22/02/2012

A intolerância de ponto

Fui buscar o termo intolerância ao Telejornal, da RTP 1. Mesmo nestes tempos de censura ou de beija-mão ao poder “há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não". De facto não esperava ouvir esta frase na televisão pública.

Mas não é isto que me trás aqui. Como todos sabem o Governo não deu tolerância de ponto aos funcionários públicos. Como isto não conseguiu, no entanto, pôr o país a trabalhar, mas incomodou muita gente que, por esse motivo, se viu obrigada a ter que ir ao serviço. Quem frequentou o espaço público percebeu que os seus utentes eram em muito menor número do que num  dia útil normal, o que significa que a maioria dos trabalhadores não foi ao seu local de trabalho e aproveitou para passar o dia em casa.

Mas o que é mais importante, e que quero realçar aqui, são as contradições da decisão do Governo. Como todos já sabem, o calendário escolar foi marcado com grande antecedência e reservou para estes dias a pausa do Carnaval. Parece que obrigou alguns professores a irem às escolas, mas os alunos puderam ficar em casa. Primeira falha do Governo.

Soube, no entanto, hoje de uma história semelhante, com a intervenção do um departamento do estado. Parece que, com seis meses de antecedência, o INFARMED exige das farmácias que lhe comuniquem os feriados em que fecham, provavelmente por causa dos turnos, para verificar quais aquelas que estão de serviço ou de atendimento permanente durante esse dia. Ora o Carnaval funciona neste caso como feriado móvel.

Assim, quando ontem me dirigia para uma farmácia verifiquei que ela estava fechada e pensei para comigo ora estes não cumpriram as ordens do primeiro-ministro. Hoje quando lá voltei, perguntei: "então ontem estiveram fechados". A resposta que obtive foi: "por ordem do INFARMED".

Deste modo verifiquei que por muito que o Governo pretenda há última da hora, para troika ver, pôr os portugueses a cumprirem as suas determinações, há sempre contradições insanáveis que lhe tolhem a vontade.

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