Só me lembro de ouvir falar de Fernando Nobre pela primeira vez a propósito da invasão do Iraque pelos americanos e pelos seus amigos europeus. Fernando Nobre na altura, com alguma dignidade, opôs-se à invasão e deu a cara por isso. Tempos depois, a ATTAC de Sines convida-o para um debate sobre a guerra do Iraque, estive lá e tudo o que disse pareceu-me justo e acertado. Por isso, quando recentemente foi o mandatário nacional pelo Bloco de Esquerda para a lista às eleições europeias, não estranhei.
Mas não sabia, por culpa minha, da missa a metade. Fernando Nobre tinha sido apoiante de Durão Barroso, para primeiro-ministro – parece que depois ficou desiludido com o papel que este desempenhou na Cimeira das Lajes – e de António Capucho para a Câmara de Cascais. Pelo meio apoiou também um autarca do PS.
Quando se candidatou à Presidência da República e sabendo eu o frete que lhe tinham encomendado, de combater a candidatura de Manuel Alegre, fiquei profundamente desiludido. Mais fiquei quando ouvi o seu discurso de apresentação. Escrevi mesmo um post a denunciar alguma esquerda que se tinha deixado embalar pelas palavras do dito, exclusivamente por ódio sectário a Manuel Alegre.
Depois, na altura dos debates entre os candidatos a Presidente da República, fiz um outro post a que a propósito do debate entre Fernando Nobre e Francisco Lopes, considerei que uma das afirmações de Fernando Nobre era tão grave, que roçava perigosamente o fascismo. Esta classificação foi forte, mas o que Fernando Nobre disse não o era menos.
Pelos vistos, no momento de desespero e de desorientação em que muita gente de esquerda mergulhou, Nobre consegue uma votação menos má. Tornando-se por isso um candidato apetecível para qualquer um dos partidos do centrão. No entanto, nunca pensei que um candidato que tinha sido uma criação de Mário Soares, para entalar o seu “amigo” Manuel Alegre, se virasse contra o seu criador e fosse aceitar um lugar de destaque nas listas do PSD. Temos por isso um moderno Frankenstein, que foge ao destino que lhe tinham traçado.
Engana-se o PSD se pensa que, com este candidato, irá conquistar votos à esquerda. Cai na mesma ilusão do PS quando se convenceu que Vital Moreira, por ser ex-PCP, iria atrair votos daquela área política. Os portugueses não perdoam a quem os andou a enganar, provavelmente por isso, e por outras razões, não votaram em Manuel Alegre porque o opositor ao candidato oficial do PS nas anteriores eleições veio a ocupar a mesma posição de Mário Soares, transformando-se, malgré lui, no candidato do socratismo.
PS.: afinal soube hoje pela TV que também tinha pertencido à Comissão Política da última candidatura de Mário Soares à Presidência da República. (12/04/11) Num comentário a este post avisam-me que também tinha andado metido com a Causa Monárquica, facto que eu já sabia, mas de que não me lembrava. Estranha personagem, com um ego maior do que o mundo.
3 comentários:
Malgré lui?
Também eu fui enganado pelas mesmas razões, mas esqueceu-se de referir mais esta relação:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:Ej4hTf2zyEoJ:causamonarquica.com/2010/08/16/expresso-fernando-nobre-o-nao-praticante/+nobre+causa+mon%C3%A1rquica&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.com.br
Um abraço Alegro.
Brissos
Comentário certeiro. Mas penso, ou quero pensar, que Alegre não queria ser o candidato de Sócrates, mas sim de todo o PS.O problema é que para ser do PS, tinha quer ser de Sócrates e aqui é que bate o busílis. Foi isso que eu tentei explicar no post a seguir.
Quanto ao Graza já acrescentei a sua informação ao post
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