19/03/2010

Entrevista a Néstor Kohan

Recebi recentemente via net um texto de Néstor Kohan chamado Nuestro Marx. Não conhecia o autor, nem o livro. A versão que me chegou às mãos era em PDF, de um livro de 463 páginas. Mais tarde percebi que tinha sido editada pelo jornal digital, em língua espanhola, Rebelión, de que vos recomendo a leitura.
Fui ler um dos capítulos chamado El Marx del materialismo dialéctico, com o subtítulo (De Plejanov y Stalin a los manuales del Partido Comunista de la Unión Soviética [PCUS]), que aborda de forma muito interessante, para quem se interessa pela filosofia marxista, aquilo a que podemos chamar o papel da ideologia e a crítica da visão determinista e economicista que o Engels tardio e depois a “ortodoxia” da II Internacional quiseram dar do pensamento de Marx. Trata igualmente dos livros de Lenine sobre questões filosóficas como o Materialismo e Empirocriticismo e os Cadernos sobre a Dialéctica de Hegel, fazendo a defesa deste último contra o primeiro, e finalmente da codificação do materialismo dialéctico e histórico pelos manuais de marxismo-leninismo, editados pelo PCUS.
Posteriormente à leitura deste capítulo foi procurar na net mais informações sobre Néstor Kohan e fiquei a saber que é argentino e investigador e docente da Universidade de Buenos Aires (UBA), com ampla obra publicada sobre o marxismo, Gramsci e as suas repercussões na América Latina.
Encontrei também este vídeo que vos recomendo, que consiste numa entrevista ao autor de Nuestro Marx, quando este se deslocou à Galiza, em Abril de 2008, para participar no debate internacional sobre O socialismo do século XXI, integrado nas XII Jornadas Independentistas Galegas.
A entrevista é longa e nem sempre o som é o melhor. Tem também o terrível defeito de ser no espanhol cantado da Argentina, que afasta sempre muitos portugueses. Eu por mim, que estou muito habituado àquele idioma, não me importo.
Os temas abordados são vastos e referentes ao socialismo e comunismo do século XX. Mas podemos resumi-los ao debate ideológico e à luta cultural, à crítica ao pós-modernismo e à falta de ligação entre a teoria e prática política, tudo isto com referências a Marx na primeira parte, a Guevara, de quem o autor se reivindica, a Gramsci, e a Mariátegui, um marxista sul-americano, natural do Peru, que morreu em 1930 e que influenciou profundamente o pensamento político da esquerda sul-americana. Tem uma crítica interessante ao Negri.

Por mistérios que só a informática conhece, sempre consegui reproduzir neste post o vídeo referido. Fica igualmente o link para o site onde o podem ver.

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