29/06/2010

O avanço da direita e algumas palavras iniciais


Penso que alguns dos meus leitores já terão pensado: “este acabou de vez com o blog, esmoreceu a sua veia crítica”. A verdade é que um blog não é um trabalho de casa diário. Sei de alguns que em férias ou mesmo no estrangeiro não reprimem o seu amor à blogosfera escrevendo diariamente o seu post.
Sei também que quem não escreve é esquecido. Já não vale a pena passar por lá. No entanto, há alturas em que me falta a inspiração ou então a moleza e os pequenos afazeres do quotidiano são sempre uma boa razão para nada se escrever. Neste caso, as razões foram várias, a última, uma arreliadora gripalhada. No entanto, venho avisar que voltei, espero continuar com mais regularidade, e pedir desculpa a todos aqueles que foram colocando comentários nos meus posts, que oportunamente lhes darei alguma resposta.
Dito isto passemos ao que importa.

Todas as sondagens o dizem o PSD já passou à frente do PS e prepara-se afanosamente para tomar o poder, o PS entrou naquele estado catatónico em que parece que a única coisa que o motiva é a defesa do “bom-nome” do seu secretário-geral.
Eu sei que as coisas mudaram, a crise agravou-se, o PS elaborou um plano de austeridade com tudo ao invés do que tinha andado a prometer nas eleições e perdeu a maioria absoluta com que arrogantemente tinha governado na legislatura anterior. Mas, no entanto, manifesta uma clara satisfação pela eleição de Passos Coelho, saudando o afastamento da nova liderança dos sarilhos em que andava metido o seu secretário-geral e cheio de esperança de poder chegar a acordo com ele. No fundo, aceitando como inevitável a sua derrota e a sua substituição pelo partido da direita. Regressámos com Sócrates ao pântano do Guterres, que preferiu demitir-se a ter que enfrentar a oposição. Dir-se-á que Sócrates é um lutador, mas tenho para mim que irá cair de podre sem ser capaz de enfrentar a direita. Dirão alguns que lhe está na massa do sangue, quem seguia uma política direita não pode agora vir transvertido num lutador de esquerda.

Mas em que consiste este ataque da direita. Em primeiro lugar, a própria percepção da crise financeira e económica pela direita, que depois de clamar que era preciso ajudar maciçamente os bancos e os banqueiros e forçar o investimento estatal, mudou subitamente de orientação e obriga os governos a apostar agora na redução dos deficits que a política anterior criou. Assim, começou a algazarra, de que se andou a gastar de mais, que chegou ao fim o período das vacas gordas e que temos de apertar o cinto para acumular aquilo que desbaratámos.
Esta tem sido das campanhas conduzidas pela direita e pela sua corte de economistas e comentadores das mais soezes que se têm visto, com o beneplácito de Cavaco Silva. Esta campanha é feita através dos meios de comunicação social, não se distinguindo nisso a televisão pública da privada. Tanto ouvimos as mesmas opiniões num programa da televisão pública, chamado A Cor do Dinheiro, como nessa telenovela que Fátima Campos Ferreira nos trás todas as segundas-feiras, que é o Prós e Contras, como nos programas desse “incompreendido” Mário Crespo. E depois são os pesos pesados dos banqueiros, arrogantes, como João Salgueiro, ou ex-ministros da economia, ou nos textos sempre azedos de Vasco Pulido Valente. Todos nos vêm dizer que a festa acabou, que preciso baixar os ordenados e retirar o décimo terceiro mês aos funcionários públicos, esses calões que há muito andam a esmifrar a Nação. No fundo, acabar de vez com o Estado Social ou, como dizia há tempos um professor de economia num dos programas do Mário Crespo, é preciso que os políticos convençam o povo de que o Estado Social precisa de ser reformulado, mas o que na prática devem fazer é acabar de vez com ele porque é muito caro.
Esta ofensiva da direita não visa unicamente baixar o deficit, quer de uma penada baixar os salários e acabar de vez com as despesas do Estado Social.

A tudo isto que responde o PS, nada. Deixa-se ir na onda, mas pior ainda inventa um Portugal ideal, que está a reagir muito bem à crise, que só existe na cabeça de Sócrates e de alguns dos seus ministros propaganda. Em vez de enfrentar a crise, tentando desmascarar a argumentação da direita envolve-se no seu torvelinho, imaginando oásis onde os não há. Depois disto mais cedo ou mais tarde o PSD estará alegremente no Governo.

Qual a resposta à esquerda do PS. Protestar, tentar, diga-se muito ineficazmente, desmascarar o argumentário da direita. No entanto, esta esquerda está dividida. Com um PCP fechado e ultra-sectário e um Bloco de Esquerda ainda à procura de um espaço próprio, com visíveis debilidades organizativas e de inserção no mundo do trabalho e de protesto.

Por tudo isto a candidatura de Manuel Alegre poderá ser nestas circunstâncias um unificador de esquerda, capaz de pôr alguns pauzinhos na engrenagem do avanço da direita. Mas disto falaremos mais tarde.

05/06/2010

Um Blog amigo e outros considerandos


Ao contrário do que tem sido meu costume, tenho preenchido este blog com alguns posts que recorrem unicamente a anúncios de iniciativas ou a vídeos que, podendo ser interessantes, podem muitas vezes não reflectir a minha opinião pessoal.
Vem isto a propósito de ter encontrado a intervenção do Daniel Cohn-Bendit no Parlamento Europeu numa série de blogs. Juro que a copiei a partir do um e-mail que me enviaram, simplesmente quando dou por mim estava em todo o lado. Nem vale a pena enumerar os posts onde a encontrei.
Serve este intróito como introdução a mais um dos blogs em que ela vem referida, para o qual queria chamar a atenção, pois apesar de não ser recente, me pareceu ter bastante interesse e por isso já o incluí naquela lista de blogs que consulto quase diariamente.
O Blog em causa é O que fica do que passa – para lá da espuma dos dias, um dos seus principais autores é o Henrique de Sousa e o último artigo que escreveu O sectarismo doença infantil do comunismo… é um texto bastante interessante sobre as práticas reais do Avante e do PCP. No primeiro caso, considera espantosos que o Avante consiga falar da grandiosa Manifestação do 29 de Maio sem uma única referência ao discurso que Carvalho da Silva lá pronunciou.
A outra é relativa à convocatória de uma manifestação em frente da embaixada de Israel, onde aparece o PCP e outras organizações afins, mas donde são completamente excluídas algumas outras que vulgarmente têm participado neste tipo de manifestações pela causa palestiniana. Vale a pena por isso ler o artigo e passarem os olhos pelo blog.

No post anterior lá vem o discurso de Daniel Cohn-Bendit, mas aqui enquadrado num extenso texto de Henrique de Sousa, que eu por sinal ainda não tive oportunidade de ler. Mas no seu conjunto e pela personalidade de um dos seus principais intervenientes, recomendo vivamente uma visita ao blog.
Na impossibilidade de reproduzir por motivos técnicos a bela fotografia que serve para encimar o blog, junto se anexa a fotografia do autor do post citado.

03/06/2010

Daniel Cohn-Bendit fala no Parlamento Europeu sobre a ajuda econômica à Grécia



Vejam este discurso de Daniel Cohn-Bendit, do Grupo Verde, no Parlamento Europeu. Há também seis (6) submarinos alemães envolvidos na história

01/06/2010

300.000 Manifestam-se por uma política diferente



Vejam esta reportagem em vídeo da Manifestação de 29 de Maio, acompanhada da bela música de Sérgio Godinho. Termina com o hino da Inter.

Pensar os pensadores do socialismo: Gramsci


Para ampliar a imagem, para uma melhor leitura, basta clicar nela.