28/06/2009

Os novíssimos sectários



Para Tiago Mota Saraiva, desta vez cito-lhe o nome, não vá o “autor” ofender-se (ver aqui uma polémica antiga), o parágrafo inicial do referido Manifesto: “Estamos a atravessar uma das mais severas crises económicas globais de sempre. Na sua origem está uma combinação letal de desigualdades, de especulação financeira, de mercados mal regulados e de escassa capacidade política”, merece-lhe este comentário “Terá sido só isto? Já não é o sistema que provoca as crises para se reforçar, José Castro Caldas, Francisco Louçã, Ricardo Paes Mamede, João Rodrigues, Nuno Teles? O que mudou entretanto? É táctica política?

Voltando novamente a Carlos Vidal, noutro post: “o manifesto de economistas recentemente assinado por “socialistas” e “bloquistas”, com Francisco Louçã, mais cedo do que eu esperava, lá muito bem integrado.É um sinal para o futuro próximo. Uma estrela para guiar os novos magos: palavras para quê, é o manifesto dos “51″ em resposta em cima da hora e nos timings do PS ao manifesto dos “28″, desenvolvendo a agenda do PS: os chamados, pelo PS (!!), “investimentos públicos”!!!
Para não me acusarem de estar a desvirtuar o conteúdo destes post, macei-vos com esta prosa de blog, cheia de perguntas, pontos de exclamação e insinuações, que muitas vezes só os próprios e os amigos percebem. Para mim, que redijo longas laudas, muito bem explicadinhas, esta maneira de escrever é intragável. São gostos. Mas, o seu conteúdo é que interessa.
A verdade é que o que está aqui em causa é mais uma vez uma velha prática esquerdista de tentar meter tudo no mesmo saco. Como há economistas do PS e do Bloco a assinar aí temos a convergência do PS de Sócrates com o Bloco do Francisco Louçã. Está visto, mais depressa do que estas almas previam e gostavam que acontecesse, aí temos a aliança PS-BE.
São incapazes de perceber como esta junção de esforços entre gente de esquerda do PS com a “esquerda radical” (José Manuel Fernandes, do Público, dixit) do Bloco é importante, para romper os consensos neo-liberais e conservadores dos economistas do centrão. No fundo é a repetição do Trindade e da Aula Magna. Mas estes rapazes, com uma linguagem modernaça, convencidos que já não seguem os figurinos de antanho, recuperam a velha linguagem esquerdista: todos aqueles que em dado momento colaboraram em projectos unitários, que permitam subtrair à direita a sua influência ideológica, estão vendidos ao inimigo. No fundo, com a aparência de novidade, retomam o mesmo esquerdismo e sectarismo que em tempos atacou o “esquerdismo” português e que hoje, lamentavelmente, é apanágio do PCP.
PS. (28/06/09): Carlos Vidal volta novamente ao local do crime com um novo post sobre o Manifesto dos 51. Não o conheço pessoalmente, mas pela prosa parece-me um jovem intelectual pretensioso e convencido. E como todos os jovens desconhece que no fundo as ideias têm também um passado, uma história. E tudo o que ele diz não foge ao que diziam os nossos “esquerdistas” que no final dos anos 60 e princípio dos 70 se opunham ao PCP e à sua política de unidade com a pequena–burguesia, contra os monopólios, principal força de apoio ao fascismo. Achavam, que a luta se devia dirigir contra o capitalismo no seu conjunto e não contra os monopólios. Ser explorado por um grande ou pequeno-burguês era, para eles, a mesma coisa. Já se sabe que estas opções sociais e económicas correspondiam depois a escolhas políticas. Assim a luta pela unidade e contra o fascismo, correspondia para estes críticos à luta pela democracia burguesa e o que interessava era lutar pela democracia popular. Quer se queira quer não, estas velhas consignas “esquerdistas” estão mais uma vez implícitas na apreciação que Carlos Vidal faz do Manifesto dos 51. Mas isto digo eu que já há muitos anos conheço esta ladainha.
No mesmo blog, mas num post anterior, alguém que não sendo da minha geração, mas tendo a mesma origem política e fazendo um percurso, pelo menos, semelhante, diz, por outras palavras, o mesmo que eu. É o post de Nuno Ramos de Almeida, que juntamente com António Figueira, que presentemente não escreve sobre política, dão ainda alguma qualidade a este blog.

27/06/2009

Como se fossemos todos potenciais terroristas


Quando estava no activo, viajava frequentemente até Bruxelas, por isso fui assistindo aos logo dos anos às alterações das medidas de segurança que se verificavam nos aeroportos, incluindo o nacional.
Que eu me lembre, comecei por conhecer no aeroporto da Portela um controlo de segurança para cada conjunto de portas de embarque. Esse controlo era assegurado por polícias, um deles entretinha-se, entre dois dedos de conversa e uma pendidela de cabeça, a visionar ronceiramente a televisão que tinha à frente, onde se via o conteúdo das nossas malas, outro verificava se despejávamos devidamente os bolsos de moedas e da carteira para que o sinal de alarme não disparasse.
Depois do 11 de Setembro as medidas começaram a agravar-se. Assisti, ainda com os polícias a assegurarem a vigilância, à procura nas carteiras de senhora de tesourinhas e corta unhas e, nos homens, de pequenos canivetes. O trânsito ficou emperrado. Formaram-se bichas enormes junto de cada controlo de embarque. De certeza que houve aviões perdidos ou com atrasos consideráveis. Mas essa fúria passou. No aeroporto de Bruxelas comecei a assistir, quando a máquina apitava, à revista individual de cada passageiro. Uma vez implicaram com os pregos do tacão dos meus sapatos. Mas essa era mesmo assim uma fase civilizada.
Nos últimos tempos em que ainda viajei em serviço já se verificou a substituição dos polícias por seguranças contratados. O rigor começou a aumentar. Não tardou, que numa das vezes tivesse que passar no portal electrónico sem sapatos, só com meias. Situação extremamente desagradável, dado frio do chão e a sua sujidade.
Mas em 2005 deixei de viajar, reformei-me. Agora, para ir a Madrid, retomei novamente os caminhos do aeroporto. Já nem me lembrava como é que era a segurança e muito menos conhecia as últimas medias que tinham sido tomadas.
Presentemente, todos o passageiros são controlados numa passagem única, o que origina uma sensação de grande confusão. Por esse motivo acredito que os seguranças estejam sujeitos a grande pressão, visto ser enorme a quantidade de passageiros que têm que controlar nas horas de ponta. Mas o trato que nos dão é de nos considerarem potenciais terroristas, que ao primeiro descuido deles estaremos prontos a fazer-nos emular à bomba.
Na primeira ida para Madrid, esquecido de tudo o que já sabia sobre o controlo de segurança nos aeroportos, fui de peito feito. Tirei o casaco, pu-lo no tabuleiro, como vi toda a gente fazer e avancei resolutamente para a porta electrónica. Apitou. Como não vi ninguém a deter-me logo, pensei que não era comigo. Eis quando um segurança com ar imperativo me diz: “O senhor, faz favor.” Inocentemente perguntei: “É comigo”. “Com quem havia de ser”. Fiquei logo ao nível. Depois: “Ponha os braços no ar”. Pu-los. Começou a revista. Mas eu, a meio, lembrei-me que tinham ficado no bolso chaves e moedas. Baixei os braços e disse: “Já sei porque é que apita”. O que fui fazer, levei logo um raspanete por ter interrompido a revista. Desculpei-me. O segurança com ar severo, mas ao mesmo tempo permissivo, disse: “Um erro, qualquer um pode ter”. Fiquei esclarecido.
Depois foi a vistoria às malas de mão. A minha mulher tinha um medicamento para desentupir o nariz que tinha mais do que 100 ml, o limite máximo de líquido que se pode transportar num único recipiente. Depois de grande conversa, o segurança, com o aval do chefe e a seguir a uma demonstração pública da utilização do mesmo, lá transigiu e deixou passar o medicamento. É bom que se diga que a capacidade deste era de 125 ml e já não estava cheio. Depois virou-se para a minha espuma de barba que tinha 200 ml. Pensei que a tolerância continuasse. Nem pensar. Ficava já ali. Se quisesse que a metesse num envelope e a dirigisse por correio para casa. Custava de certeza mais caro do que a compra de uma nova. Lá vi tristemente a minha espuma ser levada, não sei para que sítio e para ser utilizada por quem.
Episódios destes com mais ou menos pormenores picarescos foram-se verificando sempre nas outras viagens. Por muito que eu pensasse que já sabia tudo sobre segurança havia sempre qualquer coisa que falhava ou que eu ignorava.
Triste sina a destes tempos modernos em que, apesar de terem sido abolido as fronteiras e os respectivos guardas alfandegários, espécie que eu abominava, continuamos, por razões que eu reputo obscuras e não verdadeiramente devidas ao terrorismo, a ser inspeccionados e aviltados na nossa mais íntima intimidade, que é o conteúdo dos nossos bolsos ou da mala que transportamos connosco.
Sei que para alguns isto não será problema, preferem viajar descansados – o que não me parece ser o caso – a serem tratados como potenciais terroristas. A mim, isto incomoda-me profundamente.

Fim de Festa


Por razões familiares e de saúde – lá fui mais uma vez a Madrid – não tenho escrito nada neste meu blog. Sei como a ausência de novidades determina imediatamente uma clara diminuição de leitores. É como se um jornal diário só saísse quando o seu director quisesse, rapidamente iria à falência. Aqui como não tenho custos, nada me acontecerá economicamente, mas de certeza que aqueles que me costumavam ler regularmente já nem se lembram de dar aqui um pulo. Dificuldades de quem não precisa da prosa para viver. Dito isto, passemos ao que interessa.

No post anterior fiz uma análise do resultado das eleições para o Parlamento Europeu. Afirmei que os resultados tinham sido mais graves do que eu desejava e, posso dizê-lo, previa. O PS sofreu uma derrota de que provavelmente já não se consegue recompor e aquilo que poderia ser intuído antes das eleições, mas que ninguém levava muito a sério, tal eram as certezas das sondagens, hoje passou a ser uma evidência. E estas coisas são como são, a comunicação social, os comentadores e todos aqueles que vivem da política perderam todo o respeito ao Governo de José Sócrates e, por tabela, ao PS. Sucede a este Governo como àqueles homens fortalhaços, que no fulgor da idade conseguem amedrontar todo o mundo e são os reis da sua rua, e que depois, quando a velhice chega, já só são objecto de escárnio e de desprezo generalizado. Assim está José Sócrates. Ainda há pouco tempo se dizia que estava imbatível, as sondagens davam-lhe quase a maioria absoluta, todos os comentadores opinavam que a dúvida seria se Sócrates ganharia com maioria relativa ou absoluta. E não é que depois das eleições já ninguém acredita que o Primeiro-ministro continue a sê-lo no próximo Governo.
Este clima já se respira em todo o lado, é o fim de festa socialista. Hoje, na SIC Notícias, foi Medina Carreira a malhar no Governo, à mesma hora ,Vasco Pulido Valente, na TVI, e no Expresso da Meia-Noite todos contra os disparates de Sócrates a propósito do episódio da venda daquela estação televisiva à PT.
Tudo isto me faz lembrar o final do reinado de António Guterres (2001), quando este, antes eleições autárquicas, que ditaram o seu afastamento, não tinha para onde se virar. Era a direita, mais o patronato, a atacar em força, o PCP a não abrandar a sua crítica – nessa altura ainda não havia um Bloco de Esquerda com a força que tem hoje. Neste momento a situação repete-se, já ninguém tem respeito para com José Sócrates, que de animal feroz passou ao velho decrépito do nosso exemplo.
Dirão uns que é cedo de mais para ditar a sua morte. Pode suceder. Mas tudo vai no sentido oposto.
Mas isto são só apreciações intuitivas, que nada devem à reflexão política. A verdade, é que em política nem tudo se resume a correlação de forças, à táctica e à estratégia prosseguidas. Há de facto percepções da realidade que nos podem fazer compreender melhor o sentido da corrente. Há alterações dos “estados de alma” que nos permitem intuir o que se passa. E hoje penso que Sócrates e o seu Governo estão em queda absoluta, que já é impossível corrigir a direcção e daí os disparates que começam a ser feitos, como este caso da TVI.
É evidente que isto pode ser mau para as forças de esquerda. A direita pode tomar o freio nos dentes e apoderar-se, além da Presidência, que já detém, da Assembleia da República, do Governo e das Autarquias. É um perigo real. E muitas vezes a queda do PS arrasta também a sua esquerda. Isso não está provado, mas às vezes sucede. A ascensão dos Governos de Cavaco Silva coincidiu com o fracasso do PS, mas também do PCP.
Por isso, para aqueles que possam embandeirar em arco com a derrota de Sócrates e do PS, há que tomar as devidas cautelas, porque não é garantido que isso seja no seu conjunto benéfico para a esquerda, à esquerda do PS. Podemos depois das eleições ter uma desagradável surpresa.
Verdade seja dita que tudo que está a acontecer ao PS é por sua exclusiva culpa. Que não diga que não foi avisado, que não atribua culpas à sua esquerda, que nunca abonou as más companhias com que andava. Não se pode redigir um Código Laboral como aquele que se aprovou ou manter a intransigência que se demonstrou com os professores e depois vir-se dizer candidamente que a culpa é da esquerda, que não se moderniza. Quando se está convencido que se tem o rei na barriga e que se pode dispensar as forças à sua esquerda, chamando-lhes totalitárias, extremistas e não democráticas, está-se inexoravelmente a cavar um fosso intransponível que torna impensável, na hora da derrota, contar com qualquer ajuda.
Nunca se aprende nada e cometem-se sempre os mesmos erros. Vamos a ver como vai sair o PS e toda a esquerda desta curva apertada.

08/06/2009

Em contra ciclo. A subida da Esquerda


No post em que declarava o meu sentido de voto escrevi: Se, como forma de protesto, o Bloco e o PCP tiverem muitos votos ou o PSD ganhar, ninguém se importa muito com isso. É mais um deputado num Parlamento tão distante, que nem percebemos qual a sua função. E a derrota do PS, para quem não é ferrenho deste partido, corresponde a uma suave alegria.
Quando escrevi isto não pensava que este meu desejo se iria realizar completamente. E foi tão exagerado o modo como se cumpriu, que hoje até tenho medo que o meu pedido tenha ido longe demais.
E porquê, sendo as eleições europeias uma disputa a feijões, era necessário mostrar ao Governo de Sócrates que ele não era benquisto e esta era a melhor altura para o fazer, dadas as poucas implicações que isso teria na real governação do país. Ora o que sucedeu foi que o trambolhão do Sócrates foi tão grande que nos arriscamos, contra o que se esperava, a termos a Manuela Ferreira Leite, do PSD, em Setembro, aliada ao seu parceiro de sempre Paulo Portas, do CDS. Este é um perigo real que resulta destas eleições. Se a votação do PSD não assusta ninguém, já a sua soma com a do CDS chega exactamente aos 40%, o que, entendamos, é bastante perigoso.
Por isso, tal como já tinha escrito, acho que o PS em Setembro deve perder a maioria absoluta e ganhar por um ou dois deputados, o que o obriga a negociar. Se o fizer à direita provoca a sua implosão, à esquerda, pode abrir uma perspectiva de solução para a crise. O Sócrates no entanto não pode continuar, a esquerda nunca o aceitará.

A derrota do Sócrates/Vital Moreira nestas eleições é de facto histórica só comparável aos resultados das eleições de 1985, em que o PS teve 20,77 %, devido ao aparecimento do PRD. Agora teve 26,57 %. Este resultado vem confirmar aquilo que era visível na população portuguesa, já ninguém suportava a arrogância deste Governo e do seu Primeiro-Ministro e apaniguados. A queda foi brutal e merecida, pena foi que os votos que perdeu não se deslocassem todos para a sua esquerda.

Um dos casos mais espantosos de actual situação portuguesa, que irrita toda a direita e a põe em pânico, é de que a fuga de votos do centro-esquerda não foi para extrema-direita, mas sim para a esquerda, à esquerda dos socialistas.
Fazendo umas contas simples verifica-se que as perdas do PS se distribuem igualmente pelos conjuntos CDS/PSD (cerca de 295 000 votos) e BE/PCP (cerca de 284 000), com grande significado para o primeiro partido deste último conjunto.
Verifica-se pois que a especificidade portuguesa, muito dela, ao contrário do que a afirma direita, que a justifica com o atraso português, devida ainda à herança do 25 de Abril, não tem permitido o aparecimento de uma extrema-direita, apesar do CDS a poder representar, e facilita o desenvolvimento e a manutenção de uma esquerda com projectos alternativos à lógica capitalista.
Por isso, lá ouvi mais uma vez o politólogo Maltez afirmar, na TSF, que Portugal se encontra infelizmente em contra ciclo em relação ao resto da Europa. E ainda bem. Ao contrário da civilizadíssima Europa, a solução para a crise não será cavalgada pela extrema-direita, mas sim, espero eu, pela esquerda anti-capitalista.

Não gostaria de terminar sem uma referência muito especial ao Bloco de Esquerda. Hoje este partido, e esperemos que se mantenha assim, é de facto um aglutinador possível para o aparecimento de uma alternativa à governação do bloco central.
Apesar de alguns defensores do PCP virem mais uma vez a falar dos grandes êxitos alcançados. O que vemos é este partido, não desaparecendo, como a direita gostaria que sucedesse, não ultrapassa uma mediania satisfeita. O seu crescimento é pequeno e anda há anos a tentar crescer qualquer coisa que se veja e não consegue. Por outro lado, a sua distribuição continua a ser extremamente regional. Tem força, como se viu nos distritos de Évora, Beja, Setúbal e até em Lisboa, onde ficou à frente do Bloco, mas no resto do país fica sempre atrás do Bloco. Hoje, este partido não só tem vindo a subir significativamente, agregando grande parte da esquerda descontente, como se distribuiu igualmente por todo o país. O Bloco, ao contrário do PCP, pode ser hoje um pólo agregador de um conjunto de cidadãos que, não se revendo nas políticas neo-liberais dos governos do bloco central, querem uma saída de esquerda para esta situação. Esperemos que o PCP compreenda alguma vez isto e que o seu tempo, como o grande partido histórico da esquerda em Portugal, está a passar e que novas esquerdas, mais dinâmicas e sem o peso do passado, o estão a substituir. Por isso o passo no caminho da unidade é indispensável

06/06/2009

O dia seguinte


Não seguindo a “convicção democrática” do Vítor Dias do blog Tempo das Cerejas vou falar, mesmo em dia de reflexão, dos resultados das eleições de amanhã. Podia explicar porquê, mas parece-me óbvio não seguir aquela convicção.
Nuno Ramos de Almeida no blog 5 dias, num pequeno texto, a que chamou Ilusionistas de Gravata, escreveu: Vamos assistir no domingo a um excelente exercício de magia: vão garantir-nos que perder três ou quatro deputados, em relação às anteriores europeias, é uma grande vitória. Vão convencer-nos que ter trinta e poucos por cento é a antecâmara da maioria absoluta mais do que certa. Vai uma aposta? Não podia estar mais de acordo com este pequeno apontamento. E mais, não vai ser só na noite das eleições. A operação já começou. Basta ter visto o debate que decorreu na sexta-feira à noite na SIN Notícias, para se ter percebido o seu início.
Mario Bettencourt Resendes deu o tom, mas o seu tradicional opositor, Luís Delgado afirmava, tal como Passo Coelho, que Paulo Rangel tinha obrigação de ganhar. Havia condições para o fazer, mesmo que perdesse por poucos era uma derrota, que fazia prever uma outra muito maior em Setembro. A fúria foi tão grande que me pareceu que esta figura já estava a fazer a cama à Manuela Ferreira Leite.
Por isso já antes das eleições se começa a preparar a opinião pública para que se o PS vencer, nem que seja por mais um voto, é já uma grande vitória, visto que, e a comparação foi muito utilizada, o PS nas últimas eleições europeias, porque estava na oposição, tinha infligido uma grande derrota a Durão Barroso. Por isso, nunca se comparará os resultados que cada um dos partidos, PSD e PS, tiveram nas últimas eleições europeias, mas sim que quando há crise, e estamos sempre nela, o principal partido da oposição tem obrigação de ganhar por muitos este tipo de eleições. Assim fazem política os nossos comentadores.

"Radicalismo extremista"


Já estou como um dos participantes do Eixo do Mal, da SIC Notícias, que passa horas a ver televisão e a ler jornais, penso eu, para se inspirar para o Inimigo Público, a página humorística do Público. Por sinal não lhe acho grande graça.
Pois eu, no meu afã de estar a par de tudo, não gastando tantas horas, lá vou papando programas infindos de informação e comentário político.
Vem isto a propósito de uma frase que ouvi ontem na Quadratura do Círculo, também da SIC Notícias, ao António Costa, e uma parecida, que escutei a um politólogo, hoje profissão muito em voga, que me pareceu chamar-se Maltez.
António Costa no debate que ontem travava com Pacheco Pereira acusava o PSD de, ao não privilegiar uma alternativa ao governo de Sócrates, deixar que os votos de protesto fugissem todos para o radicalismo extremista. O politólogo falava, a propósito de sondagens, das percentagens de votos atribuídas à esquerda revolucionária.
O caso de António Costa parece-me perfeitamente espantoso. Depois do ataque desferido no Congresso do PS ao Bloco de Esquerda, assisti numa Quadratura do Círculo ao riso alvar de todos os intervenientes a propósito dessas afirmações, que naquele debate foi o único momento em que todos estavam de acordo.
Ontem, en passant, sem nenhuma ênfase especial, lá veio o classificativo, que ou é sincero ou serve unicamente para que o público bem-pensante, que o está a ver, o leve a sério. Só não se percebe como é que esta personagem, que não tem qualquer rebuço em classificar os partidos à sua esquerda como radicais extremistas, quer depois na Câmara de Lisboa fazer alianças com eles. Como é que é possível nuns dias falar, de coração nas mãos, da necessidade das forças de esquerda se aliarem na Câmara para derrotarem a direita e noutros dias a sério ou em jeito de propaganda classificar os seus possíveis aliados de radicais extremistas. Alguma coisa não bate certo. É de certeza a pouca vontade de qualquer aliança para a Câmara de Lisboa.
Quanto à frase do politólogo, ela resulta de toda a conversa da direita. Esta não aprendeu nada desde os tempos do PREC, continua no mesmo esquema mental e de propaganda que sempre foi o seu. Tudo o que esteja à esquerda do PS, que proponha uma maior intervenção do Estado na economia, algumas nacionalizações, ou simples mudança de rumo, é revolucionário, extremista e incompatível com a nossa adesão à União Europeia, à NATO ou ao mundo ocidental.

Para combater estes preconceitos é pedido às forças políticas à esquerda do PS - no fundo, dando continuidade àquilo que Manuel Alegre admitiu como possível: dialogar à esquerda - um contributo, sem tergiversações, para um maior diálogo entre elas e capacidade para se apresentarem como alternativa de Governo. De facto, temos que deixar de ser força do protesto e elaborarmos um programa alternativo de saída para a crise. Esperemos por ele.

04/06/2009

As eleições para o Parlamento Europeu


Reparei ontem que estando umas eleições à porta ainda não me tinha pronunciado sobre elas. Há tempos tinham-me criticado por não ter manifestado nenhum apoio à manifestação da Inter. Justifiquei que a minha postura política pressupunha um claro apoio à manifestação e que, como não tinha havido nenhum debate político-ideológico que merecesse a minha tomada de posição, o meu comentário era desnecessário. Não sei se convenci o meu crítico. Mas a razão era de facto essa.
No entanto, em relação a umas eleições em que há diversos candidatos não posso admitir que à partida os meus leitores deduzam a minha intenção de voto, apesar de eu pensar que muitos já estarão a dizer: “olha este, está a fazer-se caro, vai votar no Bloco de Esquerda e ainda finge que temos dúvidas em quem vai votar”.
A verdade é que a minha decisão há muito que está tomada e por ser linear não me pareceu que fosse necessário explicitá-la, daí não ter ainda elaborado nenhum texto. Mas aqui vai um.

Hoje, penso que para à esquerda o inimigo principal é o José Sócrates e a sua clique. Emprego esta expressão datada, mas suficientemente explícita para designar aquilo a que me quero referir. E faço esta delimitação, porque considero que o inimigo principal nunca será o PS no seu conjunto, mas o grupo a que me refiro.
José Sócrates pela sua arrogância, autismo e pesporrência conseguiu criar na sociedade portuguesa um conjunto de anti-corpos difíceis de superar. Rodeou-se simultaneamente de um conjunto de apaniguados (José Lello, Santos Silva, Edite Estrela, etc.) que ainda o superam em antipatia pessoal.
Reconheço que a esquerda não deve ter ódios às pessoas, mas sim às políticas. O PCP e o Bloco referem-se constantemente à necessidade de uma nova política. Simplesmente eu entendo que se a política até agora seguida pelo Governo de José Sócrates foi de direita e mereceu, mesmo que encapotadamente, o apoio daquela área política, não deixa de ser verdade que ultimamente, num esforço para não se distanciar da esquerda, seja de Manuel Alegre, seja daqueles dois partidos, até tem tentado tomar medidas que parecem ser de esquerda. Simplesmente é tarde e provavelmente já não consegue convencer ninguém de que prossegue uma política de esquerda, nem vai retirar votos à direita, pois neste momento os eleitors desta área política pensam que está a seguir uma política demasiado de esquerda para o seu gosto. Por outro lado, José Sócrates, não prossegue unicamente uma política errada, a prática utilizada é perfeitamente repulsiva. Queremos correr com o Governo de Sócrates não só pelas políticas que tem vindo a seguir, mas igualmente pela forma como actua. Isto implica não votar em Vital Moreira nestas eleições, que por sinal, num claro mimetismo com o herói dos seus artigos no Público, consegue ser tão arrogante como ele.
Por outro lado, nas eleições para o Parlamento Europeu o voto útil não é importante. Se, como forma de protesto, o Bloco e o PCP tiverem muitos votos ou o PSD ganhar, ninguém se importa muito com isso. É mais um deputado num Parlamento tão distante, que nem percebemos qual a sua função. E a derrota do PS, para quem não é ferrenho deste partido, corresponde a uma suave alegria. Uma forte alegria só acontecerá se perder por muitos a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas, mantendo-se no entanto à frente do PSD por um ou dois deputados. Mas isso é assunto para falarmos lá mais para o Verão.
Quanto ao voto no Bloco ou na CDU a situação é mais complicada. Ambos os partidos fazem parte do mesmo agrupamento político no Parlamento Europeu, apesar das suas posturas em relação à Europa serem diferente. Aqui, no entanto, a nossa opção tem mais a ver com as nossas preferências nacionais e com o modo como cada um dos partidos se posiciona para a resolução da actual crise sócio-política. E para mim torna-se cada vez mais claro que o Bloco e a sua área de possível convergência (PS de Manuel Alegre) começa a ser hoje, na sociedade portuguesa, a alternativa possível e politicamente consistente à governação de direita, seja ela protagonizada pelo PS-Sócrates ou pelo PSD/CDS. Hoje o PCP é um partido bloqueado, sectário, fechado sobre si próprio, incapaz de representar uma saída de esquerda para actual situação política. Lamento ter de dizer isto, sei que no futuro terá obrigatoriamente que ser parte de uma solução à esquerda, mas enquanto esta direcção e orientação política permanecerem, é impossível a sua colaboração numa saída e alternativa de esquerda.

03/06/2009

Há sempre um jornalista nostálgico do Império


Não tenho dado muita atenção a este movimento moderno de andarmos todos à procura das sete maravilhas de qualquer coisa. Parece que primeiro foram as do mundo e depois as de Portugal. Apesar do ar pomposo e de concurso televisivo que estas iniciativas acarretam, não sou contrário a elas, pelo menos dão alguma ilustração a quem as segue e permite, uma revisão actualizada de grandes obras arquitectónicas que fizeram época. É de facto uma iniciativa cultural que a priori não desprezo.
Desconhecia que estava em andamento uma nova iniciativa neste campo, mas todos os dias a televisão pública tem-se vindo a encarregar de nos mostrar mais um lugar por onde os portugueses passaram e deixaram obra. São as sete maravilhas de origem portuguesa no mundo. Vi com agrado as imagens e segui as descrições dos monumentos e a história da sua construção. Não me apercebi que a escolha estava programada para ser apresentada no dia 10 de Junho, em Portimão, com pompa e circunstância. Mas o mais grave foi quando comecei a ver as reportagens da Índia.
Sandra Felgueiras era a jornalista da RTP que fazia a reportagem dos monumentos que fomos deixando pelas antigas possessões que possuíamos na Índia. Até aí tudo bem, no entanto, para espanto meu não eram só os monumentos que nos eram mostrados, eram meia dúzia de indianos nostálgicos do Império, que cantavam canções portuguesas e se declaravam ainda a favor da manutenção da nossa presença colonial. A locutora embalada por estas personagens lá ia debitando textos patrióticos, relatando a resistência ao invasor indiano, como actos heróicos que deveriam ser assinalados. Só faltou condenar mais uma vez Vassalo e Silva, o último Governador da Índia, que, contra as ordens de Salazar, resolveu render-se, protegendo assim a vida dos seus soldados e das populações e por isso foi condenado como traidor. No entanto, passados estes anos sobre o fim do Império, uma jornalista vem louvar os indianos que ainda querem ser portugueses e o comandante de um navio que teria resistido ao invasor indiano. Deixámos os monumentos e as suas maravilhas, para nos afundarmos, quando menos esperávamos, na pior retórica nacionalista e patrioteira. Há sempre uma jornalista nostálgica do Império.
Imagem da Sé Catedral de Goa. Clique na imagem para aumentá-la.
PS. (03/06/09): Ainda este texto não tinha secado, como se dizia antigamente nos jornais, e já o Público na sua edição de hoje relatava a existência de um abaixo-assinado subscrito por diversos historiadores contra os textos que acompanhavam algumas das sete maravilhas de origem portuguesa no mundo. Referiam-se eles que algumas das construções tinham servido de apoio ao tráfego de escravos feito pelos portugueses e que esse relato estava omisso na história oficial que acompanhava a descrição de alguns dos monumentos. Vinha depois a justificação do historiador, que é o responsável científico pelo evento.
Sobre a parte propriamente histórica não quis, nem quero, pronunciar-me, já que não sou especialista na matéria, mas a priori, e conhecendo o pendor revivalista deste tipo de iniciativas, não me custa perceber as razões de tal abaixo-assinado. Pelo menos as reportagens televisivas que eu assinalei pecavam indiscutivelmente por um nacionalismo bacoco.
PS. (04/06/09): Estive a ler hoje no blog da Joana Lopes o texto dos peticionários. Fiquei tão impressionado com o que dizem, que desde já indico aqui o local onde o podem assinar, bem como aconselho os meus leitores a o fazerem. Eu já assinei.

02/06/2009

Uma ida a Madrid


Como já referi noutro post, por motivos de saúde tive que ir tratar-me a Madrid. Durante um mês andei a caminhar para aquela cidade e, por fim, cheguei mesmo a lá passar uma semana.
Já conhecia Madrid. Por cómico que pareça conhecia melhor Madrid entre os meus 8 e 10 anos, com vários regressos na adolescência, do que posteriormente, durante a vida adulta. Pois quando ia a Madrid era sempre de passagem, um pouco a correr.
E porquê? Por um lado os meus pais gostavam de viajar e por outro, a vida em Espanha, naquela época, era muito mais barata do que em Portugal. No início dos anos 50 do século passado, com a peseta a 70 centavos e depois a 50, a classe média baixa podia dar-se a luxos que em Portugal não podia usufruir. Por isso, naqueles anos juvenis, todos os Verões, ia dar uma volta por Espanha, que começava ou terminava invariavelmente em Madrid. Instalava-me com os meus pais num hotel existente na denominada, na altura, Calle José António Primo de Rivera (antigo chefe da Falange e que foi morto no início da Guerra Civil), mas que os espanhóis nunca deixaram de chamar Gran Vía.
Nessa época, para quem a viveu, um hotel tinha pensão completa, almoçava-se e jantava-se no mesmo. Um miúdo da minha idade era incapaz de gostar daqueles pratos, pouco abundantes em conduto, onde uma posta de peixe frito vinha acompanhada de uma folha de alface e, vá lá, de alguma rodela de tomate. No entanto, deliciava-me, porque era diferente do que estava habituado, a substituição da sopa pelos hors-d’oeuvre, que eram um pouco uma introdução ao que mais tarde vim a conhecer e a apreciar, as tapas espanholas.

Os dias em Madrid estavam mais quentes que em Lisboa. Saía desta cidade com ligeiros abafos e tinha sempre que os tirar à chegada a Madrid. Quem fala do clima ameno da nossa cidade esquece muitas vezes que nem sempre é assim. Lisboa é uma cidade ventosa, onde lamentavelmente nem sempre é possível beber amenamente uma cerveja numa esplanada.
Para quem tinha que se deslocar todos os dias em Madrid a horas certas, os transportes funcionam bem. Tem logo um metropolitano, que nos leva do aeroporto, em poucos minutos, ao centro da cidade. Depois tem uma rede de metro que cobre toda a malha urbana e autocarros rápidos e com intervalos pequenos. Diria que foi possível cumprir os horários que me estabeleceram deslocando-me nos transportes públicos.
Fiquei impressionado com a quantidade de árvores existente em todas as ruas. Posso com toda a certeza garantir que as zonas verdes e a arborização são maiores em Madrid do que em Lisboa.
É evidente que Lisboa tem o Tejo, tem bairros mais antigos e vielas mais castiças do que Madrid. Esta não é uma cidade medieval, a zona mais antiga, a que envolve a Plaza Mayor, parece remontar ao século XVI e XVII. Mas a parte velha está muito bem conservada. Depois temos a Madrid do início do século XX, a Gran Vía, a Calle Acalá, com uma monumentalidade que Lisboa nunca teve e que só podemos encontrar, num modesto paralelo, na Avenida dos Aliados, no Porto.
Há no entanto uma coisa que me escandalizou nesta Madrid hodierna, é que não há no nome das suas ruas qualquer referência aos políticos republicanos. Não encontramos, que eu visse no mapa da cidade qualquer calle com o nome de Largo Caballero, Juan Negrín, os dois últimos primeiros-ministros do Governo republicano, ou Manuel Azaña, o último presidente da República, e, no entanto, encontrei ruas com os nomes de generais da insurreição fascista, o general Yagűe, o assassino de Badajoz, o general Varela, que ocupou com aquele a Estremadura espanhola, ou Moscardó, que resistiu no Alcázar de Toledo e que durante muitos anos, e não sei se ainda hoje, serviu para manter viva a “heroicidade” fascista. Permanece ainda uma Avenida Comandante Franco, o ditador. Apesar da Avenida Generalísimo Franco ter retomado o nome anterior de Passeo de la Castellana. Mantém-se igualmente ainda uma Avenida Caídos de la Divisíon Azul, que foram as tropas espanholas que combateram ao lado Hitler na batalha de Estalinegrado.
E num jardim, o Parque Oeste, perto da Praça de Espanha, encontrei um monumento aos Caídos do Quartel de la Montaña, com a data de 1972, antes da transição, e que era uma homenagem aqueles que iniciaram em Madrid a revolta fascista e que morreram, quando as massas populares os cercaram e derrotaram.
Sobre este episódio, e porque encontrei este texto na internet aqui vos deixo a descrição que dele faz Luís Buñuel, nas suas memórias denominadas O meu último suspiro (Distri Editora, 1983).
Em Julho de 1936, Franco desembarcava à cabeça das tropas marroquinas com a intenção firme de acabar com a República e de restabelecer a "ordem" em Espanha.
A minha mulher e o meu filho tinham voltado para Paris, um mês antes. Eu estava sozinho em Madrid. Uma manhã, muito cedo, fui acordado por uma explosão, seguida de muitas outras. Um avião republicano bombardeava o quartel de la Montaña, e ouvi também alguns tiros de canhão.
Nesse quartel de Madrid, como em todos os de Espanha, as tropas estavam detidas. No entanto, um grupo de falangistas procurara aí refúgio e já há alguns dias que os tiros partiam do quartel, atingindo os transeuntes. As secções operárias já armadas, apoiadas pelos guardas de assalto republicanos – força de intervenção moderna fundada por Azaña –, atacaram o quartel na manhã de 18 de Julho. Às dez horas tudo estava terminado. Os oficiais rebeldes e os membros da Falange foram fuzilados. A guerra havia começado.
” (Este texto seguiu a tradução da edição portuguesa. O texto da internet é uma tradução brasileira).
Depois desta minha revolta contra a ausência de qualquer toponímia republicana encontrei igualmente na internet este texto do El País que relata a votação que teve lugar no Município de Madrid, em Janeiro de 1980, sobre a mudança de nome de muitas ruas que ostentavam denominações do tempo da ditadura de Franco. O número de alterações pareceu-me modesto, vinte e sete ruas, tendo em atenção o verdadeiro culto da mudança toponímica do fascismo espanhol, sem qualquer semelhança como que se verificou em Portugal. Mas o mais grave foi que as ruas adquiriram os nomes que retinham em 18 de Abril de 1931, quando foi implantada a República. Ou seja, nada que lembrasse a República poderia subsistir em Madrid. Esta transição pacífica, que tanto agrada ao CDS, dá nisto, a memória de uma época continua a ser esquecida na recordação dos seus descendentes.
Fui consultar também na internet ruas com os nomes referidos, verifiquei, para minha alegria, que nos arredores de Madrid, provavelmente em algum município governado pela esquerda, os nomes daquelas personagens republicanas já apareciam e até o de Dolores Ibarrure, o que me deixou medianamente confortado.
A prosa já vai longa e noutra altura poderei acrescentar mais algumas reflexões sobre esta minha visita àquela cidade.
Fotografia de Largo Caballero e Santiago Carrillo na frente de Guadarrama. Clicar na imagem para a ampliar.