um reaccionário convicto, que a produção – As Produções Fictícias – foi buscar por essa mesma razão e que permite que um programa que alguém considerou estar desequilibrado para a esquerda, vá contar com dois comentadores de direita, Luís Pedro Nunes e o novo residente, uma PS envergonhada, Clara Ferreira Alves, e Daniel de Oliveira, do Bloco de Esquerda
Dirão alguns que isto se encontra equilibrado, pois eu acho que não. Primeiro falta alguém próximo do PCP, já que pelos vistos vai ser o bombo da festa nos próximos tempos, e depois tinha havido, até ao momento, a decência de o pessoal de direita ter um comportamento civilizado, onde a boçalidade dos novos tempos não prevalecia.
Mas não foi esse o critério seguido. Este novo espécime foi caçado na blogosfera. Parece que escreve para o Acidental, que eu não frequento, mas igualmente para o blog da revista Atlântico, que há tempos tinha uma capa com o Che Guevara com o bigodinho de Hitler. Elucidativo, não é.
É difícil adaptar-me a esta nova vaga que percorre com grande desenvoltura os media dominantes em que a boçalidade reaccionária está novamente a vir ao de cima e, mais do que isso, pagam-lhe para ser assim. Acho difícil ser de esquerda e conviver com esta gente.
9 comentários:
Já aqui tinha deixado um comentário mas, pelos vistos, não cheguei a enviá-lo (Se ficarem dois, apaga o 1º, sff).
Tenho estima por ti e por isso aqui vai.
Em circunstâncias que não vêm ao caso, conheci recentemente o PML e o que sobre ele escreves deixou-me de boca aberta. Julgaste-o, drasticamente, por umas dezenas de minutos televisivos.
PML é de direita? Assume-se como tal, mas os seus «amigos» acusam-no constantemente por andar com a esquerda. E anda e identifica-se com ela em muitos campos. Sabes por acaso que foi um defensor activo pelo Sim à IVG? E não só.
Tomáramos nós termos na direita (e já agora também na esquerda) muitos PML’s. Sabes que estou nos antípodas de quem nega que tenham desaparecido distinções esquerda-direita, mas o mundo não é a preto e branco, Jorge.
Quanto ao Eixo do Mal, óptima a substituição de Júdice. Prefiro consistência a trocadilhos e ironia bacoca. Invocar o argumento da idade e da vivência ou não vivência antes do 25ª? Mas até quando? E garanto-te que não sinto lá a falta de nenhum PC porque, por mais que me custe reconhecê-lo, isso sim tornaria o diálogo impossível.
É óbvio que eu não falaria da festa do Avante com os termos que ele usou. Mas sempre te digo uma coisa: fui lá, à Festa, onde não punha os pés há 30 anos e onde só penso voltar daqui a uns outros 30 - ou seja, nunca mais.
Abraço
Correcção:
«...de quem AFIRMA que tenham desaparecido distinções esquerda-direita...»
Denunciar o apoio do PCP a algumas ditaduras é ser reaccionário?!
Não vi o programa, mas se o que o Pedro Marques Lopes disse foi o que escreve, então mais não fez do que o exercício de salubridade que se impunha.
É irrelevante a importância cultural da festa ao olhar político. É lavar uma mão com a outra.
O PCP tem uma lista de convidados para a festa do avante, nela incluem-se partidos fascistas como o Partido Comunista da Federação Russa e partidos ditatoriais como o Partido Comunista Chinês, o Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte e o Partido Comunista de Cuba.
O PCP deve responder politicamente por isso.
Pode fazê-lo de várias maneiras. Uma é procurar as devidas justificações, que devem ser da estratégia ensopada no contorcionismo leninista que analisa as "condições objectivas" de cada país, interpreta a ditadura como "diferenças culturais", diferencia o "olhar ocidental" e trálálá. A outra forma é chamando boçal, fascista e reaccionário aos que questionam.
Eu sei qual é a mais fácil.
E atenção que a sua esquerda não é a minha. Nem acho que se deva fazer como o Daniel Oliveira e sublimar a linguagem para atenuar a pancada. Acho até que devem apanhar mais pancada desta porque a vossa esquerda não interessa e está-se a fazer o jogo da direita, por via da descridibilização da esquerda, se não se denunciar.
Cumprimentos
Será Alzheimer????
Você não se dá conta que está a usar um argumento que o velho Salazar usou?
Eu quase não vivi o periodo antes do 25 de Abril, não tenho, nem orgulho nem vergonha, pois apenas tinha 8 anos, mas o seu postal insulta-me pois diz simplesmente que eu e milhões de outros Portugueses (de esquerda e direita) somos incompetentes para contribuir para o progresso de Portugal.
Você é que já está "demodé", já contribuiu. Agora espero que goze bem a sua reforma bem merecida com certeza e deixe o país entregue às gerações seguintes (de esquerda e direita).
Afinal de contas como é que você se acha competente, se nem sequer viveu no tempo de D. Afonso Henriques?
Finalmente tenho [i]feed-back[/i] sobre os meus escritos políticos. Ainda bem. A falar é que a gente se entende. Se bem compreenderam o que escrevi, este [i]post[/i] vinha na sequência de um anterior em que eu fazia afirmações semelhantes ao que digo neste. Simplesmente aqui referi o ataque à Festa do Avante e isso foi motivo para alguns sinos vibrassem imediatamente na cabeça de alguns dos intervenientes.
O significado do meu [i]post[/i] corresponde a uma ideia que eu manifesto de que os media têm vindo a contratar comentadores de direita, e quanto mais reaccionários melhor, unicamente porque pensam que têm mais audiências e ao admitirem isso estão igualmente a fomentar a implantação desse mesma ideologia. Estamos pois perante um círculo vicioso.
Havia nos media dominantes uma certa tolerância que não permitia que nem os comunistas ligados ao PCP dissessem muitas aleivosias, o que reconheço não está ultimamente a suceder, nem a direita manifestasse o seu reaccionarismo mais primário. Veja-se por exemplo os comentários de Marcelo, os de Pacheco Pereira e de muitos outros com quem é possível manter um diálogo. Ora é contra a alteração desta situação que eu me tenho vindo a insurgir neste meus [i]posts[/i].
Sobre isto os meus detractores nada disseram.
Em relação à apreciação que faço de Pedro Marques Lopes pode ser injusta, reconheço. Mas pela amostra do que vi, não fiquei muito sossegado. Nem sei se a continuar por este caminho vai dar uma grande saúde ao programa, que vive essencialmente de uma certa cumplicidade entre todos contra o poder estabelecido, seja o de Santana Lopes, que foi por onde começou, seja o de Sócrates.
Depois, em termos um pouco ofensivos para quem se diz de esquerda, embirram muito com a minha referência ao comentador não ter vivido nos tempos do fascismo. Reconheço que esta afirmação não é muito gentil para a juventude, simplesmente a referência a este passado estava relacionada com o facto de quem viveu esse tempo, tem algum pudor em fazer afirmações desabridas, para não dizer reaccionárias, sobre os seus opositores de esquerda, principalmente ligadas ao PCP e acima de tudo quando não está ninguém que o possa defender.
Quanto às ditaduras referidas eu tive a preocupação de afirmar que o próprio comentador não se estava a referir à situação actual, mas sim ao passado, quando ainda existia “campo socialista”. Sei que para muitos isso só vem agravar a situação, mas sejamos claros quando ainda existia URSS, havia uns que a defendiam, outros que defendiam a China maoista e a Albânia e aqueles que se abrigavam debaixo da civilização ocidental e cristã, capitaneada pelos Estados Unidos.
Para todos aqueles que me consideram simplista, a ver tudo entre o bons da esquerda e os maus da direita. As vossas apreciações sobre o que é hoje o fascismo e a ditadura são quanto a mim do mais simplistas que há. Valha-me S. Pacheco Pereira que produziu recentemente um texto sobre a China e a Rússia a todos os títulos notável.
Por último e só para dar um exemplo do que eu considero ser o reaccionarismo mais boçal,e sobre o qual já fiz um post e que tornei a referir neste último, é a apresentação da imagem do Che Guevara com o bigodinho do Hitler. O que têm a dizer sobre isto?
Desculpem, pus-me a tentar pôr algumas palavras em itálico e saiu borrada. Por outro lado, não sei apagar comentários já inseridos. Ainda tenho muito que aprender.
Embora com sincera estima, não posso deixar de assinalar que a Joana Lopes está mesmo «azeda» em relação aos comunistas.
Atento sobretudo na sua frase «Quanto ao Eixo do Mal (...) garanto-te que não sinto lá a falta de nenhum PC porque, por mais que me custe reconhecê-lo, isso sim tornaria o diálogo impossível.»
Eu que não poucas vezes reclamei mais pluralismo e menos discriminações contra os comunistas na comunicação social, por acaso (ou antes, por alguma razão!)nunca reclamei a presença de nenhum comunista num programa como o «Eixo do Mal».
Mas isso não me impede de verificar que Joana Lopes até já transpõe a impossibilidade de diálogo com o PCP que sentenciou a propósito do comício do Trindade para um simples programa meio-ligeiro meio-sério como o «Eixo do Mal».
Será que no espirito de certas estimáveis pessoas voltámos ao tempo em que se jurava que a área comunista era toda ela «um deserto de valores» e que todos mas todos os comunistas são uns cinzentões, incapazes de graça e de ironia, de exibição de alguma cultura e inteligência e intratáveis do ponto de vista do diálogo com outros.
Se fosse o caso, o que não quero acreditar, dava-me vontade de escrever que podem alguns acreditar ou não mas a verdade é que,contrariados ou contentes, não há dia nenhum em que os comunistas não tenham de dialogar com cidadãos de outras posições políticas.
Pois é.
O balsemão é muito democrático, mas põe uns palhaços a insultar os comunistas sem que estes se possam defender.
O salazar também utlizava estes métodos.
Quantos aos comentadores deste blog que acham tudo isto muito bem, pois estão ao nível do Balsemão e do Salazar
Manuel Monteiro
Lamento mas não é esta a minha linguagem, nem é este, no essencial, o meu ponto de vista. A realidade não é tão simples como a queremos representar, por isso eu não concordo com as opiniões expressas por este último comentador.
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