21/08/2008

Dois pesos e duas medidas - a guerra da Geórgia

Um dos meus dilemas é ter matéria para regularmente ir preenchendo o espaço que me foi atribuído por essa “entidade misteriosa” que me permitiu instalar o meu blog no ciberespaço Por vezes não há paciência para escrever, outras não há mesmo tema. O pior é que vemos a concorrência sempre num grande afã, a inserir novos temas que gostaríamos também de tratar, mas para os quais já vamos atrasados. A pressão diária é muita. Podemos sempre escolher temas intemporais, mas aí provavelmente ninguém nos lerá.
Mas passemos ao que interessa. Tenho andado para escrever sobre a guerra da Geórgia. Mas já a paz está feita e ainda não escrevi uma linha. Depois pensei no artigo interessante do Pacheco Pereira, A Emergência de Novas Potências, publicado no Público, de Sábado passado, relacionado com o tema anterior, para o criticar e fazer algumas apreciações sobre o assunto abordado. Mas por último, vou-me fixar na visita a Praga que José Manuel Fernandes fez na companhia de Cândida Ventura, há dois anos atrás, e publicada hoje no Público, e no livro, que já li, de Flausino Torres, Diário da Batalha de Praga, Socialismo e Humanismo (Edições Afrontamento).
No entanto, não gostaria de passar em claro esta guerra que se desenrola nas paragens distantes da Geórgia.
Primeiro, dias depois de ter iniciado as hostilidades, invadindo a Ossétia do Sul, o Presidente da Geórgia, conclama que estava a ser vítima de uma invasão pelos russos semelhantes à que os mesmos tinham empreendido em relação à Hungria, em 1956, e a Checoslováquia, em 1968. Clara manobra de propaganda, para motivar a opinião pública ocidental a forçar os seus Governos a intervirem no conflito. Faz-me lembrar, há uns anos, quando um líder de direita que tinha sido derrotado numa eleições na Albânia pelos ex-comunistas, saiu à rua a gritando que tinha havido fraude nas eleições e pondo na mão dos seus apoiantes bandeiras da Albânia e dos Estados Unidos, já se sabe com a claro propósito de influenciar o Governo americano a intervir a seu favor. São este tipo de líderes, sem qualquer ponta de respeito pelas soberanias nacionais, que o “Ocidente” apoia e depois fica muito chocado quando fazem “borrada” da grossa.
Segundo, foi a espantosa afirmação de Bush quando disse que a invasão de um estado soberano vizinho é "inaceitável no século XXI". É preciso não ter vergonha na cara para, pouco anos depois de violar grosseiramente a soberania do Iraque, que nem sequer era vizinho, vir afirmar que os outros não têm o direito, e neste caso com alguma justificação, de fazer aquilo que ele fez.
Por último, a afirmação da mesma personagem, e da sua Secretária de Estado, Condoleezza Rice, de que tem que se respeitar a “integridade territorial” da Geórgia, quando ainda recentemente os Estados Unidos reconheceram a independência do Kosovo, permitindo assim o desmembramento da Sérvia.
Contradições risíveis, que envergonham qualquer política séria das chamadas forças ocidentais.
Quanto ao tema que nos propúnhamos tratar deixemos para o próximo post, visto que, uma táctica que eu tenho que aprender é escrever pouco, ilustrar muito, para permitir uma leitura rápida e “agradável”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Cá fico à espera do comentário ao livro.