14/07/2011

Uma reunião da Fórum Manifesto - I

Realizou-se no Sábado, 9 de Julho, uma reunião aberta denominada O Bloco e os Caminhos da Esquerda, seguida de uma Assembleia-geral da Associação Fórum Manifesto, onde foram eleitos os novos corpos gerentes daquela Associação.
O que é a Fórum Manifesto?

Penso que os meus leitores, nem sempre a par destas picuinhices da esquerda portuguesa, querem um pouco mais de informação sobre este grupo.

Não vou ser rigoroso nas datas, pois só mais recentemente me integrei nele. No entanto, posso informar que a Fórum Manifesto é o continuador da Política XXI, um dos partidos fundadores do Bloco de Esquerda. A sua figura mais visível, não sei se o seu dirigente há época, era o Miguel Portas. Em determinada altura por razões que desconheço, foi abandonado o termo Política XXI e foi adoptado o nome da revista, que então o grupo do Miguel Portas editava, que era a Manifesto.

Possuo cinco números, que vão Novembro de 2002 a Abril de 2004. Recordo que pela mesma altura a Renovação Comunista, através do Campo da Comunicação, editou, dirigida pelo Edgar Correia, a revista Ideias à Esquerda. O primeiro número é da Primavera de 2003 e o quarto, e último número, é de 30 de Maio de 2005, que já estava pronto quando o Edgar faleceu.

Só me refiro a isto porque houve alguma disputa entre as duas, que no fundo tentavam abranger o mesmo tipo de leitores. Em relação à segunda senti-me fortemente ligado, tendo redigido mesmo alguns artigos e feito parte do seu Conselho Editorial.

Mas, como quase tudo que é revista de esquerda, também qualquer das duas não sobreviveu. No entanto, o grupo que editava a Manifesto continuou como associação política, na altura, ainda de modo informal, a ser uma das componentes do Bloco de Esquerda.

Eu devo ter sido convidado a participar nas suas reuniões por volta de 2005, quando houve uma aproximação entre aquele partido e a Renovação Comunista. Como eu já relatei em post  anterior, nas eleições legislativas de 2005 houve um acordo entre o Bloco e a Renovação Comunista, que se reflectiu na ida para o parlamento do João Semedo. Esse acordo foi depois prolongado para as autárquicas para Lisboa, no apoio dado a Sá Fernandes. Acho que participei em todas as reuniões da Fórum Manifesto a partir dessa data. A Direcção da Renovação ainda chegou a participar em peso numa delas, mas depois da ruptura com o Sá Fernandes, nunca mais apareceu.

Fórum Manifesto sentindo necessidade de se organizar, como parece que continuava a suceder com as outras correntes do Bloco, decidiu, já não me recordo quando, constituir-se formalmente em Associação  Fórum Manifesto, elaborar uns estatutos e eleger uma Direcção. Fui convidado a integrar o Conselho Geral.

Na Assembleia do dia 9 foi eleita uma nova Direcção, a segunda, em que continuo a integrar o Conselho Geral e em que o Presidente da Direcção Executiva é o José Guilherme Gusmão. O Miguel Portas integra unicamente o Conselho Geral, tal como o José Manuel Pureza e a Ana Drago, esta última pertencendo também à Direcção.

Este longo texto, aborrecido e um pouco auto-promocional, visa unicamente integrar os meus leitores nesta pequena história, de modo a que no próximo post que dedicarei à referida reunião não se sintam a nadar sobre este grupo obscuro que forma o Bloco de Esquerda. E digo obscuro, porque a imprensa quando se refere aos grupos fundadores do Bloco faz sempre referência à Política XXI, que, como eu provei, já não existe e em sua substituição há sim a Fórum Manifesto.

3 comentários:

F. Penim Redondo disse...

Grande Jorge, gabo a tua incansável participação. Infelizmente, apesar do teus esforço, as "damas" por que te bates parecem cada vez mais obscuras e não conseguem singrar.
Um abraço e não desistas nunca.

F. Penim Redondo disse...

P.S. A nossa geração assistiu ao impensável desmoronamento da URSS e à pulverização da "cortina de ferro", que parecia dar início ao domínio sem freio dos States. Agora temos no horizonte a inacreditável implosão do império americano, com que tantos sonhámos, mas não é possível qualquer regozijo pois ninguém consegue perceber que tipo de barbárie virá a seguir.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Para além da maneira graciosa com que tratas o meu empenhamento político, não acredito que o império se esteja a desmoronar. Já estarei eu a dar voltas no caixão e ainda ele há-de permanecer. Provavelmente os nossos netos terão algumas novidades sobre as suas alterações, mas isso é futurologia que não me atrevo a fazer.