29/11/2008

Que "alegria" ver confirmadas as nossas opiniões


Foi hoje publicado no Jornal de Notícias um artigo de Ana Paula Correia e Paulo Martins sobre a A velha e a nova guarda do PCP, em que, para além das opiniões expendidas, que me abstenho de comentar, se pede ao historiador do “movimento comunista” João Madeira para se pronunciar sobre as Teses apresentadas ao XVIII Congresso do PCP. Diz aquele historiador, pela pena dos autores do artigo citado, o seguinte: “no plano estratégico, regridem no tempo. Embora inspiradas na tradição de Cunhal, vão mais atrás: a ideia de Frente Popular, da procura de aliados numa perspectiva unitária, para criar uma maioria de Esquerda, é substituída pelo reforço do partido, força de vanguarda. Constata-se "um esforço muito forte de hegemonia, num quadro de recomposição da Esquerda", sublinha o historiador.
Trata-se de uma posição de "classe contra classe", que deve ser lida no contexto de maioria absoluta do PS. É a primeira vez que o PCP se reúne em congresso tendo este cenário em pano de fundo. Mas, como acentua João Madeira, aquele posicionamento fora já ensaiado em 2004
.”
Destas declarações retenho a regressão em relação à ideia de Frente Popular, defendida, segundo aquele autor, por Cunhal, e o reafirmar da posição de “classe contra classe”, que foi defendida pela Internacional Comunista no início dos anos 30, antes de ser aprovada no VII Congresso daquela organização, em 1935, as propostas de Frente Popular.
Lido isto, que parece simples, constatei que as ideias expostas eram semelhantes a àquelas que eu tenho vindo a defender relativamente ao PCP actual. Assim, em artigo de Julho de 2007, intitulado O Desvio Esquerdista e Sectário da Internacional Comunista (1929-1934), comparava posição da Internacional daqueles anos em que era defendida, entre outras, a posição de “classe contra classe” com as atitudes sectárias do actual PCP. E noutro artigo, mais recente, de Junho de 2008, com o título O PCP, a Revolução Democrática e Nacional e o rumo ao socialismo – Algumas contribuições para a caracterização do 25 de Abril , chamava a atenção para que as propostas defendidas pelo PCP e por Álvaro Cunhal para “a revolução democrática e nacional” eram inspiradas nas teses do VII Congresso da Internacional Comunista, sobre a Frente Popular, e que contrastavam muito com as posições leninistas, de ruptura revolucionária, ultimamente defendidas por aquele partido.
É pois com "grande alegria" que vejo um reputado historiador do movimento comunista fazer uma crítica às posições do actual PCP que se assemelham às que eu, modesto aprendiz destas andanças, tenho formulado.

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