31/03/2011

O jogo das palavras

Sei que este meu post não irá facilitar a convergência da esquerda, à esquerda do PS, mas como lá diz o ditado popular, quem não sente não é filho de boa gente, achei por bem responder e acusar o toque relativamente a um post de Vítor Dias, sem destinatário certo, chamado As palavras e a sua contaminação - "Credível", dizem eles.

Diz Vítor Dias que quem utiliza como arremesso crítico contra o BE e o PCP o termo credível, por vezes acompanhado de exequível, sofre de um terrível desnorte ideológico e termina, sublinhando, "adjectivos como «credível» ou «exequível» estão absoluta e devastadoramente contaminados pela ideologia e pelas políticas dominantes e que, para elas, nada que as conteste, no todo ou em parte, jamais será «credível»."

Ora como no meu último post , referente à União das esquerdas e das suas dificuldades, utilizei um dos termos, a propósito de “programas exequíveis” do BE e do PCP, senti que o desnorte ideológico também me era dirigido.

Já agora gostaria de esclarecer o Vítor Dias que um programa exequível o era para as massas votantes e não para ser aceite pela ideologia dominante. Exequíveis eram também os oito pontos da Revolução Democrática e Nacional e não a conquista do socialismo já. Como é compreensível, quando um conjunto de forças se juntam, o seu programa será sempre o denominador comum entre elas e aquele que a dado momento é o objectivo possível da luta política e não o programa maioritário de cada uma delas. Isto é simples de perceber, tudo o mais são tretas que brotam de uma cabeça atacada de forte sectarismo partidário.

Como não sou de branduras, nem de grande compostura, quando penso que estão a a fazer de mim parvo espirro com força.

5 comentários:

Marta Bellini disse...

Caro Jorge,

Grata pela mensagem em meu Blog. Sim, sou brasileira. Gosto muito dos blogues portugueses pela boa reflexão que fazem dos momentos políticos.
abraços

Marta

Anónimo disse...

E, como todos vivemos em redomas de aço, «o exequível» para as massas votantes não é nada mas nada formatado pelo «exequível» definido pelas políticas dominantes.

Graza disse...

E espirrou bem.

Se todos tomarem um chazinho de pragmatismo talvez se cheque a algum lado, porque começo a ficar preocupado com a minha aversão a actos eleitorais, e a mais carros rua abaixo rua acima com os mesmos hinos e as mesmas palavras de ordem. Imagino o que por aí vai na cabeça de outro tipo de eleitorado. É urgente uma nova dinâmica de Esquerda. Parece-me haver nesta forma de dirigir os partidos uma espécie de estratégia empresarial “à la CMVM”…

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Sem pretender entrara numa discussão filosófica com Vítor Dias, sobre ideologia dominante e classes dominantes. Há duas coisas que lhe quero dizer. Primeiro, credível e exequível não são duas palavras sinónimas, é só ir ao dicionário. Segundo, por muito que se queira as palavras não têm um significado por si, têm a conotação do texto em que se inserem e retirar do meu texto as conotações que o Victor Dias lhe quer dar, chama-se forçar a nota ou então acusar sem fundamento.

Ao Graza obrigado pela sua visita. À Marta Bellini um especial agradecimento pelas palavras simpáticas que dirige à blogosfera nacional.

Anónimo disse...

Pois, pois, e quanto aos que escreveram «credível», os leitores terão de ir â bruxa para saber qual é a diferença com o «credíveis» usado hoje por Cavaco Silva (que não usou mas bem podia ter usado o «exequível»).

Continuem pois a usar esses dois adjectivos e depois queixem-se que a água foi para certo moinho.