Joana Lopes faz aqui uma grande citação de um post do Victor Dias, em que este explica muito bem explicadinho, como é seu costume, porque é que não se deve apelar ao voto útil em qualquer dos candidatos que se opõem a Cavaco Silva.
Depois daquelas contas feitas, apeteceu-me rever a aritmética utilizada e refazer politicamente esta contabilidade.
Comecemos por uma afirmação que António Costa fez há tempos, na Quadratura do Círculo: se votarem, por exemplo, cem mil eleitores, Cavaco, para ser eleito à primeira volta, precisa de 50 mil votos mais um. Se votarem só 60 mil, Cavaco só necessita de 30 mil mais um. Por isso a abstenção favorece Cavaco e não os seus opositores. Ora o que é válido para Cavaco também é válido para o conjunto dos seus opositores, portanto por aí não podemos ir. Tudo depende qual dos lados se abstém mais. Assim, o princípio acima anunciado só faz sentido se todos aqueles que não suportam Cavaco, e não tenham candidato à sua medida, forem votar nos opositores ao actual Presidente da República. Por isso, José Neves, do blog Vias de Facto, como não gosta de nenhum, mas acima de tudo embirra com Cavaco, acha que é suficientemente exótico ir votar em Defensor de Moura. E não basta, como já disse a Comissão Nacional de Eleições, votar branco ou nulo, é preciso expressar validamente o voto para que ele entre na percentagem dos 50 %. Ou seja, deve-se votar em todos, menos em Cavaco.
No entanto, dito isto, vamos às contas do Victor Dias. Mesmo que Cavaco não tenha os 50% mais um, resta a pergunta e quem vai à segunda volta? Eu por mim não tenho dúvidas, quero que seja Manuel Alegre. Mas Victor Dias não deve com certeza ter esta preferência, por isso seria importante apelar e achar que o voto útil seria em Francisco Lopes, para que este possa ir à segunda volta. Foi por estas e por outras que em 1986, Salgado Zenha não foi à segunda volta, o que teria evitado todos aqueles sapos que tivémos que engolir. Maria de Lurdes Pintassilgo retirou-lhe os votos necessários para isso acontecer. Por este motivo, ou Victor Dias, sem o dizer já acredita na possibilidade de ser Manuel Alegre a ir à segunda volta com Cavaco ou implicitamente quer que isso suceda. Pois, de outro modo, apelaria ao voto útil no seu candidato, pois não é indiferente em quem se deposita o voto. Por este andar ainda Fernando Nobre se arriscaria a ir à segunda volta. E uma situação destas já se passou em França. Quando ninguém esperava, quem passou à segunda volta foi Le Pen.
Por isso, diria que estas coisas não são simples aritmética têm por trás alguma reflexão política. Se não gosta de Cavaco, e nenhum dos outros é da sua preferência, vote naquele que mais satisfaz o seu ego. Porque não em Coelho? Sempre poderia ir ao poleiro. Mas se quer votar conscientemente vote em Manuel Alegre, para garantir que seja este a ir à segunda volta.
Depois daquelas contas feitas, apeteceu-me rever a aritmética utilizada e refazer politicamente esta contabilidade.
Comecemos por uma afirmação que António Costa fez há tempos, na Quadratura do Círculo: se votarem, por exemplo, cem mil eleitores, Cavaco, para ser eleito à primeira volta, precisa de 50 mil votos mais um. Se votarem só 60 mil, Cavaco só necessita de 30 mil mais um. Por isso a abstenção favorece Cavaco e não os seus opositores. Ora o que é válido para Cavaco também é válido para o conjunto dos seus opositores, portanto por aí não podemos ir. Tudo depende qual dos lados se abstém mais. Assim, o princípio acima anunciado só faz sentido se todos aqueles que não suportam Cavaco, e não tenham candidato à sua medida, forem votar nos opositores ao actual Presidente da República. Por isso, José Neves, do blog Vias de Facto, como não gosta de nenhum, mas acima de tudo embirra com Cavaco, acha que é suficientemente exótico ir votar em Defensor de Moura. E não basta, como já disse a Comissão Nacional de Eleições, votar branco ou nulo, é preciso expressar validamente o voto para que ele entre na percentagem dos 50 %. Ou seja, deve-se votar em todos, menos em Cavaco.
No entanto, dito isto, vamos às contas do Victor Dias. Mesmo que Cavaco não tenha os 50% mais um, resta a pergunta e quem vai à segunda volta? Eu por mim não tenho dúvidas, quero que seja Manuel Alegre. Mas Victor Dias não deve com certeza ter esta preferência, por isso seria importante apelar e achar que o voto útil seria em Francisco Lopes, para que este possa ir à segunda volta. Foi por estas e por outras que em 1986, Salgado Zenha não foi à segunda volta, o que teria evitado todos aqueles sapos que tivémos que engolir. Maria de Lurdes Pintassilgo retirou-lhe os votos necessários para isso acontecer. Por este motivo, ou Victor Dias, sem o dizer já acredita na possibilidade de ser Manuel Alegre a ir à segunda volta com Cavaco ou implicitamente quer que isso suceda. Pois, de outro modo, apelaria ao voto útil no seu candidato, pois não é indiferente em quem se deposita o voto. Por este andar ainda Fernando Nobre se arriscaria a ir à segunda volta. E uma situação destas já se passou em França. Quando ninguém esperava, quem passou à segunda volta foi Le Pen.
Por isso, diria que estas coisas não são simples aritmética têm por trás alguma reflexão política. Se não gosta de Cavaco, e nenhum dos outros é da sua preferência, vote naquele que mais satisfaz o seu ego. Porque não em Coelho? Sempre poderia ir ao poleiro. Mas se quer votar conscientemente vote em Manuel Alegre, para garantir que seja este a ir à segunda volta.
Post com algumas alterações também aqui incluído.
2 comentários:
O que o Jorge Nascimento Fernandes acaba de fazer em relação ao meu «post» (que é uma repetição de outro mais antigo) é o seguinte : esquecer o seu assumido objectivo -o de arrasar a não pouco frequente ideia de que a multiplicidade de candidaturas à esquerda favorece a eleição de Cavaco na primeira volta - e, de seguida, achar que nele falta isto ou aquilo.
Ora, saibam os leitores que no meu citado «post», porque já sei do que certas casas gastam, eu até tive o cuidado de anteceder as considerações aritméticas desta frase : «e cometendo a excepcional generosidade de deixar até de lado o aspecto - central e determinante - do projecto político e da afirmação clara e sem equívocos e habilidades de uma aspiração de real ruptura com a política que o país há tanto tempo sofre».
De resto, tenho escrito o bastante para deixar claro o meu empenho na obtenção do melhor resultado que fôr possível para Francisco Lopes.
Só que para isso não preciso nada de falar de «voto útil» na sua degradada versão corrente, bastando-me falar sim, usando a palavra ou não, da incomparável «utilidade» política do voto em Francisco Lopes.
Você não perde pitada. Ainda quase que não tinha escrito o post e já me estava a responder.
Mas vejamos. Como vê eu sigo o seu raciocínio em relação àqueles que não gostando de nenhum candidato, e odiando o Cavaco, devem ir explicitamente votar. Mas de seguida acrescento que não é indiferente no candidato em quem se vota. Porque não podem todos passar à segunda volta. E das duas uma ou nos empenhamos muito no nosso candidato, o que eu não duvido que o faça em relação ao Francisco Lopes, ou então ele não passará à segunda volta, se a houver. Por isso, não quis deixar de alertar para que não é indiferentemente votar em qualquer dos candidatos que se opõem a Cavaco, e tenho dúvidas que todos se oponham a ele, pois nesse universo indiferenciado pode muito bem suceder que vá a segunda volta quem nós não queiramos que vá. Para mim, não sei se para si, não é a mesma coisa ir Manuel Alegre ou Fernando Nobre. Foi por isso que citei o exemplo, já antigo, da não passagem de Salgado Zenha à segunda volta, obrigando-nos depois a ter que engolir alguns sapos. Ou então aquele exemplo mais clássico e trágico de ser Le Pen que passou à segunda volta. Acho que está tudo dito e explicado
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