16/08/2008

Reflexões melancólicas de um blogonauta – Ainda o caso do Manta Beach Club


Depois de uma semana de paralisia provocada pelo meu tradicional lumbago e pela procura de um novo servidor da Internet, visto que aquele que tinha contratado estava-me a sair demasiado caro, dei conta que um conjunto anormal de comentários tinham sido inserido ao meu último post sobre um problema local, a instalação em pleno areal da praia da Manta Rota de uma discoteca extremamente barulhenta. Esta tinha sido financiada pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, a cujo concelho pertence aquela praia.
Tirando duas respostas minhas, tinha nada mais, nada menos, do que 13 comentários, uma fartura.
Andei eu a escrever prosa, que considero "interessantíssima", sobre os momentosos assuntos políticos da actualidade que não mereceram qualquer comentário dos internautas e um post, a que não dei grande importância, recebe uma chuva de comentários. Daí a melancolia de um blogonauta que se considera injustiçado pelos seus leitores.
Depois destas considerações iniciais, que dão sempre um cunho pessoal a um blog, que alguns consideram deveria ser só de intervenção cívica, vamos ao que interessa e actualizemos as notícias referentes a este “importantíssimo” problema local que é o Manta Beach Club.
As notícias pelos vistos começaram a chegar aos jornais. Uma vi eu na Visão, Insónia na Manta Rota, mas parece que houve cartas de leitores no Correio da Manhã, Jornal de Notícias e Diário de Notícias. Um jornal on-line do barlavento algarvio dedica-lhe várias notícias, sempre, no entanto, com um cunho apaziguador, dizendo que o som foi controlado e já está bastante mais baixo. O que é verdade, mas pelas por razões que me parecem prender-se mais com regime de ventos do que com uma diminuição significativa do volume de som. Considerando que houve de facto fiscalização, em algumas das noites o incómodo era mesmo assim evidente.
No entanto, nesta guerra entre os banhistas/moradores da Manta Rota e a referida discoteca houve um facto que se veio intrometer, desviando as atenções e pondo em causa a fiscalização que deveria ser efectiva.
No noite de quinta para sexta-feira da semana passada, ou seja de 7 para 8 de Agosto, parece que um grupo de agentes da Brigada de Fiscalização da GNR, que não estavam ao serviço, se envolveram em desacatos com os seguranças da discoteca, tendo um dos GNR recebido uns pontos na cabeça e o responsável camarário pela empresa que gere aquele espaço levado mesmo um soco.
No dia seguinte a Brigada de Fiscalização da GNR, mais outros organismos do Estado com idênticas funções, apareceram na discoteca e durante duas horas passaram a pente fino as diversas actividades desenvolvidas pela mesma. Este episódio deu para a Câmara retorquir, afirmando que pondera pôr em tribunal os GRN responsáveis pelos desacatos e mesmo a própria actividade de fiscalização que considera que procedeu com excessivo zelo. Ver aqui , aqui e aqui .
Na Antena 1 ouvi num comentário, antes do noticiário das sete da tarde, que advogava, na brincadeira, que deveria haver um período de nojo entre os desacatos que envolvessem indivíduos responsáveis pelas fiscalizações e os empregados das entidades fiscalizadas e a realização das respectivas fiscalizações, porque senão daria a ideia que havia retaliação pelo sucedido.
No fundo, o que isto denota é como um fait-divers, que nada tem a ver com o problema central que no traz aqui, o ruído excessivo, consegue desviar as atenções das malfeitorias da discoteca, transformando os donos desta de carrascos em vítimas. Penso que para nossa desgraça, quem devia ir a tribunal eram os responsáveis camarários por tão nefasto empreendimento, e não a Brigada de Fiscalização, nem os GNR considerados desordeiros. Não será tudo isto obra de bruxaria da Maya.
PS.: depois do êxito do post anterior, das frequentes notícias sobre a barulheira do Manta Beach Club e da inspecção das entidades oficiais, a verdade é que o barulho amainou. Há uma série de noites que não se houve nada, seja pelo regímen de ventos, que constantemente estão a soprar do Norte, seja por haver ordens para baixar o som, o certo é que as coisas melhoraram significativamente. Portanto, aquele meu post deixa, em parte, de ter razão de ser, tendo cumprido assim uma das suas finalidades, que era a de protestar. Levantam-se, no entanto, algumas interrogações. A primeira é ser a própria Câmara Municipal a promover empreendimentos deste tipo. A segunda é o local escolhido, em Área Protegida, mesmo ao pé da duna, facilitando por isso o seu pisoteio e perturbando provavelmente a fauna do frágil ecossistema dunar. Mas isso fica para outra oportunidade. Agora louvemos o sossego alcançado.

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