Não ouvi na totalidade o discurso de Aguiar Branco na Assembleia da República a propósito da passagem do 36º Aniversário do 25 de Abril. Parece, segundo os comentadores, que resolveu a propósito de baralhar a esquerda com a direita fazer citações de Sérgio Godinho, Lenine e Rosa Luxemburgo.
Num pequeno enxerto transmitido pela SIC Notícias ainda tive oportunidade de ouvir alguns dislates como o de ser povo tanto o trabalhador da Lisnave como o seu accionista. Ou então, a citação de Lenine, que já vem da Marx ou de Engels, das duas condições necessárias para haver uma revolução: que os de baixo já não aguentem mais e dos cima não possam governar como dantes. As palavras são minhas e não de qualquer daqueles autores, mas a ideia é a mesma. Percebe-se que aplicada aos dias de hoje esta citação vem completamente a despropósito, já não tanto em relação ao próprio 25 de Abril, mas isso é coisa que Aguiar Branco não entenderá.
Mas o que mais me indignou foi ouvir uma citação de Rosa Luxemburgo pronunciada a seguir à Revolução Bolchevique, contra o domínio daquela revolução por um único partido, que Aguiar Branco, sem o dizer, tenta dirigir ao Partido Socialista e à qual atribuía a data de 1920.
Ora Rosa Luxemburgo, um dos espíritos mais lúcidos da esquerda revolucionária alemã do final do século XIX e início do Século XX, foi assassinada por espancamento por milícias da direita nos inícios de 1919, aquando do levantamento em Berlim do movimento espartaquista, que esteve na origem do Partido Comunista Alemão. Portanto, quando o nosso citador de ocasião atribuía a data de 1920 àquelas palavras, já Rosa Luxemburgo estava morta e enterrada e só por transmissão mediúnica é que Aguiar Branco as podia enquadrar naquela data.
Num pequeno enxerto transmitido pela SIC Notícias ainda tive oportunidade de ouvir alguns dislates como o de ser povo tanto o trabalhador da Lisnave como o seu accionista. Ou então, a citação de Lenine, que já vem da Marx ou de Engels, das duas condições necessárias para haver uma revolução: que os de baixo já não aguentem mais e dos cima não possam governar como dantes. As palavras são minhas e não de qualquer daqueles autores, mas a ideia é a mesma. Percebe-se que aplicada aos dias de hoje esta citação vem completamente a despropósito, já não tanto em relação ao próprio 25 de Abril, mas isso é coisa que Aguiar Branco não entenderá.
Mas o que mais me indignou foi ouvir uma citação de Rosa Luxemburgo pronunciada a seguir à Revolução Bolchevique, contra o domínio daquela revolução por um único partido, que Aguiar Branco, sem o dizer, tenta dirigir ao Partido Socialista e à qual atribuía a data de 1920.
Ora Rosa Luxemburgo, um dos espíritos mais lúcidos da esquerda revolucionária alemã do final do século XIX e início do Século XX, foi assassinada por espancamento por milícias da direita nos inícios de 1919, aquando do levantamento em Berlim do movimento espartaquista, que esteve na origem do Partido Comunista Alemão. Portanto, quando o nosso citador de ocasião atribuía a data de 1920 àquelas palavras, já Rosa Luxemburgo estava morta e enterrada e só por transmissão mediúnica é que Aguiar Branco as podia enquadrar naquela data.
4 comentários:
mas a afirmação é dela ou não? aponta-se para a lua e olha-se para o dedo. assim não há nada a fazer
A afirmação é obviamente da Rosa Luxemburgo. A minha intenção, se percebeu o texto, é pelo menos criticar o Aguiar Branco pelas citações que ele faz desenquadradas do contexto e depois pela ligeireza com atribuir uma data a uma citação que não é correcta. Por isso a direita quando fala destes temas não o pode fazer com a ligeireza com que o faz Aguiar Branco
V.Exa está equivocado.
A 1.ª Edição do livro "A Revolução Russa - Análise Crítica", de Rosa Luxemburgo, data de 1920. Estranho.
Escrever um livro todo depois de morto, não é assim tão estranho. Publicações póstumas há aos milhares.
Não percebo porque estou equivocado. Tenho a “Revolução Russa”, de Rosa Luxemburgo, numa edição francesa de 1948, dos Cadernos Spartacus. Que tem um prefácio, segundo uma tradução livre minha, que diz o seguinte: “Quando o presente estudo apareceu nas livrarias, no Natal de 1921, tinham-se passado perto de três anos desde que a tropa da “guarda cívica” berlinense assassinara Rosa Luxemburgo (15 de Janeiro de 1919), trinta meses depois das águas lentas do canal onde o seu corpo tinha sido lançado as devolveram ao rio (31 de Maio).”
Foi na prisão que escreveu este texto, em Breslau, no Outono de 1918, poucas semanas antes de ser libertada e de se ter lançado na luta revolucionária e acabado numa morte horrível, …
Foi o seu amigo e que muitas vezes tinha então a mesma forma de pensar, Paulo Levi, que se tornou editor destas páginas”. E depois continua desenvolvendo melhor as circunstâncias em que foram escritas.
Por este relato percebe-se que a obra é póstuma e é de 1921, tendo Rosa Luxemburgo sido assassinada em Janeiro de 1919. Por isso quando Aguiar Branco atribuiu uma data, que a nada corresponde, tem que nos elucidar que as citações de Rosa são referidas a uma obra posterior à sua morte e não dizer-nos simplesmente que são de 1920.
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