Num programa de Júlio Isidro, por sinal de uma piroseira indescritível, dedicado ao Maio de 68 e que passou na RTP I, na passada quarta-feira, Fernando Rosas, um dos convidados, considerou, por outras palavras, que, em oposição à visão de Sarkosy, que considerava que era necessário “liquidar a herança do Maio de 68”, o legado daqueles acontecimentos abriu as portas à modernidade dos nossos dias.
I – O revisionismo da direita
Aquela proposta de liquidação do Maio de 68, insere-se num certo revisionismo histórico, que sendo coisa demasiado complicada para um político fogo-de-vista, como é o Sr. Sarkosy, percorre no entanto muito do pensamento conservador contemporâneo e pode, por isso, ser perceptível mesmo para políticos menos dotados para as “questões filosóficas”.
Hoje a direita conservadora, com o apoio de alguma esquerda bem-pensante, tenta eliminar da história todos os momentos de grande transformação social, que, por essa razão, são portadores de uma dose, por vezes não controlada, de violência. Assim valoriza unicamente a Revolução Americana, de que resultou a independência da América do Norte e, segundo ela, a formação das sociedades democráticas do Ocidente, opondo-a à Revolução Francesa, principalmente à fase de domínio jacobino, o chamado período do Terror. Abomina a Revolução Russa, considerando que Estaline é o continuador, para pior, dos métodos de Lenine, que por sua vez já se fora inspirar em Marx.
Depois, mais recentemente, o nazismo não seria mais do que uma resposta ao comunismo e a II Guerra Mundial só terminou com a queda do Muro de Berlim, porque primeiro se derrotou o “totalitarismo” nazi, que no princípio estava associado ao comunismo, e depois o “totalitarismo” comunista com a “libertação” dos povos do leste Europeu (Bush dixit: ver notícia no Público e a prosa reaccionaríssima de um comentador americano, traduzida para brasileiro). Para alguns conservadores, só por acaso, é que houve uma aliança entre as democracias e os comunistas, que na altura, e bem, se chamava antifascismo, e se realizou uma conferência de Yalta, em que o principal representante das democracias, Roosevelt, era, para aqueles, um chefe débil e à beira da morte. Sobre todos estes assuntos ver a prosa interessantíssima de António Figueira aqui e aqui .
Também, o conservadorismo nacional tenta rever a nossa história contemporânea. É a reabilitação do Rei D. Carlos e o estigma dos regicidas, com a tentativa de impedir a transladação de Aquilino Ribeiro para o Panteão. É a República transformada em antecâmara da ditadura, pois seria tão prepotente como que aquela (veja-se as declarações de Rui Ramos ao Primeiro de Janeiro ou ao programa Diga Lá Excelência ). É o PREC transformado em ditadura comunista (ver este artigo do Diário de Notícias sobre a morte do cónego Melo).
Chegou agora a vez do Maio de 68 e é vê-los em bicha, desde o Vasco Pulido Valente até ao João Carlos Espada, a combaterem a herança do Maio de 68.
II – O adquirido civilizacional progressista
Retomando as declarações iniciais de Fernando Rosas, lembremos outras que ele fez ao P2, do Público, de 2 de Maio. A propósito das afirmações de Sarkosy, considera que “mais tarde ou mais cedo, a lógica neoliberal do discurso político tinha que ir a Maio”. E acrescenta “os adquiridos civilizacionais progressistas de Maio só estarão seguros quando se escorarem numa verdadeira alternativa de poder à agenda e aos valores do neoliberalismo. Maio não é um fecho é uma abertura. Abre um campo de possibilidades muito actuais. Toda a nova esquerda europeia só pode ser pensada em função desse momento original e genético que são as revoluções de Maio”.
O discurso é empolgante, fala-se mesmo em revoluções, e não só no Maio de 68 francês. Mas é indispensável fazer uma reflexão mais fina. Pela minha parte tentarei fazê-la.
A parte mais consensual das heranças dos diversos Maios consiste talvez na conquista da igualdade de género, com a libertação da mulher das suas limitações sexuais, devido ao aparecimento da pílula, e com a sua independência económica, resultante do acesso maciço ao mercado de trabalho. Qualquer delas estarão mais ligadas a toda a década de 60 do que unicamente ao Maio de 68.
Quanto à transformação das mentalidades, o surgimento de um novo relativismo de valores e de uma maior liberdade individual – cada um por si –, é efectivamente um adquirido que eu continuaria a considerar mais da época do que do Maio de 68, mas que radica numa transformação social do assalariado de que irei falar a seguir.
III – A transformação da classe operária e da sua representação política
Penso que as greves operárias de 68 em França foram as maiores, na Europa Ocidental, da segunda metade do século XX, mas que constituíram também o fim de uma certa classe operária, como a entendíamos no pós-fordismo, integrada em grandes fábricas e fazendo parte de uma infindável linha de montagem, tal como era representada nos Tempos Modernos, de Chaplin. Em Portugal, com todos os atrasos que nos são característicos, tivemos também um exemplo dessa classe operária. Estava localizada na margem esquerda do Tejo e era constituída pela Siderurgia, pela CUF do Barreiro ou pelos estaleiros da Lisnave e Setenave.
Esta classe operária foi destruída. Terceirizou-se ou reformou-se. O que resta dela são hoje os operários de bata branca da Auto-Europa, ou então foi substituída por trabalhadores de Leste, por africanos ou brasileiros.
No resto da Europa a situação não foi muito diferente. Os grandes partidos operários desapareceram. Do PCF e do PCI já quase nada resta. Thatcher acabou por destruir a ala esquerda do Labour inglês. A social-democracia alemã está hoje muito mais desfigurada do que a que existia nos tempos de Willy Brandt .
Tudo isto teve efeitos devastadores, por um lado, na composição da esquerda europeia, por outro, na organização das forças capazes de resistir à ofensiva neoliberal.
Por isso, custa-nos a perceber que um filósofo respeitável como Daniel Bensaïd, em entrevista à Visão História, Abril de 2008, possa afirmar que “os trabalhadores estão menos organizados e, por isso, menos capazes para resistir à brutalidade da ofensiva neoliberal. Mas, por outro lado, estão menos controlados por aparelhos e mais livres para lutas espontâneas.” Ou seja, de acordo com dados por fornecidos pelo entrevistado, a CGT tinha na altura “3 milhões de filiados, hoje tem menos de 700 mil, já contando com os reformados. O Partido Comunista tinha entre 20 a 25% dos votos e tinha o controlo, quase o monopólio, sobre a maioria dos trabalhadores. Por isso, entre estudantes e trabalhadores, em 68 havia um muro de desconfiança. Não era uma desconfiança espontânea, mas construída, principalmente pela CGT e pelo PCF. Hoje esse muro foi destruído. Isso é positivo”. Estranho que alguém, sabendo o que é a ofensiva neoliberal, e a dificuldade de resistência dos trabalhadores a essa ofensiva, possa ainda acreditar, em nome da espontaneidade das lutas, que a destruição dos sindicatos operários e dos seus partidos foi benéfica para combater essa ofensiva. (ver igualmente uma entrevista sobre o Maio de 68 de Daniel Bensaïd ao Rebelion ).
IV – Crítica à herança política do Maio de 68
Voltemos ainda às declarações de Fernando Rosas à Visão História, repetindo as suas afirmações finais: “toda a nova esquerda europeia só pode ser pensada em função desse momento original e genético que são as revoluções de Maio”.
Estou bastante em desacordo com esta afirmação. Primeiro como já o afirmei no ponto anterior, lamento não considerar como estruturante de uma nova esquerda a destruição das mais importantes centrais operárias, nem dos seus partidos, mesmo que isso corresponda a uma maior espontaneidade das lutas.
Segundo, que podemos nós hoje pensar da herança maoista, há muito renegada no seu centro de origem, e que constitui sem dúvida um dos piores momentos de sectarismo e de esquerdismo do movimento marxista, não correspondendo de modo algum a visão humanista e rigorosa dos seus fundadores.
Terceiro, que podemos nós hoje dizer, que interesse verdadeiramente à transformação social da Europa e à luta contra a ofensiva neoliberal, que tenha haver com o guevarismo – com a teoria do foco ou a criação de um, dois ou três Vietnames –, ou com o respeitável pensamento de Trosky, só provavelmente com a sua crítica à burocracia do antigo “socialismo real”.
Que pode hoje a esquerda, a que se reclama do Partido da Esquerda Europeia, retirar do Maio de 68 senão nostalgia e recordação dos bons velhos tempos. Politicamente, lamento dizer, mas Maio está morto desse ponto de vista. Hoje o nosso trabalho é outro. Temos que ir provavelmente apanhar os cacos daquilo que deixámos pelo caminho: Gramsci em primeiro lugar, o austro-marxismo, algum do marxismo ocidental, tão renegado pela ortodoxia soviética, Rosa Luxemburgo e a sua crítica ao centralismo bolchevique, provavelmente a Bukarine e a defesa do mercado no socialismo.
Por isso, afirmei em post recente “que bem exprimido o Maio de 68, na sua forma comemorativa e retórica, pouco nos deixou que verdadeiramente seja transformador das sociedades hodiernas”.
Considero que esta afirmação é discutível, e que se pode confundir com os ataques da direita. Contudo, penso que ao comemorar o Maio de 68 não o podemos reduzir a adorno da mediatização triunfante, que tudo transforma em espectáculo, ou de uma certa esquerda que dele se serve para ajustar umas contas com os antigos partidos comunistas. Tal como em todas as comemorações, temos que valorizar o que ainda hoje está válido e qual a sua contribuição para o processo transformador, tendo sempre em conta que o nosso discurso se integra na luta ideológica que quotidianamente travamos com a ideologia dominante.
I – O revisionismo da direita
Aquela proposta de liquidação do Maio de 68, insere-se num certo revisionismo histórico, que sendo coisa demasiado complicada para um político fogo-de-vista, como é o Sr. Sarkosy, percorre no entanto muito do pensamento conservador contemporâneo e pode, por isso, ser perceptível mesmo para políticos menos dotados para as “questões filosóficas”.
Hoje a direita conservadora, com o apoio de alguma esquerda bem-pensante, tenta eliminar da história todos os momentos de grande transformação social, que, por essa razão, são portadores de uma dose, por vezes não controlada, de violência. Assim valoriza unicamente a Revolução Americana, de que resultou a independência da América do Norte e, segundo ela, a formação das sociedades democráticas do Ocidente, opondo-a à Revolução Francesa, principalmente à fase de domínio jacobino, o chamado período do Terror. Abomina a Revolução Russa, considerando que Estaline é o continuador, para pior, dos métodos de Lenine, que por sua vez já se fora inspirar em Marx.
Depois, mais recentemente, o nazismo não seria mais do que uma resposta ao comunismo e a II Guerra Mundial só terminou com a queda do Muro de Berlim, porque primeiro se derrotou o “totalitarismo” nazi, que no princípio estava associado ao comunismo, e depois o “totalitarismo” comunista com a “libertação” dos povos do leste Europeu (Bush dixit: ver notícia no Público e a prosa reaccionaríssima de um comentador americano, traduzida para brasileiro). Para alguns conservadores, só por acaso, é que houve uma aliança entre as democracias e os comunistas, que na altura, e bem, se chamava antifascismo, e se realizou uma conferência de Yalta, em que o principal representante das democracias, Roosevelt, era, para aqueles, um chefe débil e à beira da morte. Sobre todos estes assuntos ver a prosa interessantíssima de António Figueira aqui e aqui .
Também, o conservadorismo nacional tenta rever a nossa história contemporânea. É a reabilitação do Rei D. Carlos e o estigma dos regicidas, com a tentativa de impedir a transladação de Aquilino Ribeiro para o Panteão. É a República transformada em antecâmara da ditadura, pois seria tão prepotente como que aquela (veja-se as declarações de Rui Ramos ao Primeiro de Janeiro ou ao programa Diga Lá Excelência ). É o PREC transformado em ditadura comunista (ver este artigo do Diário de Notícias sobre a morte do cónego Melo).
Chegou agora a vez do Maio de 68 e é vê-los em bicha, desde o Vasco Pulido Valente até ao João Carlos Espada, a combaterem a herança do Maio de 68.
II – O adquirido civilizacional progressista
Retomando as declarações iniciais de Fernando Rosas, lembremos outras que ele fez ao P2, do Público, de 2 de Maio. A propósito das afirmações de Sarkosy, considera que “mais tarde ou mais cedo, a lógica neoliberal do discurso político tinha que ir a Maio”. E acrescenta “os adquiridos civilizacionais progressistas de Maio só estarão seguros quando se escorarem numa verdadeira alternativa de poder à agenda e aos valores do neoliberalismo. Maio não é um fecho é uma abertura. Abre um campo de possibilidades muito actuais. Toda a nova esquerda europeia só pode ser pensada em função desse momento original e genético que são as revoluções de Maio”.
O discurso é empolgante, fala-se mesmo em revoluções, e não só no Maio de 68 francês. Mas é indispensável fazer uma reflexão mais fina. Pela minha parte tentarei fazê-la.
A parte mais consensual das heranças dos diversos Maios consiste talvez na conquista da igualdade de género, com a libertação da mulher das suas limitações sexuais, devido ao aparecimento da pílula, e com a sua independência económica, resultante do acesso maciço ao mercado de trabalho. Qualquer delas estarão mais ligadas a toda a década de 60 do que unicamente ao Maio de 68.
Quanto à transformação das mentalidades, o surgimento de um novo relativismo de valores e de uma maior liberdade individual – cada um por si –, é efectivamente um adquirido que eu continuaria a considerar mais da época do que do Maio de 68, mas que radica numa transformação social do assalariado de que irei falar a seguir.
III – A transformação da classe operária e da sua representação política
Penso que as greves operárias de 68 em França foram as maiores, na Europa Ocidental, da segunda metade do século XX, mas que constituíram também o fim de uma certa classe operária, como a entendíamos no pós-fordismo, integrada em grandes fábricas e fazendo parte de uma infindável linha de montagem, tal como era representada nos Tempos Modernos, de Chaplin. Em Portugal, com todos os atrasos que nos são característicos, tivemos também um exemplo dessa classe operária. Estava localizada na margem esquerda do Tejo e era constituída pela Siderurgia, pela CUF do Barreiro ou pelos estaleiros da Lisnave e Setenave.
Esta classe operária foi destruída. Terceirizou-se ou reformou-se. O que resta dela são hoje os operários de bata branca da Auto-Europa, ou então foi substituída por trabalhadores de Leste, por africanos ou brasileiros.
No resto da Europa a situação não foi muito diferente. Os grandes partidos operários desapareceram. Do PCF e do PCI já quase nada resta. Thatcher acabou por destruir a ala esquerda do Labour inglês. A social-democracia alemã está hoje muito mais desfigurada do que a que existia nos tempos de Willy Brandt .
Tudo isto teve efeitos devastadores, por um lado, na composição da esquerda europeia, por outro, na organização das forças capazes de resistir à ofensiva neoliberal.
Por isso, custa-nos a perceber que um filósofo respeitável como Daniel Bensaïd, em entrevista à Visão História, Abril de 2008, possa afirmar que “os trabalhadores estão menos organizados e, por isso, menos capazes para resistir à brutalidade da ofensiva neoliberal. Mas, por outro lado, estão menos controlados por aparelhos e mais livres para lutas espontâneas.” Ou seja, de acordo com dados por fornecidos pelo entrevistado, a CGT tinha na altura “3 milhões de filiados, hoje tem menos de 700 mil, já contando com os reformados. O Partido Comunista tinha entre 20 a 25% dos votos e tinha o controlo, quase o monopólio, sobre a maioria dos trabalhadores. Por isso, entre estudantes e trabalhadores, em 68 havia um muro de desconfiança. Não era uma desconfiança espontânea, mas construída, principalmente pela CGT e pelo PCF. Hoje esse muro foi destruído. Isso é positivo”. Estranho que alguém, sabendo o que é a ofensiva neoliberal, e a dificuldade de resistência dos trabalhadores a essa ofensiva, possa ainda acreditar, em nome da espontaneidade das lutas, que a destruição dos sindicatos operários e dos seus partidos foi benéfica para combater essa ofensiva. (ver igualmente uma entrevista sobre o Maio de 68 de Daniel Bensaïd ao Rebelion ).
IV – Crítica à herança política do Maio de 68
Voltemos ainda às declarações de Fernando Rosas à Visão História, repetindo as suas afirmações finais: “toda a nova esquerda europeia só pode ser pensada em função desse momento original e genético que são as revoluções de Maio”.
Estou bastante em desacordo com esta afirmação. Primeiro como já o afirmei no ponto anterior, lamento não considerar como estruturante de uma nova esquerda a destruição das mais importantes centrais operárias, nem dos seus partidos, mesmo que isso corresponda a uma maior espontaneidade das lutas.
Segundo, que podemos nós hoje pensar da herança maoista, há muito renegada no seu centro de origem, e que constitui sem dúvida um dos piores momentos de sectarismo e de esquerdismo do movimento marxista, não correspondendo de modo algum a visão humanista e rigorosa dos seus fundadores.
Terceiro, que podemos nós hoje dizer, que interesse verdadeiramente à transformação social da Europa e à luta contra a ofensiva neoliberal, que tenha haver com o guevarismo – com a teoria do foco ou a criação de um, dois ou três Vietnames –, ou com o respeitável pensamento de Trosky, só provavelmente com a sua crítica à burocracia do antigo “socialismo real”.
Que pode hoje a esquerda, a que se reclama do Partido da Esquerda Europeia, retirar do Maio de 68 senão nostalgia e recordação dos bons velhos tempos. Politicamente, lamento dizer, mas Maio está morto desse ponto de vista. Hoje o nosso trabalho é outro. Temos que ir provavelmente apanhar os cacos daquilo que deixámos pelo caminho: Gramsci em primeiro lugar, o austro-marxismo, algum do marxismo ocidental, tão renegado pela ortodoxia soviética, Rosa Luxemburgo e a sua crítica ao centralismo bolchevique, provavelmente a Bukarine e a defesa do mercado no socialismo.
Por isso, afirmei em post recente “que bem exprimido o Maio de 68, na sua forma comemorativa e retórica, pouco nos deixou que verdadeiramente seja transformador das sociedades hodiernas”.
Considero que esta afirmação é discutível, e que se pode confundir com os ataques da direita. Contudo, penso que ao comemorar o Maio de 68 não o podemos reduzir a adorno da mediatização triunfante, que tudo transforma em espectáculo, ou de uma certa esquerda que dele se serve para ajustar umas contas com os antigos partidos comunistas. Tal como em todas as comemorações, temos que valorizar o que ainda hoje está válido e qual a sua contribuição para o processo transformador, tendo sempre em conta que o nosso discurso se integra na luta ideológica que quotidianamente travamos com a ideologia dominante.
1 comentário:
Jorge, Concordo bastante com este teu texto (para variar).
A frase do Fernando Rosas que tu citas:
“os adquiridos civilizacionais progressistas de Maio só estarão seguros quando se escorarem numa verdadeira alternativa de poder à agenda e aos valores do neoliberalismo. Maio não é um fecho é uma abertura. Abre um campo de possibilidades muito actuais. Toda a nova esquerda europeia só pode ser pensada em função desse momento original e genético que são as revoluções de Maio”.
é, ela própria, contraditória.
A nova esquerda não pode ser pensada em função do Maio de 68 porque este, nos seus dias, não representava qualquer "verdadeira alternativa de poder à agenda e aos valores do neoliberalismo".
Aliás acho sintomático que hoje a maior parte das pessoas que se dizem de esquerda falem de criar alternativas ao "neoliberalismo" e não ao capitalismo. Parecendo que não isto diz muito.
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