
O BE e o PCP têm encarado esta crise política que estamos a viver como um jogo de sombras entre o PS e o PSD para, no fundo, justificar a aprovação de medidas mais gravosas para a sociedade portuguesa e para ver quem se livra do ónus de ser o seu principal responsável. Para aqueles dois partidos de esquerda dir-se-ia que estamos perante uma peça de teatro medíocre, daqueles dramalhões que pelo seu exagero acabam por pôr toda a plateia a rir.
Eu não desvalorizaria tanto esta situação, que tem algumas semelhanças com a que se viveu no final do reinado de Guterres, quando este se demitiu para evitar o pântano e a direita paulatinamente tomou conta do poder.
Vejamos o que se passa e as semelhanças entre as duas situações, apesar de na altura da demissão de Guterres a crise económica não ser tão grave como no presente. Quando a direita, PSD aliado ou não ao CDS, não tem condições para governar – foi o caso de do PSD, já sem Cavaco, em 1995, ou quando o chefe deste mesmo partido, em 2005, comete tanto disparates que é despedido – o poder é entregue ao PS, conseguindo este partido obter durante um certo período de tempo as boas graça dos empresários (do patronato), dos comentadores, dos media em geral e até dos eleitores. Foram os quatro anos de euforia de Guterres (a Expo 98) e as sondagens em alta do PS de Sócrates, que, mesmo desgastado com os sucessivos casos porque foi passando, conseguiu sempre resistir.
Qual tem sido na prática a política seguida pelo PS, tem variado, mas no fundo recorre de facto uma política de direita, exceptuam-se os casos da aprovação da legislação sobre a segurança social, no tempo de Guterres, e das leis sobre o IVG e os casamentos entre homossexuais, no tempo de Sócrates, em que aí se socorre da esquerda. Isto tem levado, mais acentuadamente com Sócrates do que com Guterres, a um afastamento bastante acentuado entre o PS e a sua esquerda, que na última Assembleia se tornou verdadeiramente plural, com a existência com peso quase semelhante do BE e do PCP.
Esta política seguida pelo PS tem-no convencido de que é fácil meter os empresários no bolso, controlar a comunicação social e obter a aceitação dos comentadores. Até que chega o momento em que estes, principalmente os primeiros, que são os patrões da comunicação social e dos comentadores, sentindo-se com força o despedem por preferirem que sejamos os seus partidos a cumprir a política que desejam. Esta é a tragédia do PS. Faz tudo que lhe exigem mas volta e meia é despedido por incompetência. É o que lhe está a suceder agora.
Bem pôde o PS assinar o PEC com o PSD, garantindo que finalmente tinha um parceiro para dançar o tango, que este partido sentindo-se com a força das sondagens e do patronato se prepara pura e simplesmente para despedir o seu moço de fretes.
Por isso, eu penso que o que se está a passar não é só um jogo de sombras entre o PS e o PSD, é igualmente uma ofensiva da direita patronal, política e ideológica, contra tudo o que mexe à esquerda. Acho, portanto, que é incorrecto meter tudo no mesmo saco e que devemos dar respostas bem vivas e acutilantes a esta ofensiva da direita que visa rever a Constituição, esbulhar os funcionários públicos do 13º mês e os trabalhadores dos seus subsídios sociais, destruir o SNS e a escola pública e que para isso reuniu um conjunto de ideólogos e propagandistas que diariamente nos atacam nos meios de comunicação social, privilegiando, sem dúvida a Televisão. Veja-se o leque de comentadores, de programas e de debates da SIC Notícias e teremos um exemplo da ofensiva descarada da direita, através dos seus principais agentes: respeitáveis professores universitários ou antigos ministros das finanças.
Por isso, não sendo necessário sair em defesa do Governo, não podemos considerar tudo farinha do mesmo saco e temos que compreender que o povo português está ser vítima de uma programada ofensiva ideológica da direita, que arrastará na sua frente não só o Governo de Sócrates, como provavelmente muitas das conquistas de Abril. É neste emaranhado contraditório que temos que descobrir quem é o nosso inimigo principal e quem é o secundário. Temos que ver quem nos interessa correr e quem queremos que vá para lá, mas mais do que isso como poderemos fazer a ruptura de que há tantos anos se fala e que nunca fomos capazes de concretizar.
Eu não desvalorizaria tanto esta situação, que tem algumas semelhanças com a que se viveu no final do reinado de Guterres, quando este se demitiu para evitar o pântano e a direita paulatinamente tomou conta do poder.
Vejamos o que se passa e as semelhanças entre as duas situações, apesar de na altura da demissão de Guterres a crise económica não ser tão grave como no presente. Quando a direita, PSD aliado ou não ao CDS, não tem condições para governar – foi o caso de do PSD, já sem Cavaco, em 1995, ou quando o chefe deste mesmo partido, em 2005, comete tanto disparates que é despedido – o poder é entregue ao PS, conseguindo este partido obter durante um certo período de tempo as boas graça dos empresários (do patronato), dos comentadores, dos media em geral e até dos eleitores. Foram os quatro anos de euforia de Guterres (a Expo 98) e as sondagens em alta do PS de Sócrates, que, mesmo desgastado com os sucessivos casos porque foi passando, conseguiu sempre resistir.
Qual tem sido na prática a política seguida pelo PS, tem variado, mas no fundo recorre de facto uma política de direita, exceptuam-se os casos da aprovação da legislação sobre a segurança social, no tempo de Guterres, e das leis sobre o IVG e os casamentos entre homossexuais, no tempo de Sócrates, em que aí se socorre da esquerda. Isto tem levado, mais acentuadamente com Sócrates do que com Guterres, a um afastamento bastante acentuado entre o PS e a sua esquerda, que na última Assembleia se tornou verdadeiramente plural, com a existência com peso quase semelhante do BE e do PCP.
Esta política seguida pelo PS tem-no convencido de que é fácil meter os empresários no bolso, controlar a comunicação social e obter a aceitação dos comentadores. Até que chega o momento em que estes, principalmente os primeiros, que são os patrões da comunicação social e dos comentadores, sentindo-se com força o despedem por preferirem que sejamos os seus partidos a cumprir a política que desejam. Esta é a tragédia do PS. Faz tudo que lhe exigem mas volta e meia é despedido por incompetência. É o que lhe está a suceder agora.
Bem pôde o PS assinar o PEC com o PSD, garantindo que finalmente tinha um parceiro para dançar o tango, que este partido sentindo-se com a força das sondagens e do patronato se prepara pura e simplesmente para despedir o seu moço de fretes.
Por isso, eu penso que o que se está a passar não é só um jogo de sombras entre o PS e o PSD, é igualmente uma ofensiva da direita patronal, política e ideológica, contra tudo o que mexe à esquerda. Acho, portanto, que é incorrecto meter tudo no mesmo saco e que devemos dar respostas bem vivas e acutilantes a esta ofensiva da direita que visa rever a Constituição, esbulhar os funcionários públicos do 13º mês e os trabalhadores dos seus subsídios sociais, destruir o SNS e a escola pública e que para isso reuniu um conjunto de ideólogos e propagandistas que diariamente nos atacam nos meios de comunicação social, privilegiando, sem dúvida a Televisão. Veja-se o leque de comentadores, de programas e de debates da SIC Notícias e teremos um exemplo da ofensiva descarada da direita, através dos seus principais agentes: respeitáveis professores universitários ou antigos ministros das finanças.
Por isso, não sendo necessário sair em defesa do Governo, não podemos considerar tudo farinha do mesmo saco e temos que compreender que o povo português está ser vítima de uma programada ofensiva ideológica da direita, que arrastará na sua frente não só o Governo de Sócrates, como provavelmente muitas das conquistas de Abril. É neste emaranhado contraditório que temos que descobrir quem é o nosso inimigo principal e quem é o secundário. Temos que ver quem nos interessa correr e quem queremos que vá para lá, mas mais do que isso como poderemos fazer a ruptura de que há tantos anos se fala e que nunca fomos capazes de concretizar.