03/05/2009

Três histórias do PS e uma justificação pessoal


Três acontecimentos recentes relacionados com o PS vieram sem sombra de dúvida colocar este Partido ainda mais na ribalta. Podemos dizer que teve direito a maior tempo de antena, apesar de na maioria das vezes ser pelas piores razões.

A primeira história tem a ver com o aparecimento de crianças de uma escola do primeiro ciclo de Castelo de Vide no tempo de antena do PS a fazerem publicidade ao computador Magalhães sem autorização, para esse fim, dos pais. Já se sabe que a Ministra lamentou, o Governo sacudiu a água do capote e Sócrates pede desculpa aos pais da crianças filmadas.
Estes são os acontecimentos, mas já temos a versão da produtora que realizou as filmagens, garantindo que nunca disse que era do Ministério.
A história está mal contada, parece que ninguém quer assumir as responsabilidades e que não basta um pedido de desculpas do Sócrates aos pais das crianças para se resolver o problema.
Parafraseando Vitalino Canas, que a seguir aos acontecimento do 1º de Maio com Vital Moreira, garantia que o PCP tinha criado o “caldo de cultura” responsável por aquelas manifestações de intolerância, assim, diria eu, que o PS criou com as suas permanentes acções de propaganda, misturadas com a sofreguidão com que progressivamente se vai apoderando do aparelho Estado, uma situação como a que se verificou no tempo de antena, em que já não se consegue distinguir entre o Ministério da Educação e o PS e o que é propaganda, de um documentário educativo sobre o aproveitamento útil de um computador.

A segunda história tem a ver com o interrogatório por Inspectores do Ministério da Educação a alunos e professores da Escola Secundária de Fafe que arremessaram ovos à respectiva Ministra, quando ela passou pela escola.
Manuel Alegre, e bem levantou a voz no Parlamento contra o tipo de interrogatório que estava a ser feito. O Sindicato dos inspectores veio reclamar que não se assemelhava à PIDE e que ao comparar a sua actividades com daquela polícia política se estava a banalizar esta. Sendo verdade isto, pareceu-me no entanto a reacção sindical bastante corporativa, ou seja, defensora do indefensável.
Ao proceder como tem sido relatado pela imprensa parece-me que os Inspectores estão a fomentar a delação e a tentar provar que por detrás das manifestações de estudantes está a mão tenebrosa, já não de Moscovo, mas do Sindicato dos Professores.
Ainda no tempo do fascismo, quando fui professor no Liceu de Almada, fui encarregue de fazer uma inquirição a uma aluna que tinha participado numa manifestação dos estudantes liceais em Lisboa e tinha sido presa e identificada. A PIDE ou a polícia, já não me lembro, tinham enviado uma participação para a escola para que a aluna fosse ouvida, e eu, como director da sua turma, fui encarregue de o fazer. Já se sabe que todo o inquérito foi feito no sentido de desculpar a aluna, tendo-se estabelecido grande cumplicidade entre mim e a inquirida. Hoje passados, 35 anos do 25 de Abril, Inspectores ao serviço dos interesses da Ministra do PS interrogam alunos fomentando a delação e procurando os cabecilhas ocultos da conspiração. Tristes tempos estes que vivemos.

A terceira e última história tem a ver com os assobios, os apupos e com alguns safanões de que Vital Moreira foi vítima no 1ºde Maio, na manifestação da CGTP.
Gostaria de lembrar aos mais desprevenidos que no 25 de Abril de 2007, quando subi em nome da Renovação Comunista ao palanque que estava instalado no Rossio fui assobiado, como foi o Edmundo Pedro, o representante da JS e parece que mais alguém da UGT. Portanto conheço o sectarismo, neste caso, dos meninos da Juventude Comunista. Não tenho por isso motivo para estranhar o que se passou.
Sei que este assunto percorre a blogosfera com as mais variadas opiniões. Só queria destacar, como prova do maior sectarismo, que ultrapassa o do PCP, esta prosa de uma tal Rui Pena Pires, no Canhoto, que a despropósito acusa Manuel Alegre: “Sempre pronto a denegrir como autoritários actos dos seus adversários políticos, parece conviver pacificamente com a manifestação inequívoca do autoritarismo quando protagonizado por amigos de conveniência. Esclarecedor.”
Neste caso, queria também lembrar que foi Ferro Rodrigues que iniciou estes cumprimentos do PS aos dirigentes da CGTP durante a manifestação do 1º de Maio. Até é provável que todos os anos a CGTP envie um convite ao PS para estar presente, visto haver um sector daquele partido na direcção da Central. Por isso, no ano em que Ferro Rodrigues se deslocou à manifestação o significado da sua presença foi importante, reforçando na altura o desejo de unidade e de luta contra o Governo do Durão Barroso. Depois nunca mais, que eu me lembre, alguém do PS apareceu. Este ano pelos vistos Vital Moreira e Ana Gomes foram até lá. É claro que o objectivo não era fortalecer a unidade, nem a luta comum contra o Governo de Sócrates, era pura e simplesmente fazer propaganda eleitoral e aparecer na fotografia ao lado de Carvalho da Silva. Sobre isto não podemos ter dúvidas.
Vítor Dias lembra, e bem, que na véspera saiu uma notícia no Público a indicar que a delegação do PS se encontraria com a CGTP no Rossio, e não na praça da Figueira, às 14h30. Confirmou depois que esta notícia provinha do próprio PS. O que levou Vital Moreira a mudar o lugar do encontro, não sabemos.
Conhecemos bem na vida política nacional e internacional o que são as provocações e o que na maioria dos casos o que pretendem. A pressa com que Vital Moreira se apoderou da situação, dizendo que já tinha a sua Marinha Grande deve-nos levar a pensar.
No entanto, apesar destas ressalvas, não tenho a mais pequena dúvida, e os meus textos sublinham bem isso, de que o PCP tem como linha política dominante um comportamento absolutamente sectário . Mas, “o caldo de cultura” de que fala Vitalino Canas está fundamentalmente a ser alimentado, não pelo PCP, mas pelas atitudes e práticas do PS, enquanto Governo, de que o Código de Trabalho é a expressão mais visível.

Para terminar, devo algumas explicações aos meus leitores. Fui avô o que dificultou por algum tempo a minha intervenção neste blog. No entanto, não é esta, neste momento, a razão do meu maior espaçamento. Durante algumas semanas terei que fazer um tratamento em Madrid. Para aqueles leitores que gozavam com as minhas lombalgias, informo que a situação é bem mais grave. Depois, darei notícias.

5 comentários:

Venerando António Aspra de Matos disse...

Desejo-lhe um rápido restabelecimento.
Os seus comentários fazem falta na nossa pobre blogosfera
Um abraço

Venerando Matos

operário desmpregado disse...

-Caro Doutor quero desde já deixar aqui os meus sinceros desejos de rápidas melhoras! -Pois não foi por maldade que fiz alguma chacota com a sua enfermidade.
e desde já também o quero felicitar ser ter o privilegio de ser avô os meus sinceros parabéns extensivos, é claro os felizes papás muito em especial à mãe do bebé.
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-Quanto ao sectários estamos falados: para melhor informação pergunte no seu BE ...isto é se quiser dar alguma honestidade aos seus comentários sobre supostas agressões..
Já que para mim os apupos são lógicos e até democráticos.

operário desempregado disse...

-Venho aqui hoje só para o informar da abertura na cidade do PORTO desta clínica caso ainda não tenha conhecimento e esteja interessado.
Bom fim de semana e as melhoras

"Saúde: Primeira Clínica da Coluna em Portugal abre no Porto

Ontem

Porto, 07 Mai (Lusa) - A primeira clínica em Portugal especializada no tratamento de doenças da coluna, hoje inaugurada no Porto, entra em funcionamento segunda-feira, anunciou fonte da unidade de saúde.

A Clínica Praxis, que "foi projectada e construída de raiz para o tratamento de doenças degenerativas da coluna", é dirigida por Manuel Enes, especialista que "desenvolve e aplica técnicas minimamente invasivas no tratamento de patologias da coluna".

A clínica é especializada no tratamento de doenças como "hérnia discal, estenose espinal ou canal estreito e espondilartrose"."

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Obrigado pelo vosso interesse pela minha saúde.
Para o operário desempregado que teve a amabilidade de me recomendar uma clínica onde poderia tratar da minha coluna. garanto-lhe que o problema não é da coluna. Mas mais uma vez obrigado.

operário desempregado disse...

-Caro doutor, eu não recomendei nada- limitei-me a informar da abertura tal dita clínica que por acaso li no JN, só isso.