Uma arreliante lombalgia, coisa de que já falei num post lá muito para trás, prendeu-me à cama durante uns dias. Dirão uns que óptima oportunidade para escrever. Comigo isso não funciona. Escrever na cama, utilizando o computador, é impossível, e sentar-me numa cadeira torna-se doloroso.
Por isso, o objectivo que me propus de fazer uma apreciação das críticas que foram feitas à Convenção do Bloco de Esquerda foram por água abaixo, por perda de oportunidade. Resta-me pois fazer algumas críticas a um semanário que tratou daquela Convenção e sobre outros media que relataram acontecimentos recentes.
Referência do Expresso à Convenção do Bloco de Esquerda (impossível de obter os links)
É possível que no Sábado anterior tivesse havido algum palpite sobre aquela Convenção. No número que saiu esta semana, no dia 14, com a Convenção já terminada, as notícias que vêm no Expresso são estas A Joana já não mora aqui. Vídeo com a história do Bloco reduz Joana Amaral Dias a três segundos. E depois numa rubrica que pretende ter graça, Gente e a Esquerda Photoshop. Do passeio do Volga à convenção do Areeiro, onde se mostram duas fotografias de Estaline (ver iamagens do post), uma juntamente com um comissário político e outra em que este foi apagado, depois de ter sido assassinado pelo ditador. Se este assunto não fosse demasiado sério, dir-se-ia que era uma brincadeira de mau gosto. Mas não, é a tentativa da direita de menosprezar uma Convenção que pode merecer críticas, mas onde só por delírio de imaginação provocatória se pode falar em apagamento de personagens.
É por estas e por outras que venho falando na direita boçal, que requinta quando utiliza estes métodos.
Até um insuspeito Ferreira Fernandes tem no Diário de Notícias um artigo de opinião em que afirma Mas Joana Amaral Dias Foi Apagada De Quê?
Por isso, o objectivo que me propus de fazer uma apreciação das críticas que foram feitas à Convenção do Bloco de Esquerda foram por água abaixo, por perda de oportunidade. Resta-me pois fazer algumas críticas a um semanário que tratou daquela Convenção e sobre outros media que relataram acontecimentos recentes.
Referência do Expresso à Convenção do Bloco de Esquerda (impossível de obter os links)
É possível que no Sábado anterior tivesse havido algum palpite sobre aquela Convenção. No número que saiu esta semana, no dia 14, com a Convenção já terminada, as notícias que vêm no Expresso são estas A Joana já não mora aqui. Vídeo com a história do Bloco reduz Joana Amaral Dias a três segundos. E depois numa rubrica que pretende ter graça, Gente e a Esquerda Photoshop. Do passeio do Volga à convenção do Areeiro, onde se mostram duas fotografias de Estaline (ver iamagens do post), uma juntamente com um comissário político e outra em que este foi apagado, depois de ter sido assassinado pelo ditador. Se este assunto não fosse demasiado sério, dir-se-ia que era uma brincadeira de mau gosto. Mas não, é a tentativa da direita de menosprezar uma Convenção que pode merecer críticas, mas onde só por delírio de imaginação provocatória se pode falar em apagamento de personagens.
É por estas e por outras que venho falando na direita boçal, que requinta quando utiliza estes métodos.
Até um insuspeito Ferreira Fernandes tem no Diário de Notícias um artigo de opinião em que afirma Mas Joana Amaral Dias Foi Apagada De Quê?
A vitória do Sim na Venezuela vista por dois telejornais
Parece que foi o Pacheco Pereira (PP) que teria dito que o noticiário da 1h00 da tarde da RTP I era aquele que fazia mais fretes ao Governo. Isto serviu para alguém comentar com malícia que ele era o único que via aquele telejornal. Já se sabe que é ele e todos os reformados que à uma 1h00 da tarde estão a almoçar em casa. Eu sou um deles.
É provável que PP tenha razão, mas presumivelmente discordará daquilo que a seguir vou dizer.
Assim, no dia 16, depois de já se conhecerem os resultados do referendo na Venezuela, que deram a vitória ao sim, por 54% dos votos, tivemos direito, no noticiário da 1h00, após a audição de um discurso de Chavez, pouco curial para a oposição, a esta pérola: “A forte pressão sobre os eleitores e alguma intimidação não impediram a forte abstenção de 30% e de 45% de votos não” (ver aqui). Não havia razões para aquelas afirmações, pois nada se mostrou, que garantisse que tinha havido pressões e até intimidações, mas o locutor, em off, acrescentou isso. E falou numa grande abstenção, quando 30% é perfeitamente normal em qualquer país democrático. Depois, consultados os resultados, temos uma clara noção que a sociedade venezuelana está dividida, com uma preferência por um dos lados, nesta caso por Chavez. Estamos longe das chamadas votações norte-coreanas, com 99% de apoio.
No Telejornal da 20h00, desse mesmo dia, nada disto se verificou. Uma notícia anódina, em que o próprio discurso do Chavez se resumia a este ter gritado que o Sim ganhou (ver aqui ).
Que interpretação dar a isto. Primeiro o Norte, de onde é emitido o jornal da 1h00 da tarde, está mais controlado pelo poder, para justificar as críticas de PP. Segundo, que há gente mais reaccionária na direcção de informação do Norte, incapaz de perceber que provavelmente Sócrates não quer que tratem mal o seu amigo Chavez. Mas isto é pura especulação. Não tenho dúvidas é que a direcção de informação do Norte segue a regra da imprensa internacional dominada pelos interesse dos Estados Unidos. Chavez é sempre para tratar abaixo de cão.
Para mais algumas informações extra, a pequena notícia de Vermelho, o jornal do PCdeB.
A Grande Guerra pela Civilização
Como sempre acontece quando tenho que ficar retido na cama, pus-me a ler. Comecei por esse espantoso livro de Robert Fisk, A Grande Guerra pela Civilização, a Conquista do Médio Oriente (Edições 70, 2008). Irei de certeza falar dele quando o tiver lido na totalidade. São 1149 páginas de letra miudinha.
No entanto, porque estamos a falar de estereótipos, de como a imprensa ocidental, favorável aos interesses americanos, fala de certas personagens, neste caso de Chavez, mas poderiam dar-se milhentos exemplos, vale a pena ler este livro e o constante desmascarar de tudo aquilo que nos é vendido, como sendo a verdade.
Para aqueles que leram o livro, ainda só vou na parte referente ao genocídio Arménio, que é das coisas mais abjectas do século passado. Mas ao contrário dos alemães, que assumem o seu Holocausto, a verdade é que os turcos nunca o fizeram e ainda hoje continuam a negar que ele tivesse existido. Depois de ler isto percebe-se porque é que em França é proibido negar aquele genocídio. Apesar dos franceses também terem algumas culpas no cartório.
O caso mais espantoso é durante a guerra Irão-Iraque, quando os americanos, que estavam declaradamente a favor do Iraque, abateram um avião civil iraniano, de transporte de passageiros, sobre o Golfo Pérsico, e tentaram culpar os iranianos com a cumplicidade dos media ocidentais, inclusive o texto que este autor escreveu para o jornal The Times, de que era na altura correspondente, foi censurado.
Depois de ler Robert Frisk, não há boas almas que me convençam das intenções sérias e honestas das verdades da imprensa ocidental, dita democrática e imparcial. Mas isto ficará para outra discussão.
É bom que se diga que Robert Frisk não é de esquerda, muito menos comunista. É unicamente um jornalista sério.
Parece que foi o Pacheco Pereira (PP) que teria dito que o noticiário da 1h00 da tarde da RTP I era aquele que fazia mais fretes ao Governo. Isto serviu para alguém comentar com malícia que ele era o único que via aquele telejornal. Já se sabe que é ele e todos os reformados que à uma 1h00 da tarde estão a almoçar em casa. Eu sou um deles.
É provável que PP tenha razão, mas presumivelmente discordará daquilo que a seguir vou dizer.
Assim, no dia 16, depois de já se conhecerem os resultados do referendo na Venezuela, que deram a vitória ao sim, por 54% dos votos, tivemos direito, no noticiário da 1h00, após a audição de um discurso de Chavez, pouco curial para a oposição, a esta pérola: “A forte pressão sobre os eleitores e alguma intimidação não impediram a forte abstenção de 30% e de 45% de votos não” (ver aqui). Não havia razões para aquelas afirmações, pois nada se mostrou, que garantisse que tinha havido pressões e até intimidações, mas o locutor, em off, acrescentou isso. E falou numa grande abstenção, quando 30% é perfeitamente normal em qualquer país democrático. Depois, consultados os resultados, temos uma clara noção que a sociedade venezuelana está dividida, com uma preferência por um dos lados, nesta caso por Chavez. Estamos longe das chamadas votações norte-coreanas, com 99% de apoio.
No Telejornal da 20h00, desse mesmo dia, nada disto se verificou. Uma notícia anódina, em que o próprio discurso do Chavez se resumia a este ter gritado que o Sim ganhou (ver aqui ).
Que interpretação dar a isto. Primeiro o Norte, de onde é emitido o jornal da 1h00 da tarde, está mais controlado pelo poder, para justificar as críticas de PP. Segundo, que há gente mais reaccionária na direcção de informação do Norte, incapaz de perceber que provavelmente Sócrates não quer que tratem mal o seu amigo Chavez. Mas isto é pura especulação. Não tenho dúvidas é que a direcção de informação do Norte segue a regra da imprensa internacional dominada pelos interesse dos Estados Unidos. Chavez é sempre para tratar abaixo de cão.
Para mais algumas informações extra, a pequena notícia de Vermelho, o jornal do PCdeB.
A Grande Guerra pela Civilização
Como sempre acontece quando tenho que ficar retido na cama, pus-me a ler. Comecei por esse espantoso livro de Robert Fisk, A Grande Guerra pela Civilização, a Conquista do Médio Oriente (Edições 70, 2008). Irei de certeza falar dele quando o tiver lido na totalidade. São 1149 páginas de letra miudinha.
No entanto, porque estamos a falar de estereótipos, de como a imprensa ocidental, favorável aos interesses americanos, fala de certas personagens, neste caso de Chavez, mas poderiam dar-se milhentos exemplos, vale a pena ler este livro e o constante desmascarar de tudo aquilo que nos é vendido, como sendo a verdade.
Para aqueles que leram o livro, ainda só vou na parte referente ao genocídio Arménio, que é das coisas mais abjectas do século passado. Mas ao contrário dos alemães, que assumem o seu Holocausto, a verdade é que os turcos nunca o fizeram e ainda hoje continuam a negar que ele tivesse existido. Depois de ler isto percebe-se porque é que em França é proibido negar aquele genocídio. Apesar dos franceses também terem algumas culpas no cartório.
O caso mais espantoso é durante a guerra Irão-Iraque, quando os americanos, que estavam declaradamente a favor do Iraque, abateram um avião civil iraniano, de transporte de passageiros, sobre o Golfo Pérsico, e tentaram culpar os iranianos com a cumplicidade dos media ocidentais, inclusive o texto que este autor escreveu para o jornal The Times, de que era na altura correspondente, foi censurado.
Depois de ler Robert Frisk, não há boas almas que me convençam das intenções sérias e honestas das verdades da imprensa ocidental, dita democrática e imparcial. Mas isto ficará para outra discussão.
É bom que se diga que Robert Frisk não é de esquerda, muito menos comunista. É unicamente um jornalista sério.
2 comentários:
Além da maldita lombalgia. que já deve ter passado, assim o espero o meu caro continua com mau gosto além de viver assombrado por fantasmas o que deve ser bem pior de suportar que a tal arreliadora lombalgia. mas deixe para lá são todo coisas da Idade.-Com a idade traumas desse género nada que não passe com uns panos da aguardente quente para a lombalgia e umas consultas de psicologia dadas pelo Dr Amaral Dias para resto da enfermidade.
Agora a sério! -Desejos de melhoras
Não esquecer os 94% do último congresso do PS.
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