16/07/2011

Uma medida idiota de uma ministra pateta

Estou a falar da propaganda que hoje foi passada em todos os telejornais de que a Ministra da Agricultura, do Ambiente e de outras coisas mais permitia, autorizava, vá lá, para ser mais simpático, facilitava a apresentação dos seus funcionários sem gravata, para o ar condicionado não ser tão utilizado.

Tudo isto cheira a propaganda da mais boçal e ordinária.

Primeiro, não há nenhuma lei que obrigue os funcionários públicos a apresentarem-se de gravata e muito menos nos serviços que a senhora ministra tutela.

Segundo, pela imagens que foram mostradas, pareceu-nos que quem aparecia sem gravata eram os seus múltiplos secretários de estado – lá se via o homem do queijo limiano – e um jovenzito a gabar-se de ser engenheiro e que faz provavelmente parte  do staff do seu gabinete.

Terceiro, a maioria dos funcionários que trabalham nas direcções-gerais são mulheres, que são incentivadas a aparecerem com roupa mais larga. Não sei o que isto seja, nem se as próprias perceberão o que se lhes está a pedir.

Quarto, no meu tempo de funcionário do Ministério do Ambiente, nunca usei gravata e penso que o mesmo sucedia com quase todos os outros trabalhadores, excepto os mais velhos e as chefias.

Então no ex-Ministério da Agricultura, cujos técnicos estão quase permanentemente no campo, o seu traje é normalmente o adequado a esses trabalhos.

Ou seja, resumindo e concluindo, só nos gabinetes da ministra e dos secretários de estado é que esta medida vai ser acatada e andarão todos muitos satisfeitos a mostrar que cumpriram as ordens de S. Ex.ª. Algumas chefias mais ciosos do seu lugar seguirão a medida, o resto estar-se-á marimbando para aquilo que não passa de propaganda. Gostaria que os jornalistas fizessem um pequeno trabalho de investigação para saber quem é que no Ministério está a seguir estas determinações.

PS. 17/07/11: o disparate chega ao ponto de o Público, de Sábado, garantir que a Ministra assinou um despacho a dispensar os seus funcionários do uso da gravata. Mas que lei ou despacho anterior é que obrigava os funcionários a irem de gravata para o trabalho? Mas diz mais o Público, o uso de gravata é facultativo. Como sempre foi, sem ser preciso haver qualquer despacho. E termina com esta afirmação, mas quando "esteja em causa a imagem do Estado, ela (a gravata) volta a estar presente. “Para Bruxelas, vamos de gravata”, diz a ministra." Mas que determinação é que obrigava a ir-se a Bruxelas de gravata? Isto dependia da livre decisão do funcionário. Só o CDS, cheio de tiques conservadores, é que pode ser o responsável por esta historieta de gravatas e os jornalistas aceitam isto como verdades absolutas sem se interrogarem qual é o fundamento de tudo isto. Por aquilo que é dito na notícia fica-se a perceber que esta decisão só terá efeito nos gabinetes da Ministra e dos seus Secretários de Estado e provavelmente nos directores-gerais que, quando forem a despacho ao Ministério, para estarem de acordo com as novas normas, deixam a gravata no seu gabinete.

2 comentários:

Armando Cerqueira disse...

...mas toda a propaganda deste governo é do mais boçal, ordinário, falso e demagógico, com a possível excepção do Ministro Crato. PM e Ministros apregoam atoardas para justificar novos impostos e taxas, anunciam intenções mais gravosas e não implementam as medidas que antipopularmente subscreveram com o PS e o triumvirato, sem cuidar dos interesses do País e do nosso Povo.

Por uma questão de princípio e metodológica 'não quero criticar' já este governo - embora nele não acredite - mas as primeiras impressões face à sua actuação são muito más. Parece-me dos piores governos de sempre.
...O Dr Cunhal tinha o hábito de afirmar que o governo de então era pior que o anterior...
Cumprimentos

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Apesar de ser militante do PCP na época de Cunhal, sempre achei errado afirmar-se que tinha sido uma grande vitória dos trabalhadores a queda do Governo anterior,quando o seguinte era pior do que aquele que estava. Só a partir dos Governos de Cavaco, que duravam os quatro anos regulamentares, é que esta teoria foi abandonada.