22/12/2011

O pluralismo na televisão (ou a ausência dele)

Ontem depois do ver o Telejornal da RTP, cerca das nove horas da noite, mudei de canal porque o programa seguinte era uma reportagem sobre a reacção de ex-soldados, na acualidade, às mensagens que  anteriormente tinham enviado, durante a Guerra Colonial, para os seus familiares que estavam na Metrópole e que terminavam invariavelmente com o “adeus, até ao meu regresso”. Pensei que era um programa revivalista das grandezas do Império e da sua perda. Não se falava em Guerra Colonial, mas do Ultramar.

Passei então para a SIC Notícias onde, no Jornal das Nove, pontifica o Mário Crespo. Depois de umas curtas notícias há sempre um convidado. Ontem era a Zita Seabra para falar do Querido Líder que tinha acabado de falecer na Coreia do Norte. Pelo que depois percebi falou de vários países do “socialismo real”. No dia anterior tinha sido convidado o professor de Economia, Cantiga Esteves, que propunha, nada menos, que se festejasse os quarenta anos do último orçamento em que tinha havido um equilíbrio das contas, ou seja, um dos últimos orçamentos de antes do 25 de Abril. Mas o convidado mais catita foi o patrão dos patrões ter ido àquele canal comentar a Greve Geral. Aqui está um rapaz que se insurgiu com o controlo da televisão feito pelo Sócrates e que tão pluralista é no seu programa.

Incomodado com aquela súbita aparição de um fantasma do passado, passei para a TVI 24 Horas, que neste momento tem fama de ser mais à esquerda do que a SIC Notícias. Quem comentava os últimos seis meses do Governo de Passos Coelho era Helena Matos, uma menina provocadora e reaccionária, que é contratada para desempenhar o papel que se espera que faça.

Mais uma vez incomodado, passei para a RTP Informação, estava um senhor, de seu nome Manuel Teixeira, que eu desconheço quem seja, que garantia, de forma atabalhoada, que o aumento das taxas moderadores no SNS era uma medida indispensável.

Desesperado voltei à reportagem. Puxava à lágrima, como era evidente. Quarenta e tal anos depois mostrar a alguém as suas imagens de quando era jovem é sempre comovente, ainda para mais, como nessa altura não havia gravadores de vídeo, os próprios nunca as tinham visto, só os seus familiares. No entanto, não talvez inocentemente, foi mostrado um grupo de soldados em que o sargento, provavelmente miliciano, cantava uma canção de Adriano Correia de Oliveira. Isto só mostra como o regime já não conseguia controlar os seus militares que, em pleno teatro de guerra, cantavam canções de quem a combatia. Faz-me lembrar uma história que o meu amigo Fernando Penim Redondo, do DOTeCOMe, costuma contar que, em plena guerra na Guiné, os soldados festejaram com grande alegria a morte de Salazar.

O regime estava já morto, mas agora querem-no fazer ressuscitar. O pluralismo na televisão é o que se vê, apesar da aparência democrática, anda tudo afinado pelo mesmo diapasão.

4 comentários:

Anónimo disse...

Você é muito esquisito..nada lhe serve. Emigrar talvez seja a solução. Sugiro: Cuba, Coreia do Norte, etc...

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Não costume responder a provocações. No entanto, abro uma excepção só para lhe perguntar se acha normal que há mesma hora todos os canais informativos tenham comentadores de direita ou, se quiser, apoiantes o actual Governo? A Zita Seabra é do PSD, a Helena Matos não sei se é do PSD ou não, mas que é de direita, e extremamente provocadora e reaccionária, não tenho a mais pequena dúvida, e o tal Manuel Teixeira fazia um comentário favorável às medidas do Ministério da Saúde. Acha isto saudável? Não se arranjava alguém, mesmo do PS, para comentar qualquer coisa. Eu sei que são todas independentes e pluralistas, pena é que caminhem sempre para o mesmo lado

Anónimo disse...

voce é um cretino. meta uma amostra sua na electroforese e ve que a banda mais longa é a da cretinice.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Bem sabia que não devia responder a provocadores.O mal foi ter-lhes dado confiança.