Eu já tinha estranhado uma nota breve que tinha saído no Avante, de 8/1/09, com o título PCP apoia População, onde se afirmava que “a Comissão Concelhia de Sines do PCP, reunida em finais de Dezembro, expressou o seu desacordo relativamente à recente assinatura do contrato de execução entre o Ministério da Educação e a Câmara Municipal de Sines”. Então, a Câmara Municipal não era dirigida pelo PCP? Como era possível a Comissão Concelhia criticar a Câmara, dirigida por alguém que era do mesmo Partido? Comecei a aperceber-me que o caldo estaria entornado.
De acordo com o comunicado: “para o PCP, o objectivo do Governo com este contrato – que se insere na sua política de privatizar o ensino e pôr em causa o sistema de ensino público universal e gratuito, é transferir para a Câmara Municipal competências que são do poder central.”
O que é que se tinha passado. A Câmara assinou um contrato com o Ministério de Educação, em que este passa para aquela, ao nível do 1º e 2º ciclo, a responsabilidade por actividades de enriquecimento curricular, gestão do pessoal não docente e pequenas obras em escolas.
Ou seja, segundo um blog da zona: “ganhou Sines, pois o Estado passa a transferir verbas para competências que em grande parte a autarquia já assumia, sem daí resultarem proventos financeiros.”
Que diz a concelhia do PCP, que o objectivo do Governo com este contrato é transferir para a Câmara Municipal competências que são do poder central. Ou seja, queria que a Câmara se organizasse em Comissão Política do “partido do protesto” e passasse a reivindicar do Ministério tudo aquilo que agora conseguiu assinando este contrato com o mesmo.
Mas como dizer simplesmente isto era grave, acrescentou-se-lhe que este contrato punha em causa o ensino público universal e gratuito. Não se percebe como, mas a finalidade maior era provocar entre os militantes a reacção pavloviana de que “se é para privatizar”, o que não é verdade, estamos contra.
Não contente com isto, quando a Assembleia Municipal de Sines discutiu este assunto o PCP votou contra a decisão da Câmara e a sua maioria CDU. Mas a Assembleia dividiu-se e a favor da posição do executivo camarário votaram alguns deputados da CDU, todos os do PS e um deputado do PSD, tendo ganho a posição da Câmara. Ou seja, a concelhia do PCP preferiu perder a votação, pondo em cheque a posição do Presidente da Autarquia, e dando provas de grande inflexibilidade política ao não votar ao lado da vereação da Câmara uma decisão que esta já tinha tomado.
Estes são os factos, que estão na origem da notícia do Avante. Depois deste ataque, tudo o que Manuel Coelho disse à imprensa e na SIC Notícias só veio confirmar esta triste história.
Já agora, na mesma linha, foi a espantosa posição do PCP na Assembleia Municipal de Lisboa, com direito a justificação de voto do Modesto Navarro, de não apoiar, abstendo-se, a proposta do Bloco de Esquerda para a criação de um Gabinete de Crise para atender aos casos mais gritantes de pobreza que se pudessem verificar na cidade. Já se sabe que o PS também se absteve, assim não teria que fazer nada, ou quando fizesse queria que a iniciativa fosse só dele. O argumento do Modesto Navarro era o mesmo de Sines, o poder central que fizesse. Não interessa resolver o problema das populações temos é que reivindicar junto de quem de direito.
Já se sabe que haverá “rapaziada” logo pronta a gritar, aqui temos o reformismo, nós sim, somos os revolucionários. Deixem-se de tretas. O que aqui propomos é que a esquerda seja capaz de mostrar às populações que também é capaz de resolver os seus problemas concretos.
Para terminar. Esta história com o Manuel Coelho acabou mal para o PCP. Aquele não suportou mais a arrogância e pesporrência da sua direcção e saiu do Partido, mantendo-se na Câmara como independente.
Já se sabe que no Avante de ontem aparece a típica insinuação rasteira, própria de gente sem carácter, Manuel Coelho sai do PCP por se dar uma “injustificada aproximação a objectivos e propósitos da política do Governo PS para a região e para o País.” A aproximação à política do PS foi o tal contrato assinado com o Ministério da Educação, que também tinha sido efectuado pela Câmara de Niza, da CDU, e os convites a algumas autoridades do poder, o que é normal, para estarem presentes em inaugurações.
O caminho sectário e autista do PCP continua a manifestar-se. Por isso, compreendo as razões de Manuel Coelho e quero-lhe daqui aqui enviar um abraço de solidariedade.
PS.: Com este mesmo título tinha publicado um post que abordava o mesmo assunto, simplesmente por confusão minha tinha relacionado este contrato com o Ministério da Educação com o aparecimento de uma Escola de Artes em Sines. Erro meu. Por isso, quando me chamaram a atenção para isso rapidamente retirei o primeiro post e redigi este que corresponde àquilo que de facto se passou. A quem leu o primeiro, as minhas desculpas.
De acordo com o comunicado: “para o PCP, o objectivo do Governo com este contrato – que se insere na sua política de privatizar o ensino e pôr em causa o sistema de ensino público universal e gratuito, é transferir para a Câmara Municipal competências que são do poder central.”
O que é que se tinha passado. A Câmara assinou um contrato com o Ministério de Educação, em que este passa para aquela, ao nível do 1º e 2º ciclo, a responsabilidade por actividades de enriquecimento curricular, gestão do pessoal não docente e pequenas obras em escolas.
Ou seja, segundo um blog da zona: “ganhou Sines, pois o Estado passa a transferir verbas para competências que em grande parte a autarquia já assumia, sem daí resultarem proventos financeiros.”
Que diz a concelhia do PCP, que o objectivo do Governo com este contrato é transferir para a Câmara Municipal competências que são do poder central. Ou seja, queria que a Câmara se organizasse em Comissão Política do “partido do protesto” e passasse a reivindicar do Ministério tudo aquilo que agora conseguiu assinando este contrato com o mesmo.
Mas como dizer simplesmente isto era grave, acrescentou-se-lhe que este contrato punha em causa o ensino público universal e gratuito. Não se percebe como, mas a finalidade maior era provocar entre os militantes a reacção pavloviana de que “se é para privatizar”, o que não é verdade, estamos contra.
Não contente com isto, quando a Assembleia Municipal de Sines discutiu este assunto o PCP votou contra a decisão da Câmara e a sua maioria CDU. Mas a Assembleia dividiu-se e a favor da posição do executivo camarário votaram alguns deputados da CDU, todos os do PS e um deputado do PSD, tendo ganho a posição da Câmara. Ou seja, a concelhia do PCP preferiu perder a votação, pondo em cheque a posição do Presidente da Autarquia, e dando provas de grande inflexibilidade política ao não votar ao lado da vereação da Câmara uma decisão que esta já tinha tomado.
Estes são os factos, que estão na origem da notícia do Avante. Depois deste ataque, tudo o que Manuel Coelho disse à imprensa e na SIC Notícias só veio confirmar esta triste história.
Já agora, na mesma linha, foi a espantosa posição do PCP na Assembleia Municipal de Lisboa, com direito a justificação de voto do Modesto Navarro, de não apoiar, abstendo-se, a proposta do Bloco de Esquerda para a criação de um Gabinete de Crise para atender aos casos mais gritantes de pobreza que se pudessem verificar na cidade. Já se sabe que o PS também se absteve, assim não teria que fazer nada, ou quando fizesse queria que a iniciativa fosse só dele. O argumento do Modesto Navarro era o mesmo de Sines, o poder central que fizesse. Não interessa resolver o problema das populações temos é que reivindicar junto de quem de direito.
Já se sabe que haverá “rapaziada” logo pronta a gritar, aqui temos o reformismo, nós sim, somos os revolucionários. Deixem-se de tretas. O que aqui propomos é que a esquerda seja capaz de mostrar às populações que também é capaz de resolver os seus problemas concretos.
Para terminar. Esta história com o Manuel Coelho acabou mal para o PCP. Aquele não suportou mais a arrogância e pesporrência da sua direcção e saiu do Partido, mantendo-se na Câmara como independente.
Já se sabe que no Avante de ontem aparece a típica insinuação rasteira, própria de gente sem carácter, Manuel Coelho sai do PCP por se dar uma “injustificada aproximação a objectivos e propósitos da política do Governo PS para a região e para o País.” A aproximação à política do PS foi o tal contrato assinado com o Ministério da Educação, que também tinha sido efectuado pela Câmara de Niza, da CDU, e os convites a algumas autoridades do poder, o que é normal, para estarem presentes em inaugurações.
O caminho sectário e autista do PCP continua a manifestar-se. Por isso, compreendo as razões de Manuel Coelho e quero-lhe daqui aqui enviar um abraço de solidariedade.
PS.: Com este mesmo título tinha publicado um post que abordava o mesmo assunto, simplesmente por confusão minha tinha relacionado este contrato com o Ministério da Educação com o aparecimento de uma Escola de Artes em Sines. Erro meu. Por isso, quando me chamaram a atenção para isso rapidamente retirei o primeiro post e redigi este que corresponde àquilo que de facto se passou. A quem leu o primeiro, as minhas desculpas.
(A fotografia refere-se à estação da CP de Sines recuperada)
5 comentários:
É verdade, autarca corajoso. Vamos lá ver como é que ele vai resolver o problema das próximas eleições autárquicas em Sines. Seria muito bom que não se fosse meter na boca do lobo (neste caso do PS), como tudo indica fará o autarca eleito pelo BE em Lisboa. São situações diferentes, é verdade. Enquanto o de Sines foi capaz de resistir a uma direcção partidária fora da realidade, o de Lisboa não conseguiu resistir ao abraço do urso da direcção do PS e do António Costa.
Caro Jorge Nascimento Fernandes
Parece que a passagem do A.Moura Pinto pelo seu blog afectou as suas habituais, e sempre apreciadas, objectividade e boas maneiras.
Não me vou meter na questão de quem saiu, porque saiu ou para onde vai, uma pessoa que aliás conheço, embora mal, mas de quem tenho boa impressão. Mas gostaria de fazer 3 observações:
1.Tem ideia das consequências que pode vir a ter a municipalização da Educação Pública, que parece ser agora a ultima moda do ME? Veja, por exemplo, o que acontece nos EUA, nas diferenças brutais entre os meios e os resultados das escolas publicas das inner cities e as dos subúrbios da classe média.
2.Quando afirma: "O que aqui propomos é que a esquerda seja capaz de mostrar às populações que também é capaz de resolver os seus problemas concretos."
Está-se a referir a quem? À esquerda, ou ao Bloco de Esquerda? É que nas autarquias, há mais de 30 anos, muita esquerda se tem mostrado capaz de resolver os problemas concretos das populações. Que o BE queira agora mostrar que também é capaz, é bom, e só posso desejar os maiores sucessos.
3 O que quer dizer com a “Câmara se organizasse em Comissão Política do “partido do protesto” ? O que a Constituição consagra é o Poder Local e não a apenas a sua vertente de Gestão Autárquica. O que aliás tem amplo acolhimento na prática autárquica dos mais variados quadrantes partidários, com os executivos camarários a assumirem a defesa dos interesses das populações junto do Governo, AR, Presidente da Republica, e como deve saber, mesmo directamente junto da Comunidade Europeia.
Cumprimentos,
Eduardo Lapa
Resposta a dois comentários
Ao Anónimo
Penso que você próprio dá as respostas.
Acho que Manuel Coelho não vai concorrer pelo PS e considero que Sá Fernandes irá integrar a lista de António Costa. Mas estas considerações são meros palpites. E penso que seria muito mais grave Manuel Coelho ir concorrer pelo PS do que Sá Fernandes, que é um independente, com apoios muito diversificados, ir integrar a lista do António Costa.
À Presença das Formigas
Às vezes é difícil manter as boas maneiras quando as pessoas fingem que não percebem o que digo e contrariam só para contrariar e depois vai-se a casa delas, ao seu blog, e descobre-se que têm ataques rasteiros e chocarreiros contra gente séria. Penso que se foi visitar o blog do meu opositor concordará comigo.Quanto à objectividade é opinião sua, que não quero rebater.
Em relação à sua primeira afirmação, comparar a situação aqui com a dos Estados Unidos é pura ficção. E a minha posição não visa defender o Ministério, muito menos a Ministra. Simplesmente, e eu até cito outro exemplo, as preocupações do PCP nada têm a ver com uma análise objectiva dos reais perigos que o senhor aponta. A preocupação daquela força política é meramente táctica, neste caso contra o Ministério e o Governo e na Câmara de Lisboa, para se mostrarem mais revolucionários que o BE.
Quanto ao seu segundo ponto tem alguma razão, simplesmente eu penso que hoje a instrumentalização do Poder Autárquico, como bem lhe chama, pelo PCP começa a ser tão forte, que muitas vezes subordina a sua estratégia autárquica aos ganhos imediatos nacionais.
Quanto ao terceiro ponto, que teoricamente é interessante, no fundo enquadra-se na resposta que dei ao anterior.
Caro Jorge Nascimento
Desconhecia o seu blogue, mas estou completamente de acordo com as suas postagens em relação ao Freeport.
Tal como Educardo Lapa tenho muitas reservas acerca das cartas educativas e da municipalização de todo o Ensino Português, mais a mais com um modelo de avaliação injusto, pouco produtivo e que visa a precariedade entre os docentes e um eterno estágio profissionalizante.Um modelo de gestão e divisão artificial entre docentes, que não existe na Europa, sobretudo na Finlândia.
Um abraço
Resposta a João Soares
Em primeiro lugar gostaria de saudar o biólogo que comenta no meu blog. Nestas coisas sou muito corporativo e acho sempre que se deve ter uma especial atenção para quem é da classe, provavelmente por ser do tempo que o curso de biologia era para as raparigas que queriam ficar donas de casa. Mas isto já passou e já ninguém se lembra do assunto.
A minha resposta ao seu post vem na sequência do que respondi a Eduardo Lapa. Podem ter muita razão naquilo que afirmam, eu não sou especialista no assunto para vos rebater. Mas tenho quase a certeza, por aquilo que sei das pessoas que estão à frente do PCP na região, que essa não é a sua preocupação, mas sim que se esteja a colaborar com o Ministério, que segundo elas deveria concitar o ódio de todos os comunistas. Tal como disse, segundo elas a estratégia municipal devia seguir aquela que o PCP segue para o todo nacional. É com isto que eu não concordo. É evidente que as razões de afastamento do Manuel Coelho são muito mais vastas. Limitei-me a este episódio porque está documentado pelo Avante, mas há de certeza muitos mais. Até porque a autarca de Niza, que também assinou aquele contrato, não foi vítima das mesmas críticas, pelo menos públicas. E já me disseram, mas não posso confirmar, que foram oito as câmaras da CDU que assinaram aquele contrato com o Ministério.
Apesar de não concordar com o que afirmam, tenho muito prazer que continuem a escrever no meu blog.
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