31/01/2012

Uma petição para demitir Cavaco

O meu amigo Fernando Penim Redondo achou por bem publicar um post  onde transcrevia uma crónica de Ferreira Fernandes, no Diário de Notícias, acrescentando-lhe depois algumas palavras da sua lavra.

Nada tenho contra a sua liberdade de publicar o post referido, acho no entanto que a propósito do tema, sobre o qual já escrevi bastante, que devo fazer alguns comentários. Não penso, como já o demonstrei neste post, que aquilo que o presidente disse fosse uma simples "tolice", que lhe saiu da boca para fora. Considero que é um assunto a que já dedicou duas intervenções e que verdadeiramente considera que é injusta a retribuição que ele e a sua mulher recebem como pensionistas do estado. Como se recordam, na última, sublinhou mesmo, virando-se para o jornalista, “ouviu bem, 1300 €”, referindo-se à pensão que usufruía como ex-professor universitário. O que se pode considerar como uma "tolice", que lhe saiu impensadamente, foi ter dito que a reforma que recebia “mal dava para as despesas”. Provavelmente aí deixou-se arrastar pelo seu convencimento das fracas reformas que auferia.

Pessoalmente, como já o afirmei, penso que o Presidente é medíocre e mesquinho e como prova disso, além das duas declarações sobre as pensões recebidas, o discurso do dia da vitória é de um irremediável mau gosto, feito por alguém com aquele estatuto. Mas, a sua vida é igualmente um exemplo da sua personalidade.

Ferreira Fernandes termina a sua crónica achando que precisa de um presidente que não seja amesquinhado, para poder garantir “as liberdades todas”. Quanto a mim, mal iremos se depositamos em Cavaco a defesa das nossas liberdades. Nunca no passado, como primeiro-ministro, como no presente, deu qualquer sinal que estaria atento aos atentados às liberdades. Se não formos nós a defendê-las, penso que dificilmente podemos contar com o Presidente.

Fala o Fernando que as petições e as manifestações são feitas por um grupo de amigos totalmente isolados da “massa do povo”. Não me parece que seja isso que sucedeu. A vaia espontânea que Cavaco recebeu em Guimarães é sinal de que o povo também se sabe manifestar quando alguém diz “tolices” daquele género.

Por último, gostaria de falar sobre a petição. Resisti durante alguns dias em assiná-la, apesar de ter sido solicitado por diversas vezes a fazê-lo. Hoje, depois de me tornar um peticionário, reconheço que foi um erro, não pelas mesmas razões com que resisti no princípio, nem de certeza por aquelas que o Fernando e o Ferreira Fernandes aduzem. È que, depois de ler os jornais de fim-de-semana, que falam das guerras de alecrim e manjerona entre o Governo e o Presidente, verifico que ao tomar partido contra o Cavaco estou indirectamente a ajudar o Passos Coelho. E entre um e o outro venha o diabo que escolha. Por isso, apesar da grande facilidade que foi arranjar mais de 35 mil assinaturas, acho que nada devemos fazer para que um vença sobre o outro. Devemos, de facto, deixá-los andarem à guerra. Mas isto sou eu que digo, que estou velho e iracundo com quem nos “desgoverna”, mas quem gosta de tomar posições institucionais está no seu direito de tomar partido.

3 comentários:

F. Penim Redondo disse...

Achas mesmo que a vaia a Cavaco foi "espontânea" ?
Mesmo que fosse, que significado e consequências políticas podia ter ?
O homem foi eleito por 2.231.956 de pessoas.
Vamos passar a ter uma democracia em que os presidentes são substituídos quando 100 pessoas vaiarem? ou quando 30.000 assinarem uma petição?
Eu fico espantado com o grau de infantilidade a que se chegou, em que a política de esquerda se resume a uma sucessão infindável de indignações com o que disse este ou aquele.
É triste.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Caro Fernando
Não achas que este post foi uma maldade para ver se obtinha um comentário teu, já que, apesar de ter mais leitores, não consigo que ninguém comente os meus posts. Eu sabia que se fizesse referência ao teu nome tu inevitavelmente me responderias. Era para ver se dava mais animação ao blog, já que andam todos a transferir-se para o Facebook. Quanto ao resto, como se percebe, estou em desacordo contigo, mas isso não é de agora é já de há muito tempo

F. Penim Redondo disse...

Tens que aparecer mais no Facebook, que é onde está a onda actual