Tivemos ontem na Televisão Pública dois programas em honra e louvor do PS.
O primeiro foi o comentário político de António Vitorino, no Notas Soltas , e o segundo Prós e Contras, da Fátima Campos de Ferreira.
Mas comecemos pelo título do post. Sempre achei que o PS era, entre os tradicionais partidos políticos portugueses, aquele mais recorria a um conjunto mediano de figuras políticas que nos tomavam por parvos e que achavam que bastava uma resposta, a que eu chamaria chico-esperta, para justificarem situações complexas e melindrosas. Havia uma figura, o Jorge Lacão, hoje menos em evidência, que era perito nisso, mas o actual porta-voz, Vitalino Canas, não foge à regra. Ora foi isto mais ou menos que ontem se verificou naqueles dois programas.
António Vitorino achou por bem utilizar uma pequena mentira para tentar desvalorizar um assunto sério. Vejamos, aquele comentador disse que a carta rogatória inglesa, que afirmava que José Sócrates era “suspeito”, tinha-se baseado na carta anónima inicial, a que desencadeou todo este processo. Ora a verdade é que os ingleses recorreram à anterior carta rogatória portuguesa, que foi a única a que tiveram acesso. É verdade que António Vitorino atribuiu esta informação à Procuradora-Geral Adjunta, Cândida Almeida, mas apesar da senhora meter os pés pelas mãos na entrevista que deu a Judite de Sousa, nunca chegou a afirmar aquilo com clareza.
O que se pretende quando se invoca a carta anónima, e este não é o primeiro caso, é desvalorizar as perguntas dos inglese na sua carta rogatória. Se o procurador já disse que não há nada de relevante em relação à justiça nesta carta rogatória dos ingleses, se ela se baseia numa carta anónima, todo este processo é uma fraude, uma “campanha negra”. A verdade é que a carta rogatória inglesa se baseia em carta semelhante portuguesa que, pelos vistos, já em 2005, revelava que as investigações iam bastante adiantadas. Estamos a ver como uma simples mudança de cartas pode levar a conclusões muito diferentes.
Quanto ao Prós e Contras, tirando a intervenção séria de Eduardo Dâmaso, jornalista, e do politólogo, que teve um carácter meramente informativo, tudo o mais foi uma feira de vaidades em que cada um quis exibir os seus dotes oratórios e de esperteza. Realça-se, esse destacado vira casacas, José Miguel Júdice, que na sua juventude foi fascista assumido, como eu já aqui provei, e que posteriormente tem pertencido a todos os partidos que batem à porta do seu escritório de advogado. Houve também um interveniente, Raposo Subtil, que parece que também é advogado, que lançou umas alarvidades sobre os deputados, com a complacência generalizada de todos os intervenientes.
Mas quem se destacou foi o nosso ex-Secretário de Estado do Ambiente, Rui Nobre Gonçalves. Esta figura, que eu tenho por técnico competente na área da avaliação de impacto ambiental, dada a sua formação em engenharia do ambiente, deixou-se deslumbrar pelo poder e mostra que não tem nenhuma espessura política para os lugares que ocupou. E disso deu prova ontem à noite na sua intervenção não técnica. Mais uma vez recorreu à figura do chico-esperto, que tenta justificar esta tema do Freeport pela cabala montada pelos juízes, que perderam com este Governo algumas regalias. Ainda não sei se houve reacções corporativas a estas afirmações, mas elas são de uma gravidade extrema, que mereceriam uma resposta à altura, dada de certa maneira por Saldanha Sanches.
Já agora e para terminar, gostaria de referir que a defesa do Primeiro-Ministro e do PS em relação ao caso Freeport é perfeitamente suicidária. Querem-se vitimizar e acusam incertos de desencadearem uma “campanha negra” contra eles. Se campanha negra houve foi de facto durante três anos um processo que tinha arrancado a grande velocidade, segundo revelou ontem Eduardo Dâmaso e parece que motivada pelas eleições que estavam à porta, adormecer na pequena comarca do Montijo, só tendo saído de lá porque os ingleses se interessaram pelo caso. Portanto, a “campanha negra” resulta de uma justiça, ou de uma investigação policial, que só funciona quando é pressionada pelos acontecimentos ou conforme os Governos assim desenterram ou escondem os processos. Tudo o mais é conversa de chico-esperto que pretende lançar poeira para os olhos dos outros. Adquirindo um sentido mais grave quando é Santos Silva a falar. Já não é poeira, mas ameaça concreta. Não se esqueçam que este Ministro chamou ao seu gabinete a imprensa para lhe dizer que não sabia quem estava por detrás da “campanha negra” e que isso era uma função da polícia. Este homem é perigoso, dêem-lhe poder e vejam onde chega.
O primeiro foi o comentário político de António Vitorino, no Notas Soltas , e o segundo Prós e Contras, da Fátima Campos de Ferreira.
Mas comecemos pelo título do post. Sempre achei que o PS era, entre os tradicionais partidos políticos portugueses, aquele mais recorria a um conjunto mediano de figuras políticas que nos tomavam por parvos e que achavam que bastava uma resposta, a que eu chamaria chico-esperta, para justificarem situações complexas e melindrosas. Havia uma figura, o Jorge Lacão, hoje menos em evidência, que era perito nisso, mas o actual porta-voz, Vitalino Canas, não foge à regra. Ora foi isto mais ou menos que ontem se verificou naqueles dois programas.
António Vitorino achou por bem utilizar uma pequena mentira para tentar desvalorizar um assunto sério. Vejamos, aquele comentador disse que a carta rogatória inglesa, que afirmava que José Sócrates era “suspeito”, tinha-se baseado na carta anónima inicial, a que desencadeou todo este processo. Ora a verdade é que os ingleses recorreram à anterior carta rogatória portuguesa, que foi a única a que tiveram acesso. É verdade que António Vitorino atribuiu esta informação à Procuradora-Geral Adjunta, Cândida Almeida, mas apesar da senhora meter os pés pelas mãos na entrevista que deu a Judite de Sousa, nunca chegou a afirmar aquilo com clareza.
O que se pretende quando se invoca a carta anónima, e este não é o primeiro caso, é desvalorizar as perguntas dos inglese na sua carta rogatória. Se o procurador já disse que não há nada de relevante em relação à justiça nesta carta rogatória dos ingleses, se ela se baseia numa carta anónima, todo este processo é uma fraude, uma “campanha negra”. A verdade é que a carta rogatória inglesa se baseia em carta semelhante portuguesa que, pelos vistos, já em 2005, revelava que as investigações iam bastante adiantadas. Estamos a ver como uma simples mudança de cartas pode levar a conclusões muito diferentes.
Quanto ao Prós e Contras, tirando a intervenção séria de Eduardo Dâmaso, jornalista, e do politólogo, que teve um carácter meramente informativo, tudo o mais foi uma feira de vaidades em que cada um quis exibir os seus dotes oratórios e de esperteza. Realça-se, esse destacado vira casacas, José Miguel Júdice, que na sua juventude foi fascista assumido, como eu já aqui provei, e que posteriormente tem pertencido a todos os partidos que batem à porta do seu escritório de advogado. Houve também um interveniente, Raposo Subtil, que parece que também é advogado, que lançou umas alarvidades sobre os deputados, com a complacência generalizada de todos os intervenientes.
Mas quem se destacou foi o nosso ex-Secretário de Estado do Ambiente, Rui Nobre Gonçalves. Esta figura, que eu tenho por técnico competente na área da avaliação de impacto ambiental, dada a sua formação em engenharia do ambiente, deixou-se deslumbrar pelo poder e mostra que não tem nenhuma espessura política para os lugares que ocupou. E disso deu prova ontem à noite na sua intervenção não técnica. Mais uma vez recorreu à figura do chico-esperto, que tenta justificar esta tema do Freeport pela cabala montada pelos juízes, que perderam com este Governo algumas regalias. Ainda não sei se houve reacções corporativas a estas afirmações, mas elas são de uma gravidade extrema, que mereceriam uma resposta à altura, dada de certa maneira por Saldanha Sanches.
Já agora e para terminar, gostaria de referir que a defesa do Primeiro-Ministro e do PS em relação ao caso Freeport é perfeitamente suicidária. Querem-se vitimizar e acusam incertos de desencadearem uma “campanha negra” contra eles. Se campanha negra houve foi de facto durante três anos um processo que tinha arrancado a grande velocidade, segundo revelou ontem Eduardo Dâmaso e parece que motivada pelas eleições que estavam à porta, adormecer na pequena comarca do Montijo, só tendo saído de lá porque os ingleses se interessaram pelo caso. Portanto, a “campanha negra” resulta de uma justiça, ou de uma investigação policial, que só funciona quando é pressionada pelos acontecimentos ou conforme os Governos assim desenterram ou escondem os processos. Tudo o mais é conversa de chico-esperto que pretende lançar poeira para os olhos dos outros. Adquirindo um sentido mais grave quando é Santos Silva a falar. Já não é poeira, mas ameaça concreta. Não se esqueçam que este Ministro chamou ao seu gabinete a imprensa para lhe dizer que não sabia quem estava por detrás da “campanha negra” e que isso era uma função da polícia. Este homem é perigoso, dêem-lhe poder e vejam onde chega.
PS. (6/2/09): Acusei o António Vitorino de mentir a propósito da sua referência à carta que esteve na origem da carta rogatória dos ingleses. Hoje, depois de ouvir a Quadratura do Círculo, da SIC Notícias, ficou para mim claro que foi o próprio Procurador-Geral da República, no seu comunicado, que fez recuar a origem da carta rogatória inglesa à carta anónima. No entanto, continuo a achar estranho que uma carta anónima já contivesse tanta informação como aquela que nos é prestada pela carta rogatória inglesa. Parece-me pois que continuam a lançar alguma poeira para os nossos olhos. Ao insistirem que tudo já estava escrito na carta anónima, que ainda por cima fazia parte de uma cabala, que, segundo o Pacheco Pereira, no programa referido, era alimentada por imbecis, estão a tentar desmontar um caso, que se fosse como dizem já se tinha resolvido em duas penadas. Há, no entanto, um tio que disse publicamente coisas que não são tão simples de fazer desaparecer do processo.
PS. (08/02/09). Por lamentável equívoco, de que só hoje dei conta, chamei ao ex-Secretário de Estado do Ambiente, Rui Nobre Gonçalves, Rui Mário Gonçalves, um destacado crítico de arte, que eu conheci quando frequentávamos os dois a Faculdade de Ciências e onde ele já começava a sobressair como interessado em temas artísticos. As minhas desculpas aos dois. O erro já foi corrigido.
2 comentários:
O “Pinóquio” Pinto de Sousa é um caso imbatível do nosso falido espectro político. Neste fedorento caso, ressalto vários aspectos inegáveis, e já não falo em quem ficou com o dinheiro:
1 – O sr. bacharel Pinto de Sousa, como secretário de estado “a que isto chegou” do ambiente tomou conhecimento duma tentativa de corrupção e branqueamento de capitais, que lhe foi comunicada pelo tio, e nada fez, isto é, não mandou o caso para a Justiça, nem o denunciou à Procuradoria.
2 – Como governo de gestão não tinha capacidade para aprovar os decretos que aprovou a mata-cavalos a três dias das eleições.
3 – O projecto, ferido de ilegalidade, tinha sido chumbado por duas vezes.
4 – Para fazer (somente?) um favor o sr. bacharel Pinto de Sousa alterou os limites da Reserva Natural ou Zona Protegida Especial, e aleluia, ficou tudo legal!
5 – A defesa que a sr.ª procurador fez do sr. bacharel Pinto de Sousa, até parece que o DCIAP é o novíssimo Departamento de Controlo da Informação de Apoio ao Primeiro-ministro.
Aliás a tal central de propaganda do Departamento de Controlo da Informação de Apoio ao Primeiro-ministro está activo nos comentadores, na televisão, haja lavagem cerebral.
Do blogue achei-o interessantíssimo, que se vista com pleno agrado, a merecer mais e muitas visitas.
Obrigado pelo seu comentário. Já fui visitar o seu blog e apesar de provavelmente não concordar com a maioria das coisas que lá diz, eu era do PCP na altura, hei-de acrescentar o seu blog à minha lista, pois há uma vertente histórica e factual que é importante preservar.
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